A vida de quem é “Glúten Free” na Irlanda
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Quando batemos na tecla de que o intercâmbio é para todos, isso significa realmente para TODOS! Um exemplo disso se vê em algumas das perguntas que recebemos sobre o mercado “Glúten free” aqui na Irlanda, e se existe alguma dificuldade extra para intercambistas que necessitam desse cuidado com a alimentação. Para responder essa questão começamos explicando…
Conheça um pouco mais!
O glúten é uma proteína encontrada em alguns cereais, como o trigo, a cevada, o centeio, o malte e a aveia, e que causa grandes danos a quem é alérgico. As pessoas com esse problema são portadoras da doença celíaca que, em função de causar inflamação no intestino delgado, compromete as vilosidades responsáveis pela absorção dos nutrientes.
Ela pode ser descoberta em qualquer idade, com sintomas que incluem dor e desconforto no sistema digestivo, obstipação, diarreia crônica, atraso do desenvolvimento fisiológico em crianças, anemia e fadiga — embora seja possível ter sintomas que se desenvolvam de forma ramificada em diferentes órgãos. O importante, nesse caso, é que a pessoa se adeque a uma dieta 100% livre de glúten por toda a vida.
No Brasil já existem diversas comunidades, restaurantes e mercados preparados para atender esse público. Mas e aqui na Ilha Esmeralda? Como estamos em relação a esse tema?
A boa notícia é que a Irlanda já é considerada por muitos como o paraíso “Glúten Free”, isso porque o país apresenta uma boa conscientização sobre o tema e diversas opções para os celíacos.
Sites especializados
Criado por Derek Thompson, após ver sua esposa diagnosticada com a doença e sentindo na pele a dificuldade em encontrar restaurantes e mercados com produtos “Glúten free”, surgiu o “Gluten Free Ireland” — site que reúne desde restaurantes e locais para compra dos produtos até receitas e acomodações “Coeliac Friendly”, que oferecem cardápios desenvolvidos para quem tem o diagnóstico, além de pubs que trabalham com cerveja sem a proteína.
Esse é um trabalho realmente incrível, que cobre mais de 32 condados no país e que é de grande ajuda a quem precisa ter cuidados especiais com a alimentação por toda a vida.
Coeliac Society of Ireland (CSI)
A Sociedade celíaca da Irlanda (CSI) é uma instituição voluntária com base no Carmichael Centre, em Dublin 7. Ela existe desde 1970, fornecendo informações sobre a doença celíaca e dermatite herpetiforme (ambas necessitam da dieta “gluten free”) — onde encontrar alimentos sem glúten, informações sobre o estilo de vida das pessoas diagnosticadas, além, é claro, da oportunidade de os membros se conhecerem e compartilharem suas experiências e participarem de campanhas com ajuda do governo para sensibilizar a sociedade sobre o tema.
Atualmente, conta com mais de 12.000 membros em todo o país, incluindo pessoas com o diagnóstico na família, profissionais de saúde (GPs, médicos hospitalares, enfermeiros de saúde, nutricionistas, farmacêuticos), comerciantes do mercado “gluten free” (fabricantes, varejistas, restaurantes, cafés) e os envolvidos na prestação de alimentos sem glúten (hospitais e casas de saúde, escolas, cantinas de trabalho).
Blogs
Existem, também, diversos blogs que auxiliam os portadores da doença a manter a dieta de forma tranquila, além de ajudar a desmistificar o assunto. Por exemplo, o blog “Gluten Free Caitilin”, criado pela Donna. Ela foi diagnosticada há mais de 5 anos com a doença e se viu no meio da dificuldade em encontrar alimentos, receitas e restaurantes que atendessem sua necessidade. Entre os post publicados, ela monta um ranking dos melhores lugares, como no artigo em que conta “os 9 melhores lugares para ter um jantar glúten free em Dublin”.
Mercados
Assim como falamos, já existem diversos mercados que se adequaram e hoje oferecem sessões inteiras com produtos “glúten free”. Basta acessar os sites acima e verificar qual o mais perto da sua casa. O importante é saber que, assim como no Brasil, os produtos são, sim, mais caros do que os demais, mas também considerados de melhor qualidade.
