A importância de deixar uma procuração no Brasil ao viajar

Quando decidi que meu destino seria na Irlanda, várias coisas passaram por minha cabeça. Eu ainda estava trabalhando e não tinha contado nada para meu chefe. Já queria tirar o sonho do intercâmbio do papel há algum tempo, mas comecei a procurar mais sobre o assunto e sobre valores em janeiro daquele ano.

Eu estava de férias e voltaria a trabalhar em fevereiro. Meu plano era deixar tudo pronto no segundo mês do ano e partir no começo de março. Claro que minha mãe e o pessoal da agência onde fechei a escola falaram que eu estava me precipitando demais e que não daria tempo de organizar tudo, mas eu não sei o que me deu, só sei que eu queria ir logo e nada nem ninguém conseguiu tirar isso da minha cabeça.

Até da acomodação de duas semanas eu abri mão. Não tinha mais vaga, já que eu queria ir antes do St. Patrick’s Day – claro. Porém, tudo ironicamente acabou dando certo: voltei de férias e conversei com meu chefe sobre a viagem e ele até me deixou trabalhar durante fevereiro inteiro, para receber uma graninha a mais. Parei de trabalhar uma semana antes de viajar.

E foi exatamente sete dias antes de embarcar para o melhor ano da minha vida que eu percebi quantas coisas eu tinha que levar e deixar. Quando pensei em me mudar pra Europa, na minha cabeça a única preocupação era: Ok, como farei para levar todas as minhas roupas e sapatos em apenas duas malas de 32kg? Mas foi só começar a arrumar tudo que vi que os detalhes da minha viagem iam muito além da bagagem.

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Eu tinha acabado de sair do meu emprego, isto quer dizer que eu deixaria dependências para trás, como documentos que precisariam ser assinados, por exemplo. Além disso, eu tinha vendido meu carro e precisava passá-lo para o nome do outro proprietário. Como fazer tudo isso se eu estaria enchendo a cara de Guinness na Ilha Esmeralda?

Conheça os modelos de procuração para cada caso antes de fazer a sua. Crédito: artem_furman/Depositphotos

Foi aí que meu pai me deu um conselho de ouro: “Filha, faça uma procuração de plenos poderes e deixe para sua mãe”. Se você está lendo isso e não sabe o que significa uma procuração de plenos poderes (como eu não sabia na época), aqui vai:  é um pedaço de papel que dará o direito da outra pessoa responder por você sobre alguns assuntos, inclusive judiciais.

Na minha cidade, a procuração de plenos poderes custou cerca de R$ 90. Eu e minha mãe fomos até o cartório e fizemos a declaração em menos de 30 minutos. E olha, querido leitor, foi a melhor coisa que fiz. Como comentei, eu tinha saído de meu emprego recentemente. Semanas depois – quando eu já estava em Dublin – eles me ligaram dizendo que eu precisaria ir até o escritório e assinar um documento para receber o que faltava – e olha que eu nem sabia que tinha dinheiro para receber!

Pois bem, com a procuração, minha mãe conseguiu assinar por mim, ir até o banco e me mandar a grana, que por sinal foi muito bem-vinda, já que eu não queria gastar os 3 mil euros até arrumar um emprego. Nada disso seria possível sem o tal documento.

Eu aconselho que antes de viajar você deixe uma procuração com alguém de confiança. A vida é burocrática e muitas coisas não se resolvem apenas pela Internet. Ainda mais assuntos bancários e judiciais, não é mesmo? Eu conheci várias pessoas na Irlanda que se arrependeram de não ter deixado um documento de representatividade no Brasil, inclusive pessoas que tiveram que voltar para casa para comparecer em audiências judiciais, por exemplo.

“Ah, mas eu deixei tudo certo, não tem nada para me preocupar”. Veja bem, querido intercambista, a vida também é cheia de surpresas e imprevistos e você aprende muito sobre eles morando fora. É sempre melhor prevenir do que remediar – ou melhor, como dizem por aqui, better safe than sorry!

Texto: Por Juliana Spinardi

A série Meu Intercâmbio conta com a colaboração do repórter Fabiano Araújo e tem o objetivo de dar oportunidade a estudantes que estão vivendo a experiência de intercâmbio na Irlanda, de contar suas histórias, alegrias e perrengues como intercambistas. Se você também quer compartilhar como tem sido a sua nova vida desse lado do globo, basta entrar em contato com: jornalismo@edublin.com.br

Revisado por Tarcísio Junior
Imagens via Shutterstock
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