Ah, o intercâmbio! A gente embarca cheios de expectativas, medos, receios e achando que estamos partindo apenas para aprender um novo idioma. Ai, um bom tempo depois, a gente vai descobrindo que o inglês é apenas um entre os tantos aspectos do processo de amadurecimento que essa experiência nos proporciona. Pensando nisso, outro dia resolvi resumir em 8 pontos o que o intercâmbio na Irlanda me ensinou.
Quando eu cheguei no meu intercâmbio, tudo era novidade: a cidade, as novas amizades, casa, escola, uma nova rotina. A minha idade (cheguei aqui com quase 40) deixou de ser importante logo nas primeiras semanas, pois uma coisa que descobri logo de cara foi que aqui estamos todos no mesmo barco, seja com 18, 20, 30 ou depois dos 40 anos.
Passamos pelos mesmos perrengues na abertura da conta bancária, da documentação na imigração, busca por moradia, uma infinidade de coisas que só quem encara essa aventura pode descrever. Conheci muitas pessoas e me tornei best friends de tantas outras, de uma forma tão intensa e tão verdadeira que nunca havia me acontecido no Brasil.
O tempo passa e chega o final da primeira etapa, ou seja, as aulas acabam, o visto termina e aí surge aquela dúvida: renovar e ficar mais um ano ou retornar para casa? Desde o início, a minha primeira opção era a de renovar, por inúmeros motivos. Queria aprender mais a língua, juntar uma grana e viajar um pouco mais – e assim o fiz.
Nesse momento comecei a perceber que minha vida havia tomado outro rumo. Eu já não tinha mais medo do idioma e muito menos de me perder pela cidade. Renovar o visto significou me dar a chance de conhecer a cidade, não mais como um intercambista e sim como um morador. Aquele outono visto pela segunda vez, se tornaria ainda mais peculiar. Das portas coloridas às ruas da cidade, passando pelos moradores da vizinhança… tudo passou a ser muito familiar.
Ser intercambista na Irlanda me deu a oportunidade de aperfeiçoar mais o idioma, é verdade, mas, acima disso, me apresentou uma cultural riquíssima, novas formas de observar o mundo, de lidar com o outro. Acho engraçado quando consigo diferenciar o sotaque do inglês britânico, do escocês e do irlandês, algo que antes não fazia a menor diferença para mim.
Ir ao cinema e ver um filme sem legenda foi só um dos exemplos do quanto eu aprendi em tão pouco tempo. Sentar na calçada e bater papo com o vizinho, cumprimentar o atendente do supermercado ou o motorista do ônibus, ler um jornal local – tudo isso faz com que eu não me sinta mais apenas um intercambista.
Com o final de mais um ciclo, decidi renovar pela última vez. Eu sei que de um lado existe uma saudade imensa da família e dos amigos, porém, por outro, a oportunidade de poder viver tudo isso novamente é muito gratificante. Eu que cheguei receoso por ter me aventurado no intercâmbio com os pés nos 40. Hoje me sinto um menino de 20. É tudo tão intenso, tão novo, tão renovador, que o aprendizado vem sempre acompanhado de uma vontade louca de experimentar e se reinventar.
Foram tantas emoções vividas nesse tempo longe de casa, tanto aprendizado nesse curto espaço de tempo… Uma nova língua, uma nova cultura, um novo enxergar para as coisas mais simples da vida, que às vezes penso: como será o dia que eu voltar? Será que vou me adaptar à minha antiga rotina? Questionamentos que só serão respondidos quando esse dia finalmente chegar, mas até lá, aqui estou eu, com mais 8 meses de visto no passaporte e muita vontade de amadurecer, rejuvenescer e crescer mais e mais!
Sobre o autor:
Revisado por Tarcísio Junior
Imagens via Shutterstock
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