O inverno é uma das épocas mais propícias do ano para avistar a Aurora Boreal na Europa.
A Aurora Boreal, ou The Northern Lights (luzes do norte), no inglês, acontece em decorrência de uma série de reações físicas e químicas que ocorrem na superfície da camada da atmosfera.
Simplificando o processo, o choque entre partículas de elementos solares (elétrons, prótons e neutros), chamados de plasma solar, com a camada magnética que protege o planeta da agressividade de partículas de ventos solares, acaba por liberar partículas desses elementos para o extremos dos polos.
Nesse percurso, os elétrons dos átomos de oxigênio e nitrogênio irradiam energia em forma de luz.
Resumo da ópera? Enquanto nós ficamos daqui embaixo admirados com o espetáculo natural, lá em cima, a magnetosfera está, na verdade, trabalhando feito uma louca para evitar que o plasma solar penetre na camada da Terra.
É sabido que a Aurora, quando ocorre no Hemisfério Sul, tem um nome diferente. Lá, ela é chamada de Austral e não acontece apenas na camada atmosférica da Terra.
Já foram identificadas a presença da Aurora em planetas como Vênus e Marte, e também estuda-se a possibilidade de Júpiter e Saturno produzirem o mesmo fenômeno.
Mas não estamos aqui para lembrarmos das aulas de química e, sim, para dar dicas de onde e como presenciar esse espetáculo da natureza. Afinal, como ver a Aurora Boreal na Europa?
Quer ver a Aurora Boreal na Europa? Viaje no inverno. Entre outros fatores, o fenômeno precisa de algumas condições para ocorrer, entre elas, temperaturas próximas de 0°C, céu claro e escuridão.
Por isso, a temporada de Caça às Auroras no Hemisfério Norte começa a partir de meados de setembro e segue até o final do inverno, em março.
A depender do destino escolhido, esse período pode variar um pouco, mas, em suma, programe-se para viajar durante o inverno europeu.
Os destinos mais populares para observar as auroras na Europa são: Rússia, Islândia, Finlândia e Noruega.
Na Islândia, por exemplo, os meses de janeiro e fevereiro, apesar de invernais, são prejudicados pelas questões climáticas, e o número de auroras diminui bastante. Para aumentar as suas chances, aposte em meses como outubro, novembro e março.
Além dos meses, leve em consideração, também, as fases da lua. Como a escuridão é fundamental para o fenômeno acontecer, a lua cheia dificulta ainda mais a sua visibilidade.
Leia também: Aurora Boreal – Quando e onde ver?
As “luzes do norte” são um fenômeno noturno, ou melhor, para ser observado necessita da menor ou nenhuma luminosidade. Sendo assim, a recomendação é: fuja da cidade para aumentar as chances de observar o fenômeno.
Como já citamos, ao contrário de outros destinos na Europa, Reykjavik é uma das grandes exceções quando o assunto é poder presenciar uma aurora nos arredores da cidade.
Mas a matemática é simples, além de outros fatores como céu limpo, temperaturas beirando 0°C e uma pitada grande de sorte, quanto mais distante das luzes da cidade, melhores são as suas chances de ver uma aurora com toda a sua força.
Leia também: Aurora Boreal – Quem é você?
Eu já contei aqui que uma das nossas gafes na caça à Aurora na Islândia foi ter passado batido nas duas primeiras vezes que a dona Aurora deu as caras. Uma delas, pecamos pela posição. Nos preparamos, os apps diziam que existia grande possibilidade de o fenômeno acontecer naquele local, KP relativamente alto.
Assim, entramos no carro, dirigimos uns 20 minutos para fugir de qualquer iluminação possível. Encontramos um encostamento em uma das margens do belíssimo lago Myvatn e esperamos. Esperamos, esperamos… 2h30 depois, sucumbimos e voltamos para o hotel.
Foi quando descobrimos que outros hóspedes tinham visto a dita cuja dali mesmo, há alguns metros da recepção. Onde pecamos? Não nos demos conta de que não basta olhar para o céu, tem que se posicionar para o NORTE.
