A corrida pela documentação para o intercâmbio | Começando Meu Intercâmbio

Já faz um tempo que o E-Dublin traz informações sobre a Irlanda para a galera que quer se aventurar no intercâmbio por aqui. Mas, e uma vez aqui, como fica? O que acontecerá nos seus primeiros dias no Velho Continente? Para sanar essa questão e dar uma mãozinha nas primeiras etapas da sua vida irlandesa, convidamos a nossa repórter Carol Braziel para relatar de forma bem descontraída todos os perrengues, alegrias e a loucura básica que é se adaptar aqui na Irlanda, após tanta preparação para o intercâmbio. 

Como foi correr atrás do Bank Account para a documentação?

Cheguei na Ilha Esmeralda! Coisa mais linda esse lugar. Frio pra caramba, mas maravilhoso. Como cheguei no final de ano, as luzes de Natal me encantaram assim que pisei em Dublin. Mas isso não durou um dia, pois minha cabeça foi tomada pela recordação latejante do oficial simpático da imigração do aeroporto de Dublin, que depois de dizer Welcome to Ireland, me entregou aquele carimbinho abençoado por Deus, que gritava em tom esverdeado: VÁLIDO POR 30 DIAS.

E assim começava o meu tão sonhado intercâmbio! Ansiedade a mil e disposta a conquistar o tal do Stamp 2, para garantir minha permanência de um ano como estudante de línguas (de acordo com as novas regras, passa a ser só de 8 meses). Eu confesso! Acordei em meu primeiro dia em Dublin mais preocupada com o visto do que com detalhes como a acomodação ou dinheiro pra comida. E, acredite, eu não estava sozinha nessa.

Bom, pra não desesperar, decidi me planejar considerando as seguintes etapas: 1. Pegar os documentos na escola; 2. Abrir a conta no banco e; 3. Solicitar meu visto.

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Para isso, no dia seguinte da minha chegada, já fui até a escola pra me informar sobre os documentos que precisava que eles liberassem para tirar o PPS (que agora não é mais obrigatório – ver artigo “PPS, será que você precisa de um?”), abrir a conta no banco e, enfim, conseguir meu visto de estudante.

Bom, meu amigo, tenha em mente que a escola é obrigada a te entregar os seguintes documentos:

Bank letter: Documento emitido pela escola, geralmente já direcionado para o banco que eles tem convênio, que comprova que você está fazendo um curso de carga mínima semanal de 15h/aula por semana e seu endereço.

Acceptance letter: Cartinha mágica que apresentamos à emigração no momento de tirar o visto, que comprova que você está matriculado e que já quitou o curso. Ou seja, não é um caloteiro e está apto para tirar o visto.

Carta do seguro governamental, que geralmente fazemos através da escola que fechamos (ou seguro médico privado de uma empresa estabelecida na Irlanda).

GNIB Letter: Carta muito parecida com a Acceptance Letter. Muitas escolas pedem que você utilize a acceptance letter por conter os mesmos dados, mas algumas entregam uma nova, com o nome GNIB Letter.

As duas primeiras são bem simples da escola te dar e o ideal é cobrar que estejam com você já no welcome day, pois a do seguro governamental pode atrasar uns dias e te deixar de cabelo em pé, como foi no meu caso.

Como cheguei no meio da fase crítica das escolas que fecharam, a empresa que contratei o seguro estava praticamente falindo e atrasou a liberação das apólices de seguro de uma galera e, obviamente, eu estava no meio. Todo dia cobrava uma posição da escola, pois o seguro estava incluso no contrato que fechei com eles e a resposta sempre era muito assustadora. Ouvir “we have to wait/temos que esperar” enquanto estamos contando os dias pra tirar o visto no prazo e não ficar ilegal, é de tirar o sono.

Créditos: Shutterstock.

Enfim, o que pude fazer foi correr com as etapas anteriores e abrir logo a conta no banco.

Lembrando que, para tirar o visto, precisamos comprovar os 3 mil euros em uma conta bancária na Irlanda. Ou seja, precisamos abrir a conta no banco, depositar nosso rico dinheirinho e tirar o extrato para então ir na imigração solicitar o visto. E, nessa etapa do processo, você já deve ter um endereço fixo (começa aqui o desespero pela acomodação, que contarei posteriormente). Se ainda não o tiver, a dica é passar o endereço de um amigo em que você realmente confia, pois o cartão e senha do banco serão entregues no endereço que você fornecer.

