Enquanto no Brasil enfrentamos uma das maiores crises econômicas da história, do outro lado do oceano a Irlanda “samba na cara” dos demais países do bloco europeu, com uma economia que vem crescendo desde 2014.
No final de 2015, quando o CSO publicou números de um crescimento recorde, superior a 26%, os jornais internacionais acusaram a Irlanda de possuir uma “economia pra duende ver”. As críticas foram duras e, no geral, ridicularizavam os dados. Porém, pelo que anda repercutindo nos fóruns econômicos, a Irlanda, de fato, deu a volta por cima, com um crescimento econômico surpreendente.
Mas antes que você tenha a mesma reação duvidosa dos jornais internacionais anos atrás, vamos incitar a pergunta que não quer calar: Afinal, essa história de economia bombando muda o que na sua vida como simples intercambista no país? Será que os louros dos bons números na economia de fato impactam positivamente na vida dos brasileiros que, segundo dados oficiais representam a maior parcela no números de estrangeiros não europeus residentes no país?
Se tem um fator importante nesse impulso na economia irlandesa, sem dúvida é a boa parte das multinacionais que decidiram se instalar por aqui. No setor de tecnologia, não é nenhuma novidade, mas os investimentos não se limitam à turma de TI. O saldo positivo para os profissionais qualificados, fluentes e principalmente os que já possuem residência ou passaporte europeu, é elevado, uma vez que essas mesmas multinacionais procuram por profissionais multilíngues, inclusive fluentes em Português. Com isso, as oportunidades acabam refletindo nos estrangeiros, que naturalmente já possuem a vantagem de serem bilíngues.
Aí você, que acabou de chegar, nem sabe o que significa ter uma residência no país e muito menos possui um clã europeu na família! E agora? Essa economia em crescimento não serve para nada? É aí que você se engana. Quando a Irlanda estava no ápice da recessão, o setor conhecido como “hospitality” – aquele que emprega nos principais setores de turismo, como restaurantes, cafés, hotéis, lojas, serviços, etc., ficaram muito mais restritos. Com menos consumo, as demissões eram muito mais frequentes que as contratações. Nessa onda, as oportunidades para os estrangeiros também desapareceram. Se antes encontrar o primeiro job em euros demorava coisa de semanas, nos últimos anos teve gente penando até 3 meses para conseguir um trampo.
Na atual onda do crescimento econômico irlandês, o consumo aparece como uma das válvulas propulsoras do salto positivo. E claro, se os irlandeses estão consumindo mais, assim também será com o setor de turismo, que só em 2016 movimentou 8 bilhões. Consequentemente, surgem mais oportunidades nesses setores.
Outro ingrediente que você deve levar em consideração é o fato da Irlanda já apresentar problemas para atender a exigente demanda de mão de obra profissional. Sim, porque as multinacionais, sobretudo americanas, vieram de olho no incentivo fiscal. Porém, uma vez instaladas, elas também começaram a cobrar do país mão de obra qualificada e multicultural, já que grande parte das operações que elas produzem na Irlanda possui foco no bloco europeu e no continente africano. Com isso, a diversidade passou a ser a palavra de ordem não só no quesito linguístico, mas também na própria dinâmica cultural. Os setores financeiros, farmacêutico, de saúde e as seguradoras são os que mais investem na diversidade humana em seus offices. Sendo assim, estrangeiros são bem-vindos, sim senhor.
Você aí que está na Irlanda, presenciando toda essa movimentação e ainda não sabe como tirar proveito das oportunidades, a dica é: fique mais atento. Setores como ciências, negócios, finanças, artes e matemática estão sendo ampliados e existe muita carência. Isso porque durante o período de recessão, os irlandeses mais jovens partiram para destinos como Austrália, Nova Zelândia e Canadá, e agora muitos deles, já acostumados lá, não pensam em retornar. Dessa forma, são cada vez mais visíveis os incentivos para que profissionais dessas áreas, especialmente os jovens, se voltem para esses setores.
Foi nessa pegada que há alguns anos uma comitiva irlandesa desembarcou no Brasil em busca de parcerias com universidades e empresas, no intuito de promover esse intercâmbio. Do lado de cá, as universidades irlandesas também têm flexibilizado o acesso de estrangeiros em seus cursos – uma forma de suprir a necessidade emergente do país e possibilitar essa perspectiva multiculturalizada que tem se tornado uma realidade na Irlanda.
Então, se o seu desejo é ir muito além das aulas de inglês, considerar tais setores e investir na qualificação são caminhos possíveis para usufruir desse crescimento a curto e longo prazo.
Além de toda essa movimentação econômica dos últimos anos, apesar de ainda incerta, a posição da Irlanda junto ao bloco europeu, principalmente com a saída do Reino Unido da UE, pode maximizar ainda mais o bom momento irlandês. O primeiro fato se dá pela língua, uma vez que a Irlanda é o único país do bloco onde o inglês, a língua oficial do bloco, é presente na sua totalidade. Isso põe o país como primeira opção para sede de importantes conglomerados empresariais. Um bom exemplo foi o anúncio recente do Bank of America de que Dublin é sua primeira opção como endereço europeu – reflexo ao Brexit.
Do ponto de vista interno, o governo Irlandês tem investido massivamente em educacão, tecnologia e no intuito de atrair parceiros comerciais e mão de obra profissional para firmar a reputação do país nos anais da economia interna. E o Brexit, visto uma ameaça latente à economia irlandesa, segundo quem entende bem do assunto (e estou falando de uma turma de mais de 22 economistas que andaram investigando a alavancada irlandesa) acabará trazendo muito mas crescimento nos próximos dois anos.
Revisado por Tarcísio Junior
Imagens via Shutterstock
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