Erika Guimarães Fonseca, brasileira de Niterói, moradora de Dublin, estava no voo FR7312, da Rayanair, com destino à Zadar, na Croácia, que precisou fazer um pouso de emergência em Frankfurt, na sexta-feira (13) à noite, após despressurização da nave.
Ela estava indo para aquele país com o intuito de assistir à final da seleção croata na Copa do Mundo, que ocorreu no domingo. Erika relatou os momentos de desespero que passou durante aproximadamente dez minutos de pane.
Segundo a imprensa irlandesa, o avião despencou 6.000 km durante a pane.
O voo com destino à Croácia saiu na sexta-feira, por volta das 20h30, do Dublin Airport. Erika relatou que a pane começou após pouco mais de uma hora de viagem. “Eu estava dormindo e acordei com a aeromoça servindo bebidas e comidas para os passageiros quando, de repente, caíram as máscaras de oxigênio”, relatou.
Segundo ela, momentos depois, começou a sentir dores muito fortes nos ouvidos. “Comecei a me contorcer e achei que eu teria um derrame cerebral, minha cabeça parecia que ia explodir. As crianças que estavam no avião começaram a gritar, dizendo ‘pai, por favor, não quero morrer’. Muita gente estava gritando”, disse.
Além da dor, Erika disse que sentiu muito frio e falta de ar. “Não tinha ar para respirar fora das máscaras. Percebi que não conseguia respirar direito e tentei ficar calma cantando uma música gospel”.
Ela também reparou que sua máscara e sua roupa estavam com muito sangue que havia escorrido pelo nariz. “Eu sabia que tinha a chance de morrer. Foi horrível!”.
Quando o voo estabilizou, Erika não conseguia ouvir mais. “O piloto estava falando alguma coisa, não conseguia entender. Muitas pessoas estavam assim dentro do avião”.
Assim que o avião pousou no aeroporto Frankfurt-Hahn, por volta da meia-noite, Erika disse que a tripulação orientou os passageiros que precisassem de cuidados médicos a sair primeiro. Ela foi a primeira a deixar o avião, já que tinha perdido muito sangue.
Foram cerca de 30 pessoas encaminhadas para o atendimento médico. Segundo Érika, ela era a única brasileira entre muitos croatas e irlandeses. “Muita gente estava sem escutar, mas não foi ao atendimento médico, pois os enfermeiros disseram que se fosse constatado algum problema no ouvido, eles não poderiam voar por semanas. Então, alguns preferiram não ser atendidos”, disse.
Segundo a brasileira, foram muitas horas para que houvesse o atendimento médico. “Até 3h50 eu ainda estava dentro da ambulância que ia levar ao hospital.”
Foi constatado que Erika tinha sangue no ouvido, assim como muitos outros passageiros. Segundo o médico que a atendeu, ela deve esperar até quatros dias para que o sangue saia naturalmente dos ouvidos. Se isso não acontecer, ela pode precisar passar por um procedimento cirúrgico.
Erika reclamou sobre a falta de suporte da Ryanair, que não tinha funcionários disponíveis para orientações. Muitas pessoas estavam perdidas, com fome e sem saber o que ia acontecer com elas. “Fomos largados no hospital, que era a 80 km do aeroporto. Tivemos que nos virar para voltar ao aeroporto. Foi bem tenso. Só no começo da manhã eles disponibilizaram um ônibus com destino a Zadar, já que ninguém pode pegar avião por conta do problema no ouvido”, ressaltou. Foram cerca de 20 horas de viagem até a cidade croata.
Na Croácia, Erika desceu na capital Zagreb, por ter mais opções de hotéis, médicos e qualquer outro auxílio, caso ela precisasse. Ela disse estar melhor, apesar de ainda sentir dores nos ouvidos ao deitar ou mexer a cabeça. Segundo ela, a orientação da Ryanair é guardar todas as notas de gastos com hotel, transporte e outros, para que ela seja ressarcida. “Peguei o contato de todos os passageiros que foram para o hospital para um eventual processo em conjunto no futuro, se necessário.”
O objetivo de Erika era assistir ao jogo e celebrar com os croatas a chegada na final da Copa do Mundo. Porém, isso durou até antes do fim do primeiro tempo. “Senti uma dor muito forte e tive que sair para um lugar distante, onde eu não precisasse levantar a cabeça e não houvesse muito barulho. Precisei tomar cinco comprimidos para passar a dor naquele dia”, disse. Na segunda-feira, porém, ela conseguiu comemorar com a população e ver os jogadores.
Outra frustração é que, por conta do problema auditivo, ela não poderá realizar outro desejo: curtir a praia e mergulhar. Erika afirmou que ainda não sabe como vai voltar para casa, já que ainda vai passar por um médico a fim de avaliar o estado de seus ouvidos e ver se ela conseguirá embarcar em um voo de volta para Dublin. “Não quero nem imaginar entrar em um avião de novo.”
A Ryanair divulgou um comunicado no sábado de manhã sobre a pane no voo FR7312.
“Este voo de Dublin para Zadar (13 de julho) desviou para Frankfurt Hahn devido a uma despressurização a bordo. De acordo com o procedimento padrão, a tripulação implantou máscaras de oxigênio e iniciou uma descida controlada. A aeronave pousou normalmente e os clientes desembarcaram, onde um pequeno número recebeu atendimento médico por precaução. Os clientes receberam vales de bebidas e alojamento em hotel, mas havia escassez de alojamento disponível. Os clientes vão embarcar numa aeronave de substituição que partirá para Zadar esta manhã e a Ryanair pediu desculpa por qualquer inconveniente.”
Imagens via Dreamstime
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