Chegou a hora de dizer… Até logo!

Edu Giansante

16 anos atrás

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Tudo muito, muito estranho! Mas é assim que as coisas acontecem mesmo, mas o mais importante é o gostinho de quero mais no final, mesmo estando satisfeito.. é tipo um namoro bom, você se satisfaz, mas sempre quer mais.

Foram 10 meses e meio

  • 10 meses na mesma casa
  • Quinze dias na Host Family
  • 12 países
  • Mais de 20 cidades
  • Incontáveis amigos
  • Incontáveis noites (e dias) inesquecíveis (que são tantas que se confundem)
  • E aprendizados, ham! num dá pra falar, até umas palavras em POLONÊS eu comecei a arriscar

É difícil deixar tudo isso pra trás, ainda mais difícil que deixar a “terrinha amada”. Vir pra cá é difícil porque são os investimentos de uma vida, e voltar, é mais difícil porque é transformar em passado o sonho que os investimentos da sua vida realizaram.

Bom, depois disso, o que resta? Ficar pensando em como o passado foi bom? Também, afinal é algo grandioso, para muitos um sonho, para tantos uma aventura, e para os conservadores, até uma loucura! Mas se este foi um sonho, uma aventura, qual é o próximo desafio?

Depois de tanto tempo fazendo tanta coisa, conhecendo tanta gente, vendo tanta coisa, pensando em remoendo cada sentimento, vem o desafio de voltar para algo que não mudou, o que pode ser um choque grande, depois de tanta novidade. Pra mim, além de ter mudança do lado de cá, tiveram mudancas severas do lado de lá! É, pode acontecer, só pra facilitar ainda mais as coisas.

Se as coisas mais legais ao chegar é arrumar uma casa, e finalmente se instalar lá (por roupas no armário, fazer as primeiras compras, etc), com certeza a parte de abandonar isso também é uma das mais complexas. Todos falavam “janeiro é o pior mes para alugar a casa”… Ufa, verdade, foi só na última semana que conseguimos pretendentes e finalmente fechamos com novos inquilinos para nossas vagas – teremos nossos depósitos de volta. (não sabe o que é depósito? Veja no FAQ).

É o primeiro sentimento é isso “ufa, meu dinheirinho de volta”. Mas, logo que o alívio financeiro passou, caiu a ficha “não tenho mais casa”. Ai eu olhei ao redor, sentei… fiquei um tempo sem conseguir pensar em muita coisa, um aperto no coração. A casa, os flatmates, e as novas moradoras merecem uma festinha aqui, foi a conclusão… foi a tentativa de estender, e abrilhantar ainda mais o lugar onde passei tanto tempo e aprendi tanta coisa.

Fazer as malas de volta. Jogar aquela jaqueta velha fora, colocar a jaqueta nova no lugar. Ver umas camisetas encardidas (a gente aprende que as vezes a máquina não faz todo o trabalho), meias furadas, tênis rasgado. Olhar aquele monte de roupa que você nunca usou (basicamente bermudas e regatas hehe). Algumas que acompanharam em momentos mais especiais… Guardar cada souvenir comprado ou ganho na Irlanda ou em outros países.

Pedir as contas ou não pedir, que dia pedir? Essa dói também! Pensando o melhor dia para fazer… mas não porque precisa do trabalho até o último dia, mas porque é difícil mesmo deixar pra trás e falar “não quero mais”. São nos momentos de “despedida” que a gente resolve querer aquilo pra sempre… Mas o sentimento passa, ser garçom não é o que eu queria quando cheguei, mas foi bom, me desafiou… mas já tive minha dose por agora.

É um turbilhão de coisas… se despedindo de tudo e principalmente de todos que fizeram estadia tão importante. Pensando nas coisas e pessoas que ficaram no Brasil que desde já põe uma lágrima no canto dos olhos de quem te espera. Presente pra quem? Puts, preciso planejar meu mochilão (no meu caso, mochilinha).

No dia 17 de feveiro abandono solo Irlandês e chego em solo Brasileiro novamente, é oficial, definitivo, e ao mesmo tempo temporário. Vou passar o carnaval com os amigos. Tomar banho de cachoeira. Fazer / comer churrasco. Dirigir. Abraçar meus pais e irmãos. Beijar meus idosos: avó e cachorro =o).

Será que alguma coisa mudou do Brasil que deixei? Acho que não, mas tenho certeza que para mim tudo vai ter mudado, como se no escuro vestisse óculos de visão noturna e tudo ficasse verde. Verde porque é de esperança, pois agora eu sei, existem coisas diferentes, melhores (e também piores), e tudo depende do nosso querer. É o sentimento de otimismo, ao ver que o mundo tem infinitas possibilidades e se transforma.

Tudo que tenho a fazer agora é aproveitar os últimos dias, e continuar lutando pelo melhor, como sempre! Brasil, me aguarde, está voltando um Homero muito melhor do que o que saiu em Abril de 2008, até dia 17 =o).

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Edu Giansante, Fundador e CEO do edublin, Edu chegou na Irlanda em 2008, no ano pré-crise, pegou a nevasca de 2010 e comeu cérebro de cabra em Marrakesh. O Edu também é baterista da banda Irlandesa Medz.

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