E tudo começou onde? No Google é claro, né! Meu Deus, como li matérias sobre o tema, fucei fóruns (E-Dublin tem inúmeros), pesquisei no famoso Daft, comunidades nas redes sociais e fui atrás, na maior cara de pau, de pessoas que já estavam na Irlanda e que poderiam me ajudar com as dúvidas.
O que consegui foi adiantar algumas informações importantes, como o depósito. Confesso que foi um soco no estômago e um furo no meu singelo orçamento. Isso, porque o depósito é o pagamento obrigatório para começar a morar em qualquer tipo de moradia na Irlanda. Ele serve como uma forma do dono não ter prejuízos caso eu quebre/estrague algo na casa. Além disso, como temos que avisar com certa antecedência caso desejemos nos mudar, serve também para garantir 1 mês de aluguel pago até conseguir uma outra pessoa para a vaga. Ou seja, assim que assinei o contrato, paguei 300 euros do aluguel + 300 euros do depósito. Caso tudo ocorra bem, o depósito deve ser devolvido no final da sua estadia na casa.
Falando nisso, outro assunto delicado por aqui são as formas de locação. Antes de chegar à Ilha, já haviam me dado a dica de que devemos fazer as negociações diretamente com o landlord (proprietário do local), o que elimina diversos problemas. Mas, o que acontece muito é que, ao fazermos a entrevista, descobrimos que apenas uma pessoa assinou contrato com o landlord e que o mesmo subloca o apartamento para muito mais pessoas do que deveria – e no preço que considera interessante (geralmente muito mais alto do que o aluguel verdadeiro). Ou seja, o “bonitinho” paga ao landlord o valor do contrato e fica com o restante do money para si. Olha, já vi por aqui pessoas contra e a favor desse tipo de prática. Mas, na real, isso é considerado crime no país. Além, é claro, de se correr o risco de ficar sem casa de um dia para o outro se o dono descobrir. Conheci muitos que passaram por isso, viu?!
Quando ainda estava no Brasil, as recomendações eram sempre para fechar 2 semanas de acomodação. Principalmente por causa da correria do primeiro mês. Afinal, é um lugar completamente novo, com língua diferente – fora toda a burocracia pra arrumar a documentação, abrir conta no banco, tirar o visto e procurar um lugar fixo pra morar – além de ir pra aula de inglês!
Fui teimosa e optei por fechar somente UMA semana de acomodação! Sabia que seria corrido, mas não impossível. Se passarem dois dias e você sequer conseguir marcar uma entrevista, verifique a possibilidade de ficar por mais uma ou duas semanas no local que fechou anteriormente. A intenção é que você respire um pouco e procure com mais calma. Afinal, o objetivo não é fechar um lugar por desespero.
Enfim, voltando à história… Já na minha primeira semana na Ilha, curtindo o “friozinho” de Dublin e na correria para abrir a conta e tirar o visto, comecei a procurar acomodação. Respirei fundo, engatei a primeira e anunciei aos quatro cantos minha busca. Nas comunidades do Face (inclusive as irlandesas), na minha timeline, nos sites de pesquisa, conversei com os professores, colegas de classe, todos que conheci. Deixei claras minhas qualidades, como organização (ok! não sou lá a mais organizada), limpeza, boa comunicação, etc. E fiquei atenta às respostas e possíveis vagas que surgiam.
Foi aí que aprendi que, nesse caso, a lei é a de que “quem chega antes, consegue o que quer”. Nessa hora que eu vi como a comunidade brasileira é grande em Dublin. Incrivelmente, em minutos de anúncio no Classificados Dublin, no Facebook, mais de 30 pessoas já comentaram que queriam marcar a entrevista ou indicaram algum amigo. Ou seja, o meu celular com internet foi meu melhor amigo, 24hs/7dias por semana. Ah! Se você está em outra cidade, não se preocupe. Onde tem brasileiros, tem classificados no Face com tudo isso (Galway, Cork, etc.) Se quiser recorrer aos sites padrões, também encontramos várias opções, como Daft, Rent, etc.)
