A corrida pela residência fixa em Dublin
8 anos atrás
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Os desafios daqueles que decidem encarar o intercâmbio na maturidade
Se você pensa que só chegar na Irlanda é difícil, você ainda não viu nada! Arrumar acomodação fixa, no início do ano acadêmico, por exemplo – que ocorre de setembro a outubro – não é tarefa para os fracos.
Eu, por exemplo, cheguei achando que seria eu que escolheria a acomodação que melhor se aproximasse das minhas necessidades, mas logo nas primeiras visitas percebi que não é bem assim que a banda toca, e que procurar uma casa em Dublin parece mais uma entrevista de emprego, pois quem escolhe, na verdade, não é você! Também percebi logo de cara, que nesse processo, não é só a idade que pesa, mas também como você se apresenta.
Mas posso dizer que tive sorte, pois consegui minha acomodação no último dia da minha residência temporária. Nem acreditei quando depois de 10ª entrevista recebi a mensagem dizendo que havia sido aprovado para aquela casa! Conheci várias pessoas que levaram semanas e até meses para encontrar a tão sonhada residência fixa.
Coisas que acontecem…
Uma colega de classe, após passar dias sendo entrevistada, foi aprovada para dividir quarto com mais duas meninas, mas ao chegar na casa com suas malas, viu que a escolha não tinha sido uma das melhores. No quarto destinado apenas para meninas, uma de suas novas flatmates estava dormindo com o “namorado”. Isso não fazia parte de seus planos e a mesma resolveu voltar para sua vaga temporária.
Outro caso foi de um rapaz que chegou na Irlanda cheio de expectativas para passar o período de seis meses, mas após ter visitado várias casas, passado por várias entrevistas e ter morado em várias vagas temporárias (aqui quando alguém viaja, aluga sua cama para cobrir as despesas do mês, ou seja, uma vaga temporária), sucumbiu à frustração e decidiu voltar ao Brasil. Esse é um caso dos mais extremos que eu presenciei, mas ficar de galho em galho não é uma situação confortável, principalmente em um país distante. Sem falar que nessa brincadeira gasta-se muito mais, e aqueles 3 mil euros que parecem uma fartura se dissolvem sem você ao menos perceber.
A realidade é dura…
Dada a minha experiência, recomendo fugir desses meses caóticos (set/out). Além dos brasileiros, muitos outros estudantes chegam à Ilha para estudar e fica realmente complicado encontrar o lar doce lar.
Começar a procurar logo nos primeiros dias também é super recomendado, pois nunca se sabe se você demorará alguns poucos dias ou semanas para encontrar o novo lar.
Fórmula certa? Desculpe amigo, não existe. Seja você mesmo e prepare-se para bater perna e receber muitos nãos nas “entrevistas”!
Pesquise, e muito. Infelizmente a questão de habitação na Irlanda tem sido um problema nos últimos anos e, com isso, é fácil encontrar casas repletas de gente ou em condições não muito ideais. Por isso, estar preparado para bater muita perna é importante.
Não achei que o fato de estar com quase 40 anos implicou nesse processo de busca por casa. Penso que seja aqui na Irlanda ou no Brasil, a estratégia será sempre a mesma: buscar por afinidades. A idade é apenas um fator entre muitos.
Não esqueça do boca a boca! Comunique a sua busca aos colegas de sala, parceiros de pubs, amigos de amigos, etc. Nessa hora da acomodação evitar os brasileiros é um erro, pois geralmente serão eles que irão te indicar a uma boa vaga. Acredite em você e tenha perseverança que a vaga vai aparecer, afinal de contas todos estamos remando na mesma direção.
Minhas dicas?
Considere seus limites! Se você é uma pessoa mega organizada, aceitar aquela vaga de quarto com mais dois pode ser um forte indicativo de problemas. Se você tem restrições com determinadas idades, não adianta aceitar aquela vaga com uma turminha muito jovem, pois as chances de conflitos serão grandes.
Lembre-se: ter um lugar agradável para viver durante esse período tão importante longe de casa é algo fundamental, então não se desespere aceitando qualquer lugar, pois pior que não encontrar uma residência fixa é ter que se mudar dela depois de alguns dias.
Chegue com a mente e o coração abertos. O intercâmbio tem tempo de começar e terminar, então encare esse processo de dividir casa como uma coisa pontual e algo que te ajudará a melhorar como pessoa no quesito tolerância e na convivência com o outro.
Esse texto faz parte da série Dublin para Maiores, assinado pelo nosso colunista Fabiano de Araújo e conta a perspectiva daqueles que decidem fazer intercâmbio na maturidade.
Sobre o autor:
Fabiano de Araújo é gaúcho de carteirinha, mas catarinense de coração. Formado em Comércio Exterior, trabalhou 10 anos com exportação. Um belo dia resolveu largar tudo e encarar um intercambio próximo dos 40 anos, como forma de entrar na melhor idade realizando sonhos. Amante por viagens inesperadas está sempre com uma mochila pronta para encarar desafios. Resolveu compartilhar de sua aventura com os demais por acreditar que nunca é tarde para realizar sonhos.
Revisado por Tarcisio Junior
Imagens via Shutterstock
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