Pelo terceiro ano consecutivo, o E-Dublin realizou uma grande pesquisa com brasileiros que vivem na Irlanda e aqueles que ainda estão no Brasil, mas têm interesse em fazer um intercâmbio no país.
O Censo E-Dublin 2021 recebeu 2.881 respostas enviadas por meio de um formulário online, que elencou questões voltadas a grupos de diferentes perfis, como aqueles que já estão na Irlanda (39% dos entrevistados), os que não estão na Irlanda (45%) e aqueles que já fecharam o intercâmbio, mas não embarcaram (16%).
Cerca de 60% dos que já estão na Irlanda chegaram nos últimos três anos (2018, 2019 e 2020) e 80% mora na capital irlandesa, Dublin.
Entre as novidades deste ano, o que se pode ver é que aqueles que vivem no país foram diretamente afetados pela Covid-19, como na realização de viagens e na hora de procurar emprego, e 65% deles receberam auxílio emergencial do governo.
A pandemia também afetou aqueles que não embarcaram, e esse item fez toda a diferença na pesquisa.
Com essas e outras respostas, é possível montar um perfil dos intercambistas e poder entender melhor inúmeras questões.
Nós selecionamos as informações mais interessantes do Censo E=Dublin 2021, neste artigo.
Como dissemos, 39% dos entrevistados já estão fazendo seu intercâmbio na Irlanda e, com suas respostas, puderam ajudar a entender alguns pontos principais da vida no país, como gastos mensais, trabalho, qualidade de vida, etc.
Vamos entender o assunto respondendo a algumas perguntas.
Segundo a pesquisa, existe uma boa distribuição na chegada de intercambistas brasileiros na Irlanda ao longo dos 12 meses do ano. No entanto, a concentração maior está nos meses de agosto, fevereiro e março.
A resposta pode estar em fatores culturais (após as principais comemorações no Brasil, como Natal e Carnaval) ou econômicos (recebimento de bonificações trabalhistas).
A maioria dos participantes da pesquisa Censo E-Dublin 2021 que já está na Irlanda não utilizou agências de intercâmbio para viajar. Foram 40% aqueles que escolheram serviços de uma agência.
Outros 15% responderam que a agência contratada encerrou as atividades.
A faixa de custo predominante de um intercambista varia entre 11 e 20 mil reais para a maioria dos pesquisados (39%). Outros 26% responderam que gastaram entre 21 e 30 mil reais para fazer o intercâmbio na Irlanda.
Vale considerar que muitos fecharam intercâmbio antes das grandes altas do euro, que aconteceram, principalmente, em 2021, o que pode ter ajudado a maioria a pagar um valor menor.
Leia também: Brasileiros na Irlanda: conheça detalhes da comunidade na Ilha
Entre o público que respondeu a pesquisa do E-Dublin e que já está na Irlanda, 41% têm Stamp 2, uma queda de 10% em relação à pesquisa de 2020.
Com a qualificação acadêmica dos residentes aumentando, foi observado o aumento de 26% na incidência do visto 1G (emitido para estudantes que terminaram uma graduação ou pós-graduação).
Assim, em termos absolutos, o visto Stamp 2 teve uma redução de 40% entre 2020 e 2021.
A pesquisa também perguntou ao intercambista brasileiro na Irlanda com quantas pessoas ele ou ela moram.
Foram 80% respondendo que a casa é compartilhada com até cinco pessoas, 17% disse morar em oito pessoas e 19% em nove.
Apenas 4% moram sozinhos!
Os gastos mensais do intercambista, em 2021, foram acima de 900 euros/mês para 22% dos participantes da pesquisa. Na sequência, a faixa 500 a 600 euros/mês aparece como 20% das respostas.
Isso indica um aumento no custo de vida em relação ao ano de 2020.
A pesquisa segue mostrando a tendência de que intercambistas brasileiros escolhem Dublin para morar (80%), com a maioria vivendo na região norte da cidade, com destaque para D09.