E aqui deixo minha primeira informação que nenhuma escola ou agência de viagens te conta. A estrutura bancária da Irlanda é PÉSSIMA! Se está acostumado a tirar seu extrato no caixa automático, entenda que aqui o que a imigração aceita é aquele que chega por correios. Ou seja, você precisa depositar o dinheiro, esperar que caia rápido na sua conta (pois não cai no mesmo dia) e solicitar que o extrato vá para sua casa. Aí se vão mais 3-7 dias, dependendo do banco. Sim, galera, uma semana que ficamos apenas esperando a cartinha chegar em casa. Pros ansiosos, é um prato cheio para roer unhas, pois o banco pode atrasar e complicar seu planejamento.

Créditos: Shutterstock.

Mas voltando à etapa de abrir a conta no banco! Com o bank letter em mãos e meu passaporte, fui até o banco indicado pela escola e solicitei a abertura de conta. Em algumas escolas e agências é normal ter um dia específico na semana para esse processo, onde uma pessoa te acompanha pra facilitar, caso você não esteja com o inglês afiado. Lá você preenche um formulário e após alguns minutos (pelo menos no meu caso foi bem rápido) você, oficialmente, tem uma conta no banco.

Mas calma, não saia pelas ruas rodopiando ainda, pois o cartão demora até 7 dias úteis para chegar no endereço que você forneceu. E, para sua segurança, a senha chegará no mesmo endereço, de 2 a 3 dias depois. Contabilizamos aí mais uma semana… uma semana e meia, só esperando. E não ache uma boa ideia depositar seu dinheiro antes de ter o cartão e senha em mãos, pois como ele vem por correio, alguém pode extraviar e acessar sua conta, roubando seu dinheiro. Já aconteceu com muitas pessoas!

Tive mesmo que esperar chegar o cartão e a senha e, com isso em mãos, sair correndo pra depositar os 3 mil euros. E por que sair correndo? Porque se você, assim como eu, optou por trazer sua grana – ou boa parte dela – no travel money, você tem um limite de euros para sacar diariamente, que é muito mais baixo do que gostariámos. Ou seja, levará alguns dias até conseguir sacar todo o dinheiro do cartão e depositar no banco. Não havia pensando nisso, o que acabou atrapalhando meu planejamento e aumentando a tensão e ansiedade.

Feito isso, solicitei o extrato… e??? Aguardei que ele chegasse em casa! Além das unhas roidas, verificava a caixa de correio de hora em hora e enchi a paciência dos meus flatmates perguntando se eles receberam alguma carta do banco. Mas aí o bendito dia chega e então você comemora! Seja bebendo um café ou uma Guinness mesmo, por conta do stress, e já sai correndo para a imigração, pra ser feliz e restaurar um pouco a paz interior. Mas essa história ficará para o próximo artigo, já que para falar do visto, vale um artigo só pra isso, de tanta tensão que esse carimbo no passaporte provoca.

Créditos: Shutterstock.

O que posso adiantar para os que estão chegando na Ilha é que corram muito nas duas primeiras semanas para já dar entrada na sua conta bancária, pois levará um tempo até chegar o cartão e a senha do banco, depositar o dinheiro (se usar travel money) e aguardar o extrato bancário chegar em casa. Não deixe para a última hora!

Começando Meu Intercâmbio” é uma série que surgiu para ajudar os recém-chegados à Irlanda nos seus primeiros passos na Ilha Verde. Além do próprio relato da nossa colunista Carol Braziel, os textos serão sempre recheados de links úteis, com dicas e o passo a passo para cada uma das etapas (abertura de conta bancária, procura por acomodação, GNIB, procura por emprego diversos detalhes do dia a dia na Irlanda).

Revisado por Tarcisio Junior
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Carol Braziel

Formada em Relações Públicas e pós-graduada em MKT pela ESPM|Brasil. Com mais de seis anos de experiência em MKT, decidiu vivenciar o sonho de morar na Europa, mais precisamente na terra dos Leprechauns. Apaixonada incurável por viagens, tem como vício a leitura e pesquisa sobre destinos, curiosidades e roteiros de viagens pelo mundo.

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