Uma dúvida paira na cabeça dos cidadãos irlandeses e estrangeiros que vivem na ilha: será que haverá apagão na Irlanda durante este inverno?
A crise energética que atravessa a Europa tem afetado o bolso de quem mora em países europeus, principalmente aqueles que dependem mais de eletricidade e gás importados.
Uma das principais causas seria a Guerra na Ucrânia, que intensificou os bloqueios de importação e exportação de gás. A Irlanda utiliza gás para produzir cerca de 50% de sua energia, porém, não importa gás diretamente da Rússia.
Mesmo assim, a guerra influencia outros países que afetam a Irlanda indiretamente, colocando o país dentro da crise.
O edublin pesquisou alguns artigos publicados na imprensa irlandesa para responder a algumas perguntas sobre este assunto.
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A falta de produção ou importação de eletricidade necessária causam os apagões elétricos. Quem viveu o Brasil entre 2001 e 2002 lembra do racionamento de energia que causou os apagões por todo o país.
Um apagão é a forma mais grave de falta de eletricidade, que gera um colapso na rede elétrica por falta de abastecimento. Isso afeta a distribuição de energia em grandes regiões e por tempo indeterminado.
A Irlanda teve uma alta demanda por eletricidade nos últimos anos. Entre os motivos estão o aumento da população (hoje, mais de 5 milhões de habitantes morando no país), além da economia crescente, número de multinacionais, data centers e indústrias crescentes.
Vale lembrar do aumento de carros elétricos pessoais, no transporte público e também em empresas como An Post e empresas de delivery.
O uso de energia elétrica na Irlanda aumentou em 4,3% em 2021. Petróleo e gás natural representaram 45,8% e 31,4% da oferta de energia da Irlanda, respectivamente. A Irlanda importou 77% de seu suprimento de energia em 2021, acima dos 72,1% em 2020.
A energia renovável na Irlanda não tem uma porcentagem gigantesca: 11,8% do fornecimento de energia da Irlanda veio de energia renovável em 2021, em 2020 foram 13,3%.
A queda na participação das energias renováveis na eletricidade deve-se a uma combinação de períodos de ventos fracos ao longo do ano e períodos de pouca chuva para geração hidrelétrica
Apesar de ser um país onde se venta muito, a Irlanda ainda não é um país que ofereça energia eólica em alta quantidade. De acordo com informações da Wind Energy Ireland, a energia eólica forneceu 53% da eletricidade da Irlanda em fevereiro de 2022.
Esta é a maior parcela de demanda já alcançada pela energia eólica na Irlanda. Em setembro, o percentual foi de 24%.
É muito difícil afirmar, com certeza, se haverá ou não apagão na Irlanda. Porém, a Eirgrid, operadora da rede elétrica nacional do país, e do CRU é se preparar para os piores cenários.
Mas isso não significa que vai ter apagão.
O Eirgrid afirmou, no relatório de inverno (veja PDF aqui), que “não há risco de um ‘apagão’ em todo o sistema (uma perda total de controle do sistema elétrico) apenas devido à geração insuficiente na Irlanda ou na Irlanda do Norte sob quaisquer circunstâncias”.
Existe uma perspectiva de aumento de risco para paralisações esporádicas e específicas. Há uma expectativa de que o sistema entre em estado de emergência em alguns momentos, devido à insuficiência de geração disponível para atender a demanda.
Desde o início de 2020, cerca de 15 alertas já foram emitidos sob o risco de falta de energia elétrica.
O relatório observou que os consumidores de eletricidade podem ficar sem fornecimento por aproximadamente 4 horas durante o período de inverno.
A previsão é de que, se houver apagão na Irlanda, isso ocorrerá entre dezembro e janeiro, durante o tempo calmo, quando há pouca produção de vento, e entre as horas de pico das 17h às 19h, quando a demanda por energia é geralmente mais alta.
A Irlanda não pode contar com as importações do Reino Unido tanto quanto costumava. O East-West Interconnector é um cabo de eletricidade submarino que circula entre a Irlanda e o Norte do País de Gales, permitindo que a Irlanda receba eletricidade do Reino Unido durante os períodos de alta demanda.
No entanto, o Reino Unido, como a maioria dos países, tem passado por sua própria crise de energia ultimamente e não tem conseguido exportar eletricidade para a Iranda como acontecia antigamente.
Será que a Guerra na Ucrânia é motivo para apagão na Irlanda? A Irlanda usa gás para gerar cerca de 50% da eletricidade, de modo que a escassez de gás tem um impacto no fornecimento de eletricidade e aumenta o risco de apagões.
Porém, nenhum gás importado pela Irlanda vem da Rússia, mas a guerra pode influenciar outros países que influenciam a Irlanda.
Mas o maior problema da Irlanda é não ter geradores suficientes de energia. Ou seja, mesmo com gás suficiente para produzir energia para todo o país, a Irlanda ainda teria risco de apagão por não ter como produzir a energia necessária.
O ex-chefe do ESB International, Don Moore, disse sobre a crise energética na Irlanda:
“Não temos apenas uma crise, na verdade temos duas. Uma crise, com a qual o público está muito familiarizado e isso ocorre porque os preços muito altos do gás alimentam os preços de eletricidade, que estão muito, muito altos, e isso é resultado direto da guerra na Ucrânia. Mas há outra crise, que é totalmente local, e que é a geração a gás insuficiente no sistema.”
Algo que mostra como existe um risco de apagão na Irlanda é a preparação de empresas para o inverno irlandês. Entre elas está a Amazon, que está estabelecendo dois data centers na Irlanda, no norte de Dublin.
A Amazon solicitou uma licença de emissão à Agência de Proteção Ambiental da Irlanda (EPC) para instalar 105 geradores a diesel em seu novo data center. Eles devem produzir 674 megawatts de energia elétrica.
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