Dos 20% que vivem em outra cidade, esses moram em Cork (36%), Limerick (29%), Galway (15%), Bray (5%), e outras.
Uma grande parte dos intercambistas não conseguiu viajar em 2021 ou não realizou a quantidade desejada por conta da pandemia da Covid-19 (39%).
Outros conseguiram viajar, pelo menos, uma vez a cada três meses (18%), uma vez a cada seis meses (19%) ou uma vez ao ano (14%), uma vez ao mês (3%).
Foram 7% aqueles que responderam que não viajaram desde que chegaram à Irlanda.
Assim, é possível afirmar que 50% da audiência realizaram, pelo menos, uma viagem para fora da Irlanda.
Um destaque no assunto viagens é que, em 2020, 20% dos pesquisados responderam que nunca haviam viajado pela Irlanda.
Em 2021, o número caiu para 5%, mostrando que houve uma troca entre viagens internacionais para domésticas.
Assim como nas pesquisas 2019 e 2020, em 2021, o valor médio gasto pelo intercambista brasileiro na Irlanda segue na faixa de 101 a 200 euros/mês, com 50% das respostas.
Houve uma redução da faixa “menos de 100 euros/mês” em cerca de 10% e aumento da faixa “ de 201 a 300 euros/mês” em 5%.
Os participantes da pesquisa avaliaram vários itens sobre o cotidiano na Irlanda. Aqueles onde bom ou excelente somam mais de 50% das respostas foram:
A avaliação negativa principal dos intercambistas brasileiros na Irlanda é em relação ao sistema de saúde irlandês, com notas ruins e péssimas somando 46% das respostas.
Foram 79% dos participantes da pesquisa que responderam estarem empregados na Irlanda, com 21% desempregados. Apesar de a maior parte dos participantes da pesquisa estarem empregados, houve aumento de 2% no número de desempregados em relação a 2020.
Em termos gerais, em 2021 houve aumento da carga horária trabalhada. Destaque para as faixas de 26 a 40 h/semana (+5%), com 43% das respostas, e acima de 40h (+4%), com 13% das respostas.
O grupo classificado com full time também teve aumento percentual de 3% (total de 22%), acompanhando a tendência já observada em 2020.
O tempo de obtenção do primeiro emprego segue na faixa de 1 a 3 meses em 2021 para 37% do público.
Responderam entre duas semanas e um mês 27%.
Houve um ligeiro aumento na renda mensal do brasileiro residente na Irlanda.
Enquanto que, em 2020, a faixa principal foi “de 800 a 1.200 euros/mês” (25%), em 2021, a renda mais comum entre os participantes foi a faixa “mais de 2.001 euros/mês” (25%).
Uma das situações atípicas ocorridas ao longo de 2020 (e se estende em 2021) é o auxílio emergencial financeiro emitido pelo governo irlandês para indenizar aqueles afetados diretamente pela crise financeira causada pela Covid-19 e as medidas de controle do vírus.
Entre o grupo participante da pesquisa 2021, 65% confirmaram o recebimento do auxílio emergencial durante algum momento, seja pelo desemprego, seja por ter contraído a doença.
Os efeitos da pandemia também são responsáveis pela dificuldade em encontrar emprego na Irlanda (35%). Outro motivo (24%) é o nível de inglês.
A falta de garantias de que o intercâmbio na Irlanda poderá ser feito em 2021 fez com que muitos brasileiros ainda não conseguissem finalizar suas pesquisas. A culpa é da pandemia, mas também da falta de recursos.
Incertezas e instabilidade do momento socioeconômico global foi a resposta de 51% dos participantes da pesquisa. O custo do intercâmbio é responsável por 32% ainda não fecharem pacotes.
Entre aqueles que não fecharam o intercâmbio, cerca de 55% responderam que devem seguir o planejamento e 21% não têm mais a intenção de realizar a viagem.
A grande maioria dos brasileiros que querem ir para a Irlanda ainda é formada por estudantes (73%), mas houve um aumento em 3% dos brasileiros com passaporte europeu (8%).
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