Entre as mais interessantes e, muitas vezes, esquecidas nos roteiros de viagem para Portugal, está Coimbra. Cidade importante para o país, sendo uma antiga capital portuguesa, ela apresenta pontos interessantes de visita, desde o patamar histórico — com ruínas que datam de 2.000 atrás — e educacional, com a Universidade de Coimbra — até mesmo, a natureza e o turismo infanto-juvenil.
Além disso, é o maior município da região central do país. Com 319,4 km² e 143 mil habitantes, Coimbra multiplica sua população com estudantes que chegam todos os anos para estudar em sua famosa universidade homônima.
Apesar de ficar na área central do país, Coimbra está a menos de uma hora do mar, próxima das praias da Figueira da Foz e de Aveiro, outros pontos interessantíssimos para passeios de um dia.
As ruas de Coimbra narram sua história, seja pelas aventuras amorosas de Inês de Castro e Dom Pedro I de Portugal, seja pelo talento dos trovadores que cantam o puro fado nascido em suas terras.
Cartão-postal, a Universidade de Coimbra (UC) é a principal atração da cidade. Localizada no topo do morro onde fica o centro histórico de Coimbra, ela pode ser vista praticamente de qualquer ponto da cidade, com sua imponente torre.
Um passeio pelas redondezas da universidade garante estar em um local que já foi tomado no passado por diversas populações, como povos indígenas, romanos, muçulmanos, e foi o castelo dos principais reis de Portugal durante a época em que Coimbra era a capital do país, até 1255. Hoje, são cheias de repúblicas centenárias, recheadas de estudantes de todo o mundo.
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No passeio pela universidade, é possível conhecer o Paço das Escolas, onde estão todas as Faculdades da Universidade de Coimbra — Teologia, Cânones, Leis e Medicina. Lá também está a estátua de Dom Dinis, fundador da universidade, e a biblioteca Joanina, criada no século 18, guardando os documentos mais antigos da universidade, além de 70 mil livros.
A Universidade de Coimbra foi criada em 1290 e instalada na cidade em 1537 (quando o Brasil era um jovem de 37 anos, pense!). Agora, além de possuir 3 polos e 8 faculdades com centenas de cursos, a universidade abriga 18 museus que contam suas histórias e as do país.
Como todas as belas cidades do mundo, Coimbra tem um rio que cruza seu território. O Mondego é o quinto maior de Portugal. Ele nasce na Serra da Estrela, distante 2h30 da cidade e um ótimo passeio para colocar na lista, e deságua no mar em Figueira da Foz.
Banhando Coimbra com suas águas, o Mondego faz parte do cancioneiro português, principalmente nos fados tão cantados pelos bares e ruas de Coimbra.
A margem do Mondego em Coimbra é muito bonita e ótima para caminhadas. Lá é possível admirar suas águas e, até mesmo, um “chafariz dançante”, instalado no meio de sua extensão.
Os fins de tarde, em dias de sol, são absolutamente encantadores.
Criado às margens do rio Mondego, o Parque Verde é uma grande área com gramado e espaço para atividades esportivas como caminhada, musculação, corrida, ciclismo e canoagem. Em dias de sol, as famílias e amigos se reúnem para piqueniques ou para relaxar.
Imagine levar as crianças para visitar Portugal em um só lugar, com prédios feitos em miniatura onde pode-se entender toda a complexidade dos monumentos do país. Essa foi a ideia de Bissaya Barreto para construir, em 1940, o Portugal dos Pequenitos.
O parque tem um espaço ilustrativo dos principais monumentos do país. São representados prédios de Lisboa, monumentos das regiões de Trás-os-Montes, Douro, Minho e Beiras e Ribatejo, Alentejo e Algarve. Em outro ponto, países que têm expressões portuguesas aparecem como Brasil, Macau, Índia e Timor, envolvidos numa vegetação própria de tais regiões.
Os Lusíadas, de Luiz de Camões, é praticamente a bíblia portuguesa para conhecer a cultura e a história desse país. Coimbra está nos versos do poeta, principalmente nas estrofes 120 a 135 do canto 3, que narram a história de Inês de Castro e Dom Pedro.
Resumidamente, Inês era amante de Dom Pedro, príncipe de Portugal (e futuro Rei Pedro I) em meados do século XIV. Eles se encontravam nos jardins da Quinta das Lágrimas. Quando morreu a esposa do príncipe, D. Constança, o herdeiro do trono assumiu seu romance com a fidalga galega.
Com medo da influência espanhola no reino do futuro rei, decidiram degolar Inês na ausência do príncipe. Diz a lenda que a revolta de Dom Pedro foi tanta que ele desenterrou o corpo da amada e a coroou, mesmo morta.
Hoje, a Quinta das Lágrimas é um hotel luxuoso, mas é possível visitar os jardins onde há as nascentes Fonte dos Amores (de 1326) e Fonte das Lágrimas (de 1580), cenário de romance do casal.
