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Brexit: acordo pode sair nos próximos dias e afeta diretamente a Irlanda

Há quase um ano, o Reino Unido confirmava sua saída definitiva da União Europeia. O processo, chamado de Brexit — British Exit –, porém, ainda não chegou ao fim. Durante 2020, a nação insular comandada pela rainha Elizabeth II permanece parte do bloco de forma transicional até o dia 1º de janeiro de 2021.

Durante essa transição, o Reino Unido e a União Europeia precisam decidir se haverá um acordo comercial entre seus países. Já estamos em dezembro, pouco menos de um mês para o fim do prazo, e essa questão ainda está em aberto.

Mas de acordo com a imprensa irlandesa e britânica, essa novela, finalmente, está chegando ao fim. Nos próximos dias, o acordo poderá ser fechado. A pressão da UE cresceu e o bloco deu um prazo até sexta-feira para o governo do Reino Unido avançar definitivamente na questão.

Leia também: Brexit e Irlanda: entenda a saída do Reino Unido da União Europeia

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Brexit: Irlanda é uma peça-chave para acordo

A menos de um mês para encerrar a transição do Brexit, Reino Unido e União Europeia não fecharam acordo comercial e Irlanda poderá ser afetada. Foto: Dreamstime

O único país que faz fronteira terrestre com o Reino Unido é a Irlanda. Isso porque a Irlanda do Norte é parte da nação insular junto com Escócia, Inglaterra e País de Gales. E, como todo mundo sabe, a Irlanda do Norte é um pedaço da ilha da Irlanda, que é, majoritariamente, parte da República da Irlanda.

O Brexit elimina o status de livre comércio da Grã-Bretanha com os outros membros da UE, por isso, as tarifas devem aumentar o custo das exportações. Isso pode prejudicar os exportadores do Reino Unido e da Irlanda.

E como fica a exportação entre Irlanda e Irlanda do Norte? Essa é uma grande pedra no sapato e a falta de um acordo seria um pesadelo para ambos os lados.

UK pode quebrar Protocolo da Irlanda do Norte

Brexit: Irlanda e Irlanda do Norte são únicos países com divisão terrestre entre Reino Unido e União Europeia. deve aumentar com o Brexit. Foto: Dreamstime

Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido e responsável por dar andamento ao Brexit, criou o chamado “Protocolo da Irlanda do Norte”, negociado outubro passado como parte do acordo do Brexit que foi aprovado em 31 de janeiro de 2020.

De acordo com o protocolo, a Irlanda do Norte continuará cumprindo as regras alfandegárias da UE, o que tornará desnecessário o controle das mercadorias que viajam da Irlanda do Norte para a República da Irlanda.

Mas segundo o jornal The Guardian, “prevê-se que cláusulas incendiárias na Irlanda do Norte sejam incluídas se um acordo com o Brexit não for fechado na próxima semana”.

O ministro das Relações Exteriores da Irlanda, Simon Coveney, porém, afirmou que a ameaça de tal legislação “dificilmente é consistente com um governo que está procurando construir uma parceria positiva e um relacionamento futuro”.

Ele ainda disse que violar o protocolo seria por sua conta e risco do Reino Unido.

Ouça: O Brexit pode dividir a Europa? – E-Dublincast (Ep. 24)

União Europeia pede acordo até sexta-feira, 4 de dezembro

Se acordo do Brexit não for feito até sexta-feira, poderá não haver tempo hábil para aprovação até 1º de janeiro. Crédito: Freepik

Para ter tempo de avaliar e fazer uma votação entre os membros para aceitar ou não o que o Reino Unido propor, a UE deu um prazo de até sexta-feira, 4 de dezembro, para que o governo britânico entregue o acordo.

Isso, segundo reportagem do jornal Irish Times, evitaria que “uma grande interrupção do comércio em 1º de janeiro”, já que pode haver uma “imposição repentina de tarifas sobre o comércio que devastaria os exportadores irlandeses em apenas algumas semanas”.

Como qualquer acordo deve ser aprovado no Parlamento Europeu, a pressão está grande para que ainda nesta semana aconteça algum avanço na conversa entre o bloco e UK. Afinal, falta menos de um mês para acabar o prazo. Uma fonte disse ao Irish Times:

“Se não houver um acordo ratificado em vigor em 1º de janeiro, haverá uma grande interrupção comercial”

Um dos motivos das negociações estarem travadas, segundo o jornal, é por causa da pesca. “Cada lado está disposto a ceder apenas 20% dos estoques atuais para o outro”.

“A proposta de revisão do acordo, incluindo as quotas de pesca, em cinco ou 10 anos, tem sido discutido como uma forma possível de permitir que a UE aceitar um compromisso difícil no médio prazo”, diz o jornal.

 

Foto de capa: Christian Lue/Unsplash

 

Rubinho Vitti

Jornalista de Piracicaba, SP, vive em Dublin desde outubro de 2017. Foi editor e repórter nas áreas de cultura e entretenimento. Também é músico, canceriano e apaixonado por arte e cultura pop.

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