Tem um famoso ditado que prega o seguinte: “vivendo e aprendendo”. A cada novo amanhecer, temos exatas 24 horas para viver um novo dia – e o mais instigante dessa situação é que nunca um dia será exatamente igual ao outro. Para quem se aventura a sair do país, da comodidade e do conforto de sua casa, do trabalho estável e dos laços afetivos com amigos e familiares, rumo ao desconhecido, na maioria das vezes a experiência acaba trazendo mais aprendizados do que decepções.
Em muitos dos relatos de quem já viveu literalmente isso na pele, a sensação é sempre a mesma: nunca mais serei a mesma pessoa depois desta experiência. É como se um novo mundo de oportunidades se abrisse diante dos nossos olhos. Saímos da nossa zona de conforto para um campo de situações imprevisíveis, mas que tornam essa aventura ainda mais prazerosa. O segundo grande aprendizado surgiu justamente pela situação em que me encontrava na Irlanda. Foi aí que descobri a força e a fé imensa que existiam dentro de mim.
Dentre as principais vantagens, estão a troca de cultura, o aprendizado de um ou mais idiomas, a liberdade, o amadurecimento, o espírito de cumplicidade e de coletividade, que se torna mais aguçado, valorização das origens (mais do que nunca valorizamos o que tínhamos no passado) e da família, além do aprendizado de novas tarefas (muitas vezes somos obrigados a realizar trabalhos que nunca imaginamos fazer, ou temos que nos virar na cozinha pela primeira vez, sem a ajuda da mãe).
A goiana Lena Almeida, de 54 anos, é a prova real de que nunca é tarde para recomeçar ou correr atrás de um sonho. No total, ela ficou cinco anos em Dublin, mas, como ela mesma faz questão de frisar, é como se tivessem sido 20 anos, tamanha a complexidade de emoções que viveu nesse período. Apesar de ter voltado para o Brasil, ainda continua com o desejo de retornar para a Irlanda. E essa paixão a fez criar uma comunidade no Facebook (Apaixonados por Dublin), na qual posta diariamente notícias, fotos e curiosidades sobre a Irlanda.
“O intercambio me trouxe experiência na convivência e no relacionamento com pessoas de diferentes culturas . Eu também amadurecei em todos aspectos, principalmente no emocional e espiritual. Ele me fez ver que temos muito mais além do nosso mundo e que o horizonte é muito maior do que pensamos ser. Eu aprendi a me amar e a me conhecer melhor como ser humano”.
No caso da estudante de arquitetura Fabiana Pontes, seu tempo de estadia na capital irlandesa foi curto – apenas seis meses, mas isso não a impediu de vivenciar ao máximo essa experiência. Ela fez novos amigos, viajou, conheceu uma cultura totalmente diferente da brasileira e aprendeu ainda mais a respeitar as diferenças. “Foram os 10 meses mais inesquecíveis da minha vida. Nunca tinha saído da casa da minha mãe e morar com outras pessoas me fez amadurecer. Sempre fui meio mimada e um pouco individualista. De repente, tinha que dividir geladeira, armário, quarto… enfim, foi bem difícil”.
Apesar de ter encontrado trabalho rápido, mesmo sem falar inglês, um dos grandes problemas sofridos por Fabiana foi a exploração trabalhista, já que foi lesada em quase 1.000 euros pelo antigo patrão. Apesar dos pesares, as experiências positivas se sobressaíram. “Cresci como pessoa e como mulher”. No momento, ela se diz realizada por estudar o curso que sempre sonhou, mas confessa que gostaria de retornar para a Europa e trabalhar com arquitetura.
“Estou vivendo um momento muito feliz da minha vida fazendo a faculdade que sempre sonhei. Gostaria muito de um dia poder voltar pra Europa e trabalhar com a profissão que escolhi pra minha vida, que é Arquitetura. Faria tudo de novo. É uma experiência única”.
Revisado por Tarcísio Junior
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