Como consegui ainda no Brasil um trabalho em TI na Irlanda
6 anos atrás
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Quando pergunto para algum brasileiro o motivo de ter se mudado com a família para outro país, quase sempre o fator segurança está presente.
Comigo não foi diferente. Eu e minha esposa já estávamos conversando há algum tempo sobre mudarmos de país, mas no dia em que ela e meu filho de sete anos tiveram uma arma apontada para eles durante um roubo de carro, decidimos que a hora tinha chegado.
Trabalhava no Brasil como Network Engineer, tinha bastante experiência e um bom currículo, mas não acreditava muito no meu inglês. E, por não acha-lo bom o suficiente, não me atrevia a buscar vagas no mercado internacional.
Queria me preparar melhor antes de tentar algo, mas devido às circunstâncias, decidi apostar, afinal, o máximo que poderia acontecer era receber um não.
Após alguns dias pesquisando sobre área de TI fora do Brasil, encontrei muita informação sobre a Irlanda: o grande número de empresas de tecnologia e a maior possibilidade de se conseguir um visto de trabalho para estrangeiros em relação a outros países.
Consegui um trabalho do Brasil, mas não foi fácil
Com o foco na Irlanda, atualizei meu currículo para o inglês, me cadastrei em alguns sites e comecei a aplicar para vagas por meio do LinkedIn. Mas logo descobri o primeiro entrave: notei que a maioria do pessoal que começou a trabalhar em TI havia chegado na Irlanda como estudante e depois fez o processo para troca de visto. Como eu pagava a maioria das contas com meu salário, não poderia largar o emprego para fazer um intercâmbio. A única opção era achar alguma empresa que topasse fazer todo o processo pelo Brasil.
Tive que enfrentar a dura realidade. Não tinha retorno de grande parte das vagas em que eu aplicava – algumas nem respondiam. E a razão era clara: o meu endereço brasileiro (algo que mudou radicalmente quando me mudei para a Irlanda).
Neste processo, eu fiquei cerca de quatro meses ouvindo respostas negativas por causa do visto ou por não residir na Irlanda.
Porém, por outro lado, fiquei animado, pois em momento algum reclamaram do meu inglês. Uma empresa chegou até a me propor fazer uma entrevista presencial em Dublin, mas como eu teria que arcar com todos os custos, não topei.
Até que um dia recebo a ligação de uma recrutadora dizendo que havia gostado do meu currículo. Pediu a minha pretenção salarial (já havia pesquisado um valor razoável para uma família com filho), e após alguns dias me retornou dizendo que o gerente da vaga havia topado fazer a entrevista por Skype.
A entrevista foi bem tranquila – foi mais um bate papo sobre a minha experiência e para saber o porquê de eu querer me mudar. Para falar a verdade, fiz sem muita expectativa, já que havia tomado vários nãos anteriormente. Para minha surpresa, um dia depois a recrutadora me respondeu dizendo que eu havia passado para a próxima etapa, que seria conversar com o diretor da empresa.
Novamente não queria criar expectativas, então encarei a entrevista com tranquilidade. Confesso que essa etapa foi um pouco mais difícil- 1h de perguntas técnicas e sobre minha experiência em determinados equipamentos.
Ao final da conversa, veio o susto. O diretor disse que havia gostado do meu perfil e que iria providenciar tudo para que o RH me enviasse uma proposta, para que eu pudesse me mudar o mais rápido possível.
Fiquei super feliz e fui contar para minha esposa, que também quase não acreditou. Realmente estava acontecendo, agora tinha que esperar a proposta e iniciar o processo do visto.
Tinha receio que o visto demorasse muito ou até não fosse aprovado por alguma razão. A empresa me pediu que enviasse todos os meus certificados de TI, currículo, diploma da faculdade e o formulário do visto preenchido (Critical Skills Visa). Estava com receio do diploma, pois me formei como tecnólogo e para a Irlanda isso tem uma pontuação mais baixa que bacharel.
Mandei também, por correio, o contrato de trabalho assinado. Alguns dias depois de enviar tudo, percebi que havia mandado meu diploma em português, e em todos os sites que li recomendavam traduzir o diploma. Além disso, tinham alguns campos do formulário do visto que fiquei em dúvida e não encontrei muita informação à respeito.
Já estava um pouco pessimista, mas após duas semanas recebi a confirmação de que meu visto havia sido aprovado. A empresa iria me enviar o documento original pelo correio, para que eu apresentasse na imigração ao chegar ao país, e já iriam emitir minha passagem.
Entre o primeiro contato que recebi da recrutadora e meu primeiro dia de trabalho na Irlanda, se passaram exatos dois meses. Achei muito rápido, pois já tive processos bem mais longos no Brasil. De qualquer maneira, muita gente me fala que é uma exceção – o normal é o processo de visto demorar mais.
Bem, agora já tinha emprego e visto na mão, só precisava organizar a mudança para minha esposa, filho, cachorros e gatos. Mas isso é assunto para outro texto…
Sobre o autor:
João Vitor Cancelli é gaúcho, nasceu e morou a vida toda em Porto Alegre. Trabalha há mais de 10 anos como Network Engineer e, assim como muitos brasileiros, aproveitou o bom momento do mercado de TI da Irlanda para embarcar para a tão sonhada experiência de trabalhar fora do país.
Revisado por Tarcísio Junior
Imagens via Shutterstock
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