O que dizem os Brasileiros?
Encontramos alguns intercambistas brasileiros que necessitam seguir uma dieta “Glúten Free” e pedimos que nos contassem um pouco sobre sua experiência.
“Eu tinha o objetivo de, assim que acabasse a faculdade, fazer um intercâmbio para aperfeiçoar meu inglês. Mas um dos meus medos era saber se o país que eu escolhesse teria produtos sem glúten, visto que sou intolerante a ele. Se a sua dúvida é a mesma e você pretende vir morar na Irlanda, eu tenho uma ótima notícia: aqui é o paraíso para os celíacos. Cheguei há apenas 3 semanas, mas já sei que a grande maioria dos supermercados dispõe de setores especializados em alimentos sem glúten.
E, pra melhorar, os produtos sem glúten são mais baratos, mais saborosos e com uma maior diversidade de alimentos em comparação ao Brasil. São pães, pastas, bolachas, cereais, macarrão instantâneo, doces, molho de tomate, massas para lasanha, panquecas, entre outros.
Se a sua desculpa de não fazer um intercâmbio é a doença celíaca, agora não é mais. Com certeza, encontrará mais opções de comida sem glúten do que nos mercados brasileiros. Sem falar nos restaurantes que também contam com opções para nós”. Guilherme Kretzer, 23 anos, estudante.
“Não sou muito fã de pães, prefiro bolachas e frutas sempre. Pão ‘glúten free’ experimentei apenas uma vez aqui, mas posso dizer que não era dos melhores. Era bastante duro e sem sabor, diferente do pão brasileiro que consumi algumas vezes, mas o preço é mais acessível. Já as bolachas são muito boas, tem de todos os tipos, inclusive uma com pedaços de coco que eu sempre ficava com vontade de comer no Brasil e não podia por conter glúten.
O que gostei muito foi a variedade absurda de produtos glúten free / lactose free que existem no país. É muito interessante ir ao Tesco ou, mesmo, às “health stores” e encontrar vários produtos à disposição por preços bem bacanas. Eles se preocupam bastante em atender todos os tipos de clientes.
Acredito que o maior problema continue sendo quando saio com amigos para algum pub, e todos pedem cerveja e eu apenas água. Apesar de já estar acostumado, é complicado, pois toda hora perguntam o motivo, e quando respondo olham com uma cara estranha por não saberem direito o que significa. Mas também já encontrei a solução: comecei a adotar uma estratégia diferente — a de que não bebo porque não gosto e, ultimamente, vem dando certo”. Jardel F. B., estudante há 4 meses vivendo em Dublin.
“Descobri minha intolerância ao glúten mais ou menos na metade de 2013. Então, isso já era uma preocupação antes de chegar a Dublin. Sempre tivemos uma alimentação extremamente saudável na minha família e minha irmã ainda é nutricionista funcional. Ou seja, todos já mantínhamos uma dieta no Brasil e não havia muita dificuldade para encontrar os produtos. Lá, o problema era o valor (muito caro) e a variedade.
Quando fechei o pacote para vir a Dublin, minha acomodação já estava inclusa num hostel e achei bacana, pois geralmente em hostel você pode preparar sua própria comida. Porém, o hostel onde fiquei hospedada não tinha essa opção, e foi bastante difícil achar lugares para me alimentar adequadamente, uma vez que não conhecia a cidade, e os restaurantes em geral só têm uma ou duas opções de comida sem glúten.
Foi então que pesquisei e encontrei o KC Peaches, que tem muita opções de comida boa e com toda a descrição dos alergênicos possíveis em cada prato. Aos poucos, fui encontrando outras opções no mercado. Assim que me mudei para uma acomodação fixa, eu me senti aliviada, pois pude começar a preparar minha própria comida e, depois de algum tempo, também encontrei várias lojinhas com muitas opções.
Apesar dos valores ainda serem um pouco mais altos do que os demais, acho que, por aqui, você pode encontrar mais opções, tanto de refeições quando de lanches rápidos”. Tainara Schramm Gonsalez, 28 anos, mora em Dublin desde o início de agosto/2014.
Confira também o video produzido pelo E-Dublin TV, que mostra como essa galera está fazendo para comer bem em Dublin!
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