Para celebrar a chegada da primavera, mais uma crônica de Lívia Alen. Happy Spring Season folks!
Há muito anos, entrevistei um norte-americano sobre sua experiência como intercambista no Brasil. Perguntei, na ocasião, sobre o que ele mais sentia falta nos EUA e a surpreendente a resposta foi:
– Estacionamentos!
Não entendi. Eram sempre cobertos? Tinham mais vagas? – quem vai aos shoppings no fim de semana perto de dia das Mães, por exemplo, sabe como muitas vagas podem fazer falta!
Ele, percebendo meu espanto, explicou:
– Primavera, verão…
Ele sentia falta das estações do ano. Continuei sem entender. Por que alguém sentiria falta disso? As estações do ano para mim eram divididas em: calor com chuva, calor com friozinho, calor não muito calor e muito calor.
Vez ou outra, me lembrava dele quando algum gringo me contava um caso e informava em qual estação do ano tinha ocorrido a história. Era algo como “a gente se conheceu no inverno” ou “no último verão fizemos uma viagem de carro”. Isso me surpreendia. Eu não entendia como a pessoa lembrava em que estação do ano aconteceu algo. Afinal, passei toda a minha vida sem me preocupar com essa informação. E também achava que não fazia muita diferença para a história.
Foi morando na Espanha, que percebi que estações do ano podem fazer diferença e serem diferentes. Lembrei-me do meu entrevistado ao ver pequenas flores surgindo em galhos secos depois de um inverno gelado. Junto delas, as temperaturas começaram a subir e as pessoas a sair mais de casa. Os dias começaram a ficar mais longos. A árvore em frente a minha casa se encheu de flores e eu ficava feliz a cada vez que abria a janela. Tinha chegado a primavera!
A primavera já chegou outra vez, mas agora aqui na Irlanda. Já não chove sempre e os raios de sol entram cada vez mais pela janela do meu quarto. A cidade, que eu via cinza, fica cada vez mais colorida. E me sinto mais feliz, mais viva, como se a primavera tivesse chegado em mim também. Outro dia vi um arco-íris. Era sinal de que a chuva, quase constante do inverno, começava a dar uma deixa para o sol. Achei tão lindo e tão mágico que agradeci por estar num país que tinha algo tão encantador como símbolo.
Agora eu já entendo do que o meu entrevistado sentia falta. Também gosto das estações do ano. Gosto de ver as mudanças na natureza e também como essas mudanças alteram a nossa vida. Muitas vezes, sinto falta do calor e do Sol todos os dias. Algum dia, talvez, eu sinta falta das estações arrumadinhas também, como o meu entrevistado.
Imagens via Depositphotos
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