Brasileiro arrecada 20 mil reais vendendo brigadeiros para estudar na Irlanda

O intercâmbio é uma experiência única que vai muito além de aprender um idioma. Para muitos é um sonho, um verdadeiro projeto de vida que, inúmeras vezes, parece distante ou, até mesmo, impossível.

Algumas pessoas, por outro lado, enxergam nos desafios uma oportunidade de tornar esses sonhos realidade e não medem esforços para isso. Hoje vamos inspirar você com a história de um brasileiro que teve uma ideia (deliciosa, diga-se de passagem) para conquistar o tão sonhado intercâmbio na Irlanda. Conheça os “Brigadeiros Sonhadores” e a receita de sucesso que vai muito além do leite condensado e do chocolate em pó.

“Eu não vendo brigadeiros, eu vendo o meu sonho. O brigadeiro vai de brinde”. Foi assim que o catarinense Francisco Bezerra, de 35 anos, conquistou a clientela e arrecadou aproximadamente 20 mil reais para fazer o intercâmbio na Irlanda.

As vendas começaram em maio de 2019, mas o sonho é antigo. Desde pequeno, Francisco sonhava em viajar o mundo e realizar um mochilão pela Europa. No entanto, a vinda dos primos Paulo e Jéssica para a Ilha Esmeralda, em janeiro de 2019, fez com que o “manezinho da Ilha” deixasse tudo para trás e mudasse os planos para algo ainda maior.

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“Eu sempre quis conhecer a Irlanda por conta da cultura mística do país. Quando meus primos falaram que iriam morar lá, eu logo me prontifiquei e disse que iria com eles. Eu juntei o útil ao agradável”, conta Francisco.

Criatividade, determinação e… brigadeiros!

Os primeiros brigadeiros saíram moles demais. Francisco não conseguiu vender, mas agradou a criançada. Imagem: Acervo Pessoal

Desde então, a meta passou a ser aprender inglês e morar por 8 meses em Dublin, mas, para isso, ele precisava conseguir o investimento necessário. Foi quando surgiu a ideia do “Brigadeiro Sonhador”. A primeira panelada não deu certo, mas se engana quem pensa que Francisco desanimou.

Os sobrinhos deram conta da tentativa frustrada que, apesar de não ter tido o ponto para enrolar e vender, ficou deliciosa. Depois disso, foi só sucesso. As vendas se iniciaram nos semáforos de Biguaçu, município do estado de Santa Catarina onde Francisco mora com seus pais, e posteriormente em lojas e praias da região.

Sempre muito animado e esperançoso, Chico, como é conhecido pelos amigos, invadia o trânsito com plaquinhas bem humoradas e um papo bastante persuasivo. Aos poucos, ele foi pegando a manha e conquistando os motoristas que aguardavam no farol vermelho e que se tornavam automaticamente co-autores de sua futura jornada na Ilha.

“Para quem vende na rua, o não é garantido. Eu tive que aprender a pegar esse não e transformar em um sim. Quando eu chegava com minha caixinha transparente, muitas pessoas já falavam que não queriam brigadeiro. E eu adorava, porque já respondia ‘eu não estou vendendo brigadeiro: estou vendendo meu sonho, ele custa 2 reais, o brigadeiro é um brinde’. Assim elas se interessavam pela história e eu conseguia a venda”, explica o catarinense.

Francisco contou com a ajuda de pessoas muito especiais

Francisco e a namorada Sabrina comemorando o St. Patrick’s Day, feriado tradicional na Ilha Esmeralda. Imagem: Acervo Pessoal

Toda a renda de Francisco vem dos brigadeiros, já que ele deixou seu último emprego como soldador em uma empresa de motor-home para se dedicar inteiramente à realização do intercâmbio. Mas ele não fez tudo sozinho. A namorada Sabrina Martins Mota não só o incentivou desde o começo, mas como também pôs a mão na massa.

“Ela vende os brigadeiros junto sempre que pode e foi a principal pessoa que me incentivou a não desistir do meu sonho”, conta Francisco.

Além da ajuda da Sabrina, de familiares e amigos, Chico optou por fechar seu intercâmbio com agência, garantindo, assim, mais um suporte para a realização de seu grande sonho. Depois de os primos contratarem a agência  CI Intercâmbio e Viagem, eles recomendaram que Francisco fizesse o mesmo. E assim ele fez.

O catarinense buscava mais segurança e agilidade no processo do pré-embarque, e isso foi não somente oferecido desde a primeira visita ao escritório da CI em Florianópolis, mas comprovado pelos primos. Não restaram dúvidas.

“Eu precisava de um serviço confiável e, até o momento, venho sendo sempre muito bem atendido. Nesta semana, vou ter o último encontro com o meu consultor, quando ele vai me instruir sobre os detalhes da minha chegada à Irlanda”, conta Francisco ansioso.

Apesar do sucesso nas vendas, ainda não é o suficiente

O lado empreendedor de Francisco surgiu também na Black Friday, onde rolou desconto nas vendas do brigadeiro, que custa normalmente 2 reais. Imagem: Acervo Pessoal

O ex-soldador ainda vendeu um carro para complementar a renda a fim de conseguir embarcar no dia 15 de janeiro. Porém, Francisco não arrecadou o necessário para a comprovação dos 3 mil euros, montante exigido pela imigração da Irlanda no visto de estudante. Por esse motivo, ele vai seguir vendendo os Brigadeiros Sonhadores até o último minuto.

“Eu continuo na luta. Como todo o rendimento vem dos brigadeiros, eu tive outros gastos pessoais para me manter nos últimos meses. Mas não tem o que me faça desistir”, garante.

Após ter um dos últimos cliques viralizado em um famoso grupo de brasileiros em Dublin no Facebook, foi criada também uma vaquinha online, feita por um dos próprios membros para ajudá-lo nessa reta final.

Vai ter Brigadeiro Sonhador na Ilha?

Será que os brigadeiros sonhadores vão conquistar também a Ilha Esmeralda? Na foto, Francisco e amigos. Imagem: Arquivo Pessoal

Sobre o futuro dos Brigadeiros Sonhadores aqui em Dublin, o catarinense ainda não tem uma resposta definitiva. Porém, como o sucesso foi grande, ele acredita que ainda há uma chance de continuar a produção por aqui.

“A princípio eu gostaria de focar nos meus estudos, já que tenho um nível bem básico de inglês e esse é o meu maior objetivo. Mas algumas pessoas compraram meus brigadeiros daí de Dublin mesmo, com o intuito de me ajudar. Então já sei que pelo menos uma panelada vai sair”, conta Francisco bem-humorado.

Na reta final, Chico tenta driblar a ansiedade focando no trabalho e lembrando sempre da sua trajetória de sucesso até o momento. Para os futuros intercambistas que deixam o sonho de estudar na Irlanda dentro da gaveta, o criador dos brigadeiros mais conhecidos de Santa Catarina tem um recado:

“Não importa o tamanho do sonho, mas sim o tamanho da força de vontade para realizá-lo. Essa é a frase que eu sempre levei comigo e me trouxe até aqui. Se a gente tem vontade para correr atrás, independentemente de sol ou chuva, a gente consegue”.

Larissa Fontes

Jornalista, geminiana e curiosa. Dona de uma mente inquieta num corpo semi-sedentário de 20 e poucos anos. Sobrevive à base de café, música alta e papos de boteco.

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