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Coisas que a Irlanda poderia aprender com o Brasil

Quando desembarcamos na Irlanda para dar início ao tão sonhado intercâmbio, no primeiro momento tudo parece uma maravilha quando comparado ao nosso país. Entretanto, nem tudo é tão perfeito assim.

Apesar do alto índice de qualidade de vida e de todas as possibilidades que uma cidade europeia pode te oferecer, existem, sim, alguns serviços que em nosso país podem ser melhores que os oferecidos na Irlanda. Quer saber quais são eles?

Hospitais

Para começar, é necessário pagar para ser atendido aqui na Irlanda – mesmo em hospitais públicos. Um atendimento de emergência, por exemplo, custa a partir de 100 euros.

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Se você pensa que, assim como no Brasil, ao chegar a um hospital particular bastará esperar apenas alguns minutos para ser atendido e medicado, devo dizer que você está enganado.

Para ilustrar a situação, a estudante Juliana de Holanda destaca a experiência nada positiva que teve. “Em janeiro precisei de atendimento médico no hospital St. James. Cheguei de ambulância e por isso fui levada rapidamente para a ala interna, para receber o primeiro atendimento. Após passar pelos procedimentos básicos, realizados por enfermeiros, fui informada que em 4 horas seria atendida por um médico. Porém, somente depois de esperar 12 horas fui atendida por uma médica que acabou solicitando mais exames. Resultado: tive que aguardar mais 6 horas para ter um parecer sobre o meu problema, totalizando 18 horas de espera”.

Infelizmente, essa não foi a única experiência ruim da estudante no sistema de saúde irlandês. Ela relata que meses depois, ao acompanhar um amigo no Mater Hospital, teve que esperar mais de 7 horas para ele obter atendimento médico. “O detalhe é que ambos os hospitais estavam às moscas, mesmo assim, parece que por aqui esperar uma eternidade para ter atendimento médico é uma prática comum, pois além das minhas experiências, já ouvi histórias bem semelhantes.

Usei o sistema de saúde público no Brasil por muitos anos e posso dizer que dentre os milhares de problemas que todos nós conhecemos, não passei por tamanho tempo de espera, que muitas vezes era justificado pela enorme quantidade de pacientes e pelo reduzido número de médicos. Claro que minha experiência diz respeito ao uso do sistema de saúde público na cidade de São Paulo. Sabemos que em cidades mais pobres os problemas são maiores e ainda mais graves”, destaca ela.

Lembramos que no Brasil há um problema crônico da má administração da saúde pública, além da falta de investimentos, o que parece não existir em terras irlandesas. Mesmo assim, em nosso país o atendimento é absolutamente gratuito e universal, ricos, pobres e até mesmo estrangeiros que procuram por auxílio médico são atendidos, sem restrições.

Tarifa de ônibus

Claro que não vale comparar a qualidade do sistema de transporte irlandês com o brasileiro, mas uma coisa bem chata por aqui é o fato de existirem apenas dois meios de pagamento da tarifa: ou você tem moedas, já que notas não são aceitas ou então precisa ter créditos no seu Leap Card, o cartão pré-pago utilizado no transporte público irlandês. Vale lembrar que na hora de pagar a passagem, é bom ter o valor exato da tarifa, caso contrário, o motorista te dará o troco em um recibo de papel, que deverá ser trocado por dinheiro no escritório do Dublin Bus, que fica localizado na O’Connell Street.

Embora o transporte seja eficiente, andar de ônibus em Dublin não é barato. Se após utilizar um ônibus você precisar embarcar num trem, prepare-se para pagar a tarifa integral, pois os meios de transporte não possuem integração gratuita. Assim, quem está acostumado com o sistema do Bilhete Único de São Paulo, por exemplo, certamente ficará insatisfeito em ter que desembolsar tanta grana por aqui.

Dentistas

Quem já teve uma experiência com dentistas aqui na Irlanda? Foi positiva?

É claro que ir ao dentista não é uma das coisas mais agradáveis do mundo, mas aqui na Irlanda, dependendo do profissional que você escolher, pode ser pior. Para começar, os preços não são nem um pouco baixos. Quando se paga caro em troca de um atendimento de primeira, até que é ok. Entretanto, saiba que a reputação de grande parte desses profissionais aqui não é das melhores.

Burocracia nos Bancos

Os bancos brasileiros estão no topo da lista de reclamações do Procon ano após ano. Pois sabia que aqui na Irlanda até mesmo solicitar um extrato detalhado da conta pode ser uma saga, onde é necessário aguardar pelo correio ao menos uma semana pelo documento que conste seu nome e endereço, como o exigido pela imigração no momento de solicitação do visto stamp 2.

Quer consultar sua conta online? Nem adianta acessar o site e inserir seus dados bancários. Clientes do Bank of Ireland, por exemplo, necessitam solicitar uma senha especial e aguardar até uma semana sua chegada pelos correios. O próximo passo é ligar para o atendimento ao cliente e após uma longa espera ter sua senha liberada para utilização. Muita gente desiste e acaba utilizando o caixa eletrônico mais próximo, pelo menos para as movimentações básicas na conta corrente.

Horários de supermercados e validade de produtos

Quem está acostumado com lojas e shopping centers abertos até as 22h no Brasil vai se espantar quando desembarcar na Irlanda e observar que a maioria dos estabelecimentos encerra suas atividades por volta das 18h ou 19h. Apenas às quintas muitos ficam abertos até as 21h.

Com relação aos supermercados, algumas unidades de rua ficam abertas até as 22h ou 23h. Também é possível encontrar estabelecimentos 24 horas pelo centro da cidade, com preços mais elevados, obviamente. Porém, o grande alerta com relação aos supermercados é sobre a data de validade dos alimentos.

No Brasil, são constantes as notícias de apreensões feitas pela Vigilância Sanitária e até fechamento de lojas em função da venda de produtos vencidos. Por aqui não há essa prática e constantemente é possível encontrar produtos de qualidade duvidosa nas prateleiras. Vale prestar muita atenção na hora de fazer suas compras, principalmente quando se trata de pães, carnes e peixes.

 

Elizabeth Gonçalves

Jornalista viciada em cinema, música e literatura. Paulistana, se apaixonou por Dublin, onde mora há cinco anos e sonha em fazer uma viagem de volta ao mundo.

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