Brasileira diz ter sido agredida por ex-namorado irlandês em Cork

Brasileira diz ter sido agredida por ex-namorado irlandês em Cork

Rubinho Vitti

5 anos atrás

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Uma brasileira relatou ter sido agredida pelo ex-namorado irlandês na cidade de Cork, onde faz intercâmbio. Sarah Tavares fez uma postagem neste domingo, 24 de novembro, em sua conta do Instagram, mostrando imagens do seu corpo ferido pela agressão e um texto explicando o acontecido. Hoje, 25 de novembro de 2019, é o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, e o E-Dublin relembra como é possível denunciar esse tipo crime na Irlanda.

 

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[PARTE1] Estou escrevendo esse poste para alertar outras mulheres, sobre relacionamentos abusivos e dizer que qualquer mulher pode passar por essa situação. Pensei muito sobre postar essa triste situação, pois tenho vergonha, mas não devo ter vergonha, fui uma vítima. Como muitos sabem, vim fazer intercâmbio na Irlanda para estudar inglês, desde então conheci meu namorado, que é irlandes. Uma pessoa aparentemente alegre, educação, cuidadosa, mostrando me amar sempre, parecia que estava em um conto de fadas, me apaixonei e acreditei que tinha achado o amor da minha vida. Tudo perfeito, começamos a namorar, viajar, jantar. Até que começou os ciúmes. No início achava até fofo, pensava: ele está com ciúmes, ele me ama. Mas isso foi piorando cada vez mais. Começou pegar meu celular enquanto dormia, bloqueava pessoas e mandava mensagens sem minha autorização. Começava a discutir por nada. E depois falava que a culpa era minha. Antes ele sempre se mostrava tranquilo, que o importante era a pessoa ser feliz. Mas ele começou a implicar com minhas roupas, dizendo que queria chamar atenção de outros homens, que minhas blusas decotadas atraia olhares de outros homens e isso deixava ele nervoso. Que parecia que era roupa de mulheres que trabalhava com sexo. As ofensas e as pressões psicológicas que comecei a sofrer com o tempo foi me fazendo pensar que eu era errada. Mas não era. Acordava no outro dia e falava que não se lembrava porque estava bebado ou simplesmente pedia desculpas. Eu aceitava porque gostava dele. E sempre tinha esperança que não iria acontecer. Até que ele me agrediu pela primeira vez, porque ele ficou com ciúmes de um amigo, por quem ele conversou muito tempo, se mostrando simpático e amoroso. Nesse momento já estava me sentindo mal, tristeza e sem entender o porque disso tudo. Cheguei na casa dele, ele me bateu, apagou as luzes, porque dizia que não queria luz acessa, tentou quebrar meu braço, ameacando que se eu chorasse mais quebraria meu braço. Nesse momento me sentia tão vulnerável, sem acreditar no que estava acontecendo. Só me lembro de seu rosto segurando meus cabelos com aquele olhar de ódio… (continua)

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Sarah contou que conheceu seu namorado durante o intercâmbio que faz na Irlanda, morando na cidade de Cork. “Como muitos sabem, vim fazer intercâmbio na Irlanda para estudar inglês. Desde então, conheci meu namorado, que é irlandês. Uma pessoa aparentemente alegre, educada, cuidadosa, mostrando me amar sempre, parecia que estava em um conto de fadas, me apaixonei e acreditei que tinha achado o amor da minha vida. Tudo perfeito, começamos a namorar, viajar, jantar. Até que começaram os ciúmes”, relatou.

Leia também: Casos de violência sexual na Irlanda

Segundo ela, a partir desse ponto, a relação começou a ficar abusiva. “Eu aceitava porque gostava dele. E sempre tinha esperança de que não iria acontecer”. A primeira agressão teria acontecido por ciúme de um amigo de Sarah, mas ela acabou perdoando o namorado. “Acreditei que ele não iria fazer aquilo novamente, agi com o coração”, disse.

A segunda agressão teria acontecido no dia 19 de novembro, dia do seu aniversário. Ela relatou ele ter chutado, dado socos na barriga, nos braços, nos olhos e tapas. “Ele falava o tempo todo que eu merecia apanhar. Nesse momento, eu já não sabia o que fazer, o medo, a dor, a tristeza. Me sentia tão vulnerável, tão pequena.”

Sarah acabou saindo da casa no dia seguinte e fez a denúncia contra o agora ex-namorado. “Sinto que meu mundo acabou. Tenho medo, eu não durmo, acordo três vezes na noite, porque sonho com ele”, escreveu.

Como vítima, Sarah teve forças para divulgar sua situação na internet e está sendo apoiada por inúmeros seguidores. “Estou passando por uma situação que não desejo a nenhuma mulher. Por isso me sinto no dever de alertar. Ele sempre se mostrou educado e amoroso. Não se deixe levar por falsas promessas, por um sorriso, falando que vai te proteger. Nós mulheres precisamos de respeito, não de proteção de um homem.”

Como denunciar?

Recentemente, E-Dublin já publicou uma matéria falando sobre casos de violência contra a mulher na Irlanda. Segundo a Gardaí, em 2017, o número de casos registrados de estupro e violência contra mulheres foi de 655, ou seja, 144 a mais que no ano anterior. Mesmo assim, o número pode ser maior. O Rape Crisis Statistics and Annual Report 2015 estima que apenas 32% das vítimas reportam os crimes para a polícia.

Leia também: O que devo fazer se sofro ou sou testemunha de algum tipo de crime?

Para relatar crimes de qualquer tipo, basta ligar para a Garda: números 112 ou 999. A Irlanda possui ainda um contato específico para casos de estupro ou violência: 1800 77 8888. Além disso, o Women’s Aid também auxilia as mulheres que são vítimas de crimes. O número é 1800 341 900. Informações também podem ser acessadas pelo site Rape Crisis Help.

A segurança na Irlanda

Apesar dos casos de violência, a Irlanda ainda é apontada como um país seguro para viver. Segundo o site Safearound, os números são baixos para todos os tipos de crime.

No caso da violência contra a mulher, o site diz que o país apresenta os mesmos níveis de segurança dos principais países da Europa, Austrália, Canadá ou EUA. “No entanto, os crimes de motivação sexual têm aumentado na capital e em todo o país”, afirma o site, deixando a recomendação de tomar precauções de segurança normais e evitar visitar bairros remotos tarde da noite. No caso específico de Cork, o site afirma que a cidade tem nível baixo de crimes, mas que alguns locais devem ser evitados, como Anderson’s Quay e a área da Fitton Street.

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Rubinho Vitti, Jornalista de Piracicaba, SP, vive em Dublin desde outubro de 2017. Foi editor e repórter nas áreas de cultura e entretenimento. Também é músico, canceriano e apaixonado por arte e cultura pop.

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