Eu sei, é estranho usar a palavra entrevista, mas SIM, passamos por várias entrevistas! Em 100% dos locais que visitei, fui avaliada. Muitas vezes, ao chegar no local encontrei mais algumas pessoas aguardando os donos da vaga anunciada. Me fizeram perguntas como: Quais seus horários? Você trabalha? Pretende ficar quanto tempo? Qual o objetivo do intercâmbio?, etc. A intenção era saber eu era louca, meio louca ou normalzinha mesmo.
No meu caso, após 10 dias e várias entrevistas acabei achando um apartamento lindo, super organizado e limpo. Em três quartos, sala e cozinha, eu dividiria o local com um casal e mais duas meninas. Felicidade plena, juntei todas minhas coisas e me mudei.
Aí que vi como podemos levar uma rasteira sem perceber. Após duas horas na casa, enquanto arrumava minhas roupas e conversava com a menina que estava saindo da vaga, descobri que muita coisa errada acontecia, inclusive que o único homem da casa era um tanto quanto agressivo com a então namorada “hiper feliz”, que havia conhecido durante a entrevista.
Pois bem, como mentira tem perna curta, no meio do meu bate-papo, onde já me sentia muito insegura de morar ali, o tal homem da casa abriu a porta do quarto sem mais nem menos (que era somente de meninas) e se mostrou bravo por eu não participar da festa que acontecia na sala. Quando respondi que estava muito cansada e iria dormir, ele sugeriu que seria interessante se um dia eu “brincasse” (sexualmente falando) com ele. Poxa vida! Fiquei parada pra analisar se eu tinha entendido direito, olhando pra ele. Foi quando aquela beleza de ser humano começou a fazer gestos indicando o que seria.
O que fiz? Juntei todas minhas coisas, aproveitei o mesmo transfer que a menina que saía da casa e voltei para a acomodação que estava anteriormente. E, acredite, antes de conseguir sair da casa o cara ainda me roubou 60 euros pelos “danos que causei a ele ao desistir da vaga”. Ridículo ele em cobrar. Mais ridículo de minha parte que paguei, certo? Mas só paguei porque ele ficou na porta da casa bloqueando minha saída, enquanto ninguém falava nada e só observava. Hoje vejo o quão surreal isso foi, o cara ainda queria tirar foto do meu passaporte e eu lá, gritando que não, com duas malas e várias sacolas com tudo o que tinha, inclusive comida.
Ao chegar na acomodação que estava anteriormente, a dona (uma brasileira) me pediu que avisasse ao cara que eu iria à polícia. E foi quando, que quase como num passe de mágica, meu dinheiro foi devolvido.
O que ficou dessa experiência é que podemos, sim, conhecer pessoas mal intencionadas que nos fazem testar os limites. Mas que também temos de nos precaver de algumas situações com os erros e histórias dos outros. Avaliar pontos importantes, como localização (se quer um lugar mais calmo ou mais próximo do centro), pessoas que moram na casa, a razão da saída da pessoa que está anunciando a vaga, etc, é fundamental! Não entre no desespero de agir como se precisasse muito daquela vaga, esquecendo de aproveitar a oportunidade da entrevista para também saber mais sobre quem mora ali e, caso seja aceito, se entraria ou não numa fria.
E como fiquei depois de tudo isso? Bom, fechei mais 1 mês e meio na acomodação que tinha 8 quartos e uns 15 brasileiros (a casa era ótima!) e dali saíram os amigos que fizeram do meu intercâmbio o melhor que poderia ter. Viu como tudo sempre dá certo? ;)
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“Começando Meu Intercâmbio” é uma série que surgiu para ajudar os recém-chegados à Irlanda nos seus primeiros passos na Ilha Verde. Além do próprio relato da nossa colunista Carol Braziel, os textos serão sempre recheados de links úteis, com dicas e o passo a passo para cada uma das etapas (abertura de conta bancária, procura por acomodação, Irish Residence Permit – IRP, procura por emprego diversos detalhes do dia a dia na Irlanda).
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