Carlingford: Descubra o que essa pequena vila do norte oferece
8 anos atrás
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Ao digitar no google a palavra “Ireland” e pesquisar por imagens, você ficará surpreso ao descobrir que o país não é feito só de pubs. Logo, paisagens vão saltar aos olhos retratando a imensa riqueza geográfica da ilha por meio de montanhas, vales, penhascos à beira mar e parques com grandes lagos. Agora imagine você caminhando através destes locais e se deparando com construções que o tempo tem se encarregado de manter em pé por séculos. São torres, muros, pontes, igrejas e castelos que te transportam para dentro de filmes da Idade Média. Enquanto você observar com atenção, é difícil não pensar em reis e rainhas, cavaleiros empunhando espadas e como devia fluir a vida no entorno destas estruturas ao longo da história.
O lugar
Motivado à ir em busca de lugares como os descritos acima, iniciei uma pesquisa que aos poucos foi me levando para o norte da ilha, próximo da fronteira com a Irlanda do Norte. Carlingford, uma pequena vila pertencente ao condado de Louth, na península Cooley, foi chamando minha atenção em função, não só da beleza natural, mas também do patrimônio histórico que lá existe. O lugar é conhecido entre praticantes de aventura devido ao grupo de montanhas que, além de oferecer trilhas de curta e longa distâncias, também possibilita a prática de mountain bike (downhill). Quanto ao fator histórico, a pequena vila, que hoje abriga cerca de mil moradores, iniciou seu desenvolvimento há cerca de 800 anos atrás, após a construção estratégica de um castelo às margens da praia, local que mais tarde passou a ser chamado de King John’s Castle. Além dele, Carlingford também guarda outras construções medievais como castelos de menor porte e um portão da época em que o povoado era cercado por muros de proteção, o The Tholsel é um dos poucos “portões de cidade” que podem ser vistos na Irlanda. Não menos importante, um grande monastério dominicano erguido no século 13 também se destaca pelo estado de preservação e beleza arquitetônica.
Cheguei em Carlingford num sábado típico de inverno, com chuva, vento e frio, dificultando meu principal objetivo, que era encarar a trilha que me levaria ao topo da montanha de Slieve Foy. Sendo assim, investi o restante do sábado em caminhadas ao redor do agrupamento de casas. Visitei o castelo do Rei João, que já não apresenta os mesmos detalhes do passado, apenas a sua estrutura de paredes, o famoso esqueleto. De qualquer forma a fortificação é de encher os olhos, principalmente com as pequenas frestas no alto das paredes que certamente serviam de ponto estratégico para arqueiros.
Após passar pelos locais históricos descritos até aqui, adentrei dois diferentes pubs para sentir a vibe noturna que possivelmente não existiria frente ao pequeno número de moradores que vivem nas imediações. Em pouco tempo percebi que estava enganado. Grupos de amigos circulavam de um pub para outro e, em alguns casos, um dos integrantes ostentava uma fantasia de destaque – tratava-se de uma despedida de solteiro. Achei estranho ver tanta gente casando naquele lugar tão pequeno. No dia seguinte fiquei sabendo que Carlingford é um destino tradicional daqueles que estão se despedindo da vida de solteiro. Também me foi contado que ali existem várias casas de praia, do mesmo perfil que temos no Brasil, onde os moradores aparecem poucas vezes durante o ano.
A trilha
Quando abri os olhos já na manhã de domingo, confirmei ser um sujeito abençoado ao ver um céu azul e alguns raios de sol que atravessavam a janela do quarto. Após um café de pedreiro, coloquei um sanduíche restante para dentro da mochila e parti rumo à escalada. Carlingford está localizada ao pé da montanha e chegar ao topo não demoraria muito, conforme a recepcionista do hostel disse. Ao chegar no ponto de partida, um marco informava três diferentes rotas, não pensei muito e passei reto. A caminhada iniciou tranqüila, onde a cada passo dado uma olhada para trás era necessária para conferir a beleza do lugar.
Nesta primeira parte do trajeto há um longo corredor de pedras que cruza através de algumas propriedades até chegar ao campo aberto. A partir daí, há marcos espalhados indicando a continuidade de cada trilha. Após cerca de 1 hora de caminhada, a subida começou a ficar mais íngreme e num ritmo mais lento. O sol que antes brilhava, agora estava coberto por uma família de nuvens. Para quem vive na Irlanda é fácil imaginar a força do vento que soprava naquela altura. A fina camada de grama que cobre a superfície de pedra acumulava muita água e dificultava mais ainda a subida.
Após cerca de 2 horas, cheguei ao penúltimo andar da montanha que mais parecia uma grande sacada de um imenso prédio. A velocidade do vento dificultava até a captação de fotos. Subir mais uns 20 metros não seria necessário, não naquele dia. Enquanto Carlingford aparecia lá embaixo, diversas montanhas podiam ser avistadas em um ângulo de 300º. Foi impossível permanecer naquela altura por muito tempo, o que provavelmente chegava a casa dos 550 metros, já que a altura de Slieve Foy é de 588m. Satisfeito com a oportunidade de observar tanta beleza de um ponto privilegiado, iniciei a descida por minha conta mesmo, já que saí da trilha e não pude mais encontrá-la. Não demorou muito, estava de volta ao pé da montanha onde alguns praticantes de mountain bike também deixavam o local. Passei no hostel, peguei a mochila e fui para a estrada arranjar uma carona até Dundalk, já que não há ônibus saindo de Carlingford aos domingos. Nem bem deixei a cidade e a carona surgiu graças ao Derek, um irlandês gente boa. Depois de uns 30 km de estrada e um bate papo sobre viagem, comida, trabalho e afins, fui deixado quase na porta da estação de ônibus onde 20 minutos mais tarde estava embarcando de volta para Dublin, com a sensação de levar na mochila mais uma grande experiência.
Sobre o autor:
Felipe Franco é gaúcho de Passo Fundo, jornalista, radialista e aprendiz da estrada. Cansado da mesmice dos Pampas, vendeu seu carro velho, juntou uma grana e mudou-se para Dublin, local onde tem aprimorado sua técnica de lavador de pratos e descoberto que dinheiro pode trazer alguma felicidade. Na Ilha desde janeiro de 2014, tem transformado experiências em textos e fotos que podem ser conferidos no seu blog Crônicas da Estrada.
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