Na Fonte das Lágrimas, é possível ver algumas algas vermelhas que se formam no derramar das águas. Conforme a lenda, seria a representação do sangue de Inês, a morta. Puro romance!
Construído no século XVIII, próximo ao rio Mondego, o mosteiro de Santa Clara-a-Velha tinha como objetivo abrigar as freiras clarissas. A ideia não vingou, e as irmãs voltaram a abrigar o espaço em 1314, quando a Rainha Isabel refundou a ordem e ampliou o edifício, que funcionou assim até 1677, quando um outro mosteiro foi construído por ordem do rei D. João IV, o Santa Clara-a-Nova.
É possível conhecer os dois espaços. O mais antigo, uma ruína próxima ao Parque Verde e ao Mondego. O mais novo, no alto da colina oposta à Universidade de Coimbra. Lá está sepultada a Rainha Isabel, que se tornou santa.
Uma das atrações mais interessantes de Coimbra são suas ruelas. Na colina onde se localiza a Universidade de Coimbra, é possível percorrer essas ruas estreitas onde há cafés, bares e lojinhas. A área mais famosa para beber uns drinks, tomar um café ou apenas apreciar as tradicionais casas coimbrenses é a chamada escadaria Quebra Costas, que liga Arco de Almedina ao largo da Sé Velha.
Entre os principais pontos está o bar Quebra, no alto da escadaria, onde todos os anos há um festival de jazz. Logo abaixo fica o Fado ao Centro, uma espécie de miniteatro com sessões de fado de hora em hora.
O “Fado de Coimbra”, inclusive, é uma atração a parte. Ligado à academia, tem estilo próprio — performado apenas por homens, cantado e tocado somente por músicos com trajes acadêmicos, com uma capa negra e batina, entre outros atributos.
Sabe aqueles lugares que quando você entra parece estar em uma viagem no tempo? Assim são os museus, é óbvio, mas o Museu Machado de Castro consegue superar todas as expectativas. Isso porque, além de ter um enorme acervo de obras de arte que remetem a datas antes de Cristo, nos mostra o criptopórtico, do século I, sede da administração romana, ponto central da vida política, administrativa e religiosa de Aeminium — a Coimbra romana.
Já as coleções reúnem peças históricas de arqueologia, escultura, ourivesaria, joalheria, pintura, desenho, cerâmica, tecidos, mobiliários, entre outros objetos de diferentes épocas.
O museu, fundado em 1911 e aberto em 1913, há mais de 100 anos, recebe o nome de um dos maiores e mais renomados escultores coimbrenses, Joaquim Machado de Castro (1731 – 1822).
Criado em 1772, o Jardim Botânico da Universidade de Coimbra promove a conservação da biodiversidade para fins acadêmicos, mas também é aberto ao público, com toda sua beleza e formosura. Patrimônio da Humanidade da Unesco, tem estufas tropicais e fria, e mais de 1.500 espécies de plantas.
Cruzam o jardim outro cartão-postal da cidade, o Aqueduto de São Sebastião, também chamado de Arcos do Jardim. Ele remonta à época romana, quando esse primitivo aqueduto abastecia a parte alta da povoação. Ele foi reestruturado no século XVI e hoje é um monumento nacional.
Ah, e sabe a Canção do Exílio, de Gonçalves Dias? “Minha terra tem palmeiras / Onde canta o Sabiá / As aves, que aqui gorjeiam / Não gorjeiam como lá”. Pois é, foi escrita inspirada pela natureza do Jardim Botânico, que fez o poeta sentir saudades da natureza de sua terra natal. Lindo, né?
A catedral Sé Velha de Coimbra foi construída na época do rei Afonso Henriques, no século XVII, época em que a cidade era capital do país. Ela está localizada no centro velho, próxima à UC.
A igreja mistura os estilos romântico, gótico e renascentista. Quem visitar Coimbra no início do mês de maio ainda pode participar da tradicional Queima das Fitas, evento mais importante do ano, com a serenata na escadaria da catedral.
A Sé Nova de Coimbra é a atual sede da diocese, datada de 1698. É também um ponto de turismo forte, por sua história e beleza.
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Você já percebeu que o segredo de viajar por Portugal, muitas vezes, está em conhecer cidades menores, que estão espalhadas por todo o território. E Coimbra é uma dessas cidades supercharmosas.
E é fácil chegar a Coimbra a partir de Lisboa ou Porto. Se você alugar um carro, basta seguir pela rodovia A1 na direção norte. A viagem dura cerca de duas horas. De Porto, a mesma rodovia A1 é utilizada, mas no sentido contrário, e a viagem dura apenas 1h20.
De trem, ou melhor, comboio, é possível encontrar passagens a partir de 9 euros saindo de Lisboa e 7 euros saindo de Porto. No site Comboios de Portugal, é possível comprar os bilhetes.
Se a ideia é usar um ônibus (autocarro) você pode ir pela Rede Expressos. As passagens custam 14,50 euros, saindo de Lisboa, e 12,50 euros, saindo de Porto.
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