Diz a lenda que já existe até app para tirar foto da Aurora no celular. Porém, se você espera captar às luzes do norte usando apenas as funções básicas do seu mobile, esqueça!
A verdade é que as Auroras movem-se e para captar uma imagem decente, a câmera precisa estar estática e isso raramente é possível sem o uso do tripé!
Você não precisa ser profissional, mas a máquina deve estar imóvel, em um suporte qualquer, e usar um setting apropriado para captar o movimento das luzes.
Outra dica de ouro é posicionar a câmera tendo sempre um elemento entre a câmera e a aurora. Pode ser uma árvore, uma montanha ou, mesmo, uma pessoa, o objetivo é dar a magnitude da aurora.
Profissionais no quesito caça à Aurora, o pessoal da Reykjavik Excursions nos deu algumas dicas de como captar a Aurora sem grandes problemas.
Anota aí:
A Aurora Boreal é um fenômeno imprevisível, dados os diversos fatores necessários para que ele ocorra. Sendo assim, quanto maior a sua estadia, mais chances de ter a experiência.
Em nosso caso, passamos 12 dias na Islândia, e só a observamos duas vezes e, mesmo assim, muito timidamente, já que não estávamos tão isoladas assim da cidade.
Nosso maior problema foi a falta de sorte. Nos 5 dias que passamos do lado Norte do país, o clima estava ruim e as nuvens persistiam. Por outro lado, recebemos alertas praticamente todas as noites de que a aurora tinha aparecido ao sul do país, sobretudo na região de Vik.
Não dá para prever ao certo onde a dona aurora resolverá dar o ar da graça e, muitas vezes, as distâncias são longas para se deslocar de um extremo a outro. Mantenha o olho no mapa, para se certificar da presença de nuvens e, consequentemente, da menor chance de uma aurora acontecer.
Leia também: Aurora Boreal em Abisko, Suécia
Ir à caça da Aurora Boreal na Europa é superpossível, porém, além de sorte, você vai precisar usar a tecnologia a seu favor.
Como já citei por aqui, presenciar o fenômeno é também uma questão de sorte, mas os recursos tecnológicos dão uma forcinha, com indicação da possibilidade de o fenômeno acontecer. Quais são eles:
Vamos ser honestos! Essa Dona Aurora é cheia de si e, para encontrá-la, é muito mais complexo do que parece. Então, organize-se para minimizar a grande possibilidade de voltar da Islândia sem vê-la. Nós bem que tentamos por, pelo menos, 5 dias caçá-la.
Não tivemos sorte! Ela parecia estar brincando de esconde-esconde e fugiu da gente até os últimos dois dias da nossa roadtrip pela Islândia.
Nossa dica é: aposte no tour guiado por uma das muitas agências espalhadas pela cidade logo na chegada da viagem. Nós reservamos o tour com a turma do Reykjavik Excursions nos últimos dias e, se tivéssemos essa experiência no início do nosso roteiro, certamente teríamos aumentado as nossas chances de presenciar o fenômeno em outras oportunidades.
Por que embarcar em um tour especializado faz toda a diferença? Primeiro, por que os islandeses conhecem na ponta da mão o temperamento da Dona Aurora e dão dicas importantes de como percebê-la, mesmo quando nossos olhos não conseguem captá-la.
Na primeira noite em que presenciamos o fenômeno, o céu nem estava tão limpo assim, e estávamos há apenas 45 minutos da capital Reykjavik, mas os guias supertreinados foram certeiros na localidade para estacionar os ônibus.
Foi também nas duas noites com a Reykjavik Excursions que descobrimos que, muitas vezes, quando fraca, a Aurora aparece muito discretamente e muito se assemelha a uma névoa translúcida. Foi o que vimos a olho nu na primeira noite em que a presenciamos, foi apenas quando a máquina foi disparada que as cores esverdeadas surgiram.
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