O sonho começou no ano de 2014. Foi em uma viagem de carro feita pelo sul dos Estados Unidos, que o casal de filmmakers Diana Boccara, 29 anos e Leo Longo, 34, foram inspirados pela incontrolável vontade de viver viajando (quem nunca?).
A volta ao Brasil, que sempre é a parte mais inquietante daqueles que possuem sangue de aventureiros correndo pelas veias, foi de muito planejamento, para que uma nova viagem tivesse início.
A ideia principal do casal era unir o anseio de rodar o mundo com o que mais sabem e amam fazer: filmmaking. Foi depois de meses pensando em um projeto que fosse algo inusitado, independente e colaborativo que surgiu o Around the World in 80 Music Videos, uma volta ao mundo em 80 vídeos musicais sequenciais, produzidos exclusivamente por Diana e Leo, que são divulgados individualmente a cada segunda-feira.
O nome do projeto foi inspirado no famoso livro de Júlio Verne, “Volta ao Mundo em 80 Dias”. A ideia teve que ser pensada para ser executada por apenas duas pessoas, contando com a possibilidade de colaborações eventuais. “Com pouca grana e certeza nenhuma de que teríamos bandas que topariam participar, seguimos em frente”.
Para tirar o projeto do papel e dar início a essa que seria a vida do casal durante 18 meses, eles precisaram vender tudo o que tinham e juntar as economias que guardaram. Mesmo não sendo suficiente para bancar as 80 semanas do casal viajando pelo mundo, eles continuaram acreditando. Largaram seus empregos, recusaram tantas outras oportunidades e se dedicaram integralmente ao projeto ATW80.
Começaram estudando as cenas musicais de vários países para escolher cada destino, além de pesquisar sobre como entrar e permanecer em cada país, já que, à partir do momento que saíram, a ideia é não voltar para o Brasil.
Após tudo devidamente projetado, era hora de tentar “vender a ideia” para conseguir um patrocinador. Aí vem a parte triste: Ninguém acreditou no casal além deles mesmos. Após visitarem 200 marcas, não havia um centavo sequer de patrocínio para bancar a viagem.
Segundo Diana, após tudo formatado não havia espaço para desistência, porque o que eles tinham de sobra era coragem. Começaram a convidar bandas brasileiras, como Vanguart e Pato Fu, que responderam o “Sim” que encorajaria o casal a seguir em frente. “E aqui estamos nós, no Egito, com 29 clipes gravados”, conta Diana.
A produtora e também roteirista do projeto relatou à equipe do E-Dublin que o custo se resume a alimentação, hospedagem e transporte, já que a dedicação deles é praticamente integral ao ATW80. “Não temos regalia alguma. Aliás, vemos muito pouco dos países que visitamos, porque passamos a maior parte do tempo em casa, trabalhando, grudados ao computador e Internet”.
Após o projeto tomar forma e iniciar, em março deste ano, algumas empresas ofereceram parcerias na etapa Brasil e agora o casal conta com apoio de uma companhia aérea e de uma empresa de seguros de viagem.
Os países e as bandas foram escolhidos inspirados no cenário do Rock em cada destino. Como o projeto é voltado para a web, é importante que as bandas sejam ativas no universo da Internet. “Nós precisamos gostar da banda e das músicas que trabalhamos, pois este é um projeto colaborativo. É preciso acreditar no que estamos criando e por isso a importância da identificação da banda conosco – e a nossa com os artistas”.
Os clipes, que são em plano sequencial, ou seja, sem cortes, possuem envolvimento integral das bandas em todos os passos.
Segundo Diana, eles estão “criando uma nova forma de fazer filmmaking, onde o coração de tudo é a colaboração. Assim, estamos realizando a primeira série independente e global de videoclipes, em duas pessoas, mas com a colaboração de muitos artistas e amigos que fizemos pelo caminho. Criamos uma rede de colaboração pelo mundo, onde a troca não é monetária”.
A dupla faz tudo – desde criação, passando pela produção, gravação e edição dos clipes, além dos episódios “Behind the Trip”, que mostra os bastidores das gravações. “Tem sido uma experiência incrível criar tudo junto dos músicos. Essa união faz com que o nosso trabalho tenha muito mais significado para todos os envolvidos”.
Aqui na Irlanda o casal já foi notícia em websites como Joe, Meg, Hot Press e também na RTÉ. Diana conta que Dublin é a casa dos brasileiros na Europa e que contaram com uma importante participação dos brazucas ajudando nas gravações. Um dos videoclipes só foi possível devido à presença de 12 conterrâneos! “Sem dúvidas, Dublin foi o nosso Brasil, fora do Brasil”, conta Diana.
Para eles, o país foi inesquecível, principalmente pelo tratamento e receptividade que tiveram, tanto com as bandas irlandesas como com os próprios irish. Aqui foram gravados os clipes de Mick Flannery, Cry Monster Cry, Delorentos, The Coronas e Ham Sandwich. A maior surpresa foi com a banda Ham Sandwich, que entrou em contato com o casal 24 horas antes de partirem para o Egito e assim surgiu o último clipe no país. Foram cinco clipes gravados na Irlanda, passando por Dublin e Howth, onde o casal pôde conhecer um pouco da cultura irlandesa e viver um pouco da vida que muitos brasileiros vivem aqui diariamente.
A dupla continua sua jornada até setembro de 2016, com aproximadamente 10 países para percorrer – o que será um total de 80 semanas ou 18 meses. Até agora foram gravados 10 clipes no Brasil, em oito cidades. E já passaram por nove países, sendo eles Portugal, França, Suíça, Itália, Alemanha, Inglaterra, Escócia, Irlanda e agora Egito, onde eles estão atualmente.
Seu principal conselho para os casais que pensam em um dia viajar juntos ou realizar algum projeto pessoal é, primeiro de tudo, ter coragem. “Respeito é muito importante, afinal são duas pessoas e muito trabalho”.
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