A possibilidade de estudar e trabalhar para pagar os custos da viagem é, sem dúvida, um dos principais atrativos para estudantes internacionais que vêm fazer intercâmbio na Irlanda.
Mas, é claro, depois de assinar o contrato para o intercâmbio, comprar as passagens e começar a se organizar para a vida no exterior, uma pulga começa a surgir atrás da orelha: afinal, como você vai conseguir emprego para garantir suas despesas pessoais na Irlanda?
O passo inicial para conseguir a tão sonhada vaga de emprego em terras irlandesas é preparar um bom currículo em inglês.
Na Irlanda, é imprescindível que o currículo seja limpo e organizado. Informações como nacionalidade, idiomas e experiência profissional no exterior são fundamentais, pois as empresas sabem que muitos candidatos têm essa vivência e buscam justamente pessoas com essa bagagem cultural.
Incluir informações como número de PPS ou foto não são elementos obrigatórios. Entretanto, para brasileiros é muito importante colocar o tipo de visto ao lado da nacionalidade, por exemplo: “Brazilian – Stamp 4” ou “Brazilian – Italian Citizenship”.
Outra dica boa para escrever o seu currículo é ver como outros profissionais escrevem em inglês no LinkedIn. A rede social é muito utilizada aqui na Irlanda e nela poderão ser encontrados todos os tipos de profissionais.
Nunca se esqueça de adicionar informações no seu currículo a partir da oportunidade que você quer conseguir. Se você está tentando uma oportunidade como vendedor — em inglês, sales assistant — precisa inserir suas experiências na função. Também é importante dizer se o lugar no qual trabalhava era movimentado ou não.
Se trabalhou com atendimento ao cliente — em inglês, customer service — é importante dizer quantas ligações atendia por hora, qual tipo de suporte fornecia etc. Compensa muito colocar frases e palavras-chave da descrição do emprego em seu CV, pois os consultores de recrutamento procuram seu currículo por elas, ou seja, colocando-as, você terá mais chance de ser “achado”.
Sabe aquela parte do currículo que ninguém sabe exatamente o que colocar e acaba jogando aqueles clichês para encher linguiça? Essa parte se chama Summary e tem uma certa importância, pois é o cabeçalho do seu CV. Agora, se já é difícil escrevê-lo em português, imagine em inglês!
A realidade é que a maioria dos recrutadores apenas escaneia o seu CV e se ele se deparar com um sumário gigante, a possibilidade de ele não ler é bem grande. Para falar a verdade, mesmo os mais sucintos podem passar batido. Dessa forma, seja objetivo, insira informações palpáveis e mensuráveis, pontue a sua situação, coisas como ter acabado de chegar no país ou ter concluído uma nova qualificação recentemente.
Seis segundos. Esse é o tempo médio que um recrutador leva para escanear o seu sumário, e esses poucos segundos serão determinantes para ele seguir olhando o seu CV ou não. Então, seja enfático e objetivo.
Os recrutadores simplesmente amam ler um CV onde as ideias estão listadas e estruturadas com eles. Então, mão na massa e não economize.
Exemplos:
» Experienced customer service manager and leader with 10-year record of success.
» Extensive involvement in all levels of relationship building, marketing, and program development.
» Received company and industry leadership awards for developing successful training program for new customer service associates.
Cite alguns dos seus resultados mais expressivos, os famosos achievements.
» Awarded Top Customer Advisor of the year.
» Commended for achieving 85% of production goal, in a sector where 79% is considered high.
» Selected by the company directors to represent the department in an International Conference.
Também não se esqueça de expressar a sua personalidade, seus valores e motivações!
» Lived and traveled abroad, developing a keen sensitivity to people from diverse culture background.
» Motivated self-start, able to spark interest and take initiative.
» Approaches projects with passion and enthusiasm, demonstrating a strong work ethic and an appreciation for creative collaboration.
Mencionar seus hobbies e voluntariado também é um fator muito importante. As multinacionais amam saber que você correu uma maratona em prol de uma Organização não Governamental (ONG) ou que é faixa preta em judô. Empresas desse porte levam muito em consideração a personalidade do candidato, pois eles sempre querem uma pessoa que tenha chances de se dar bem com os colegas, pois o objetivo maior é ter times entrosados, que contribuam com o funcionamento da empresa.
Apesar de não obter muito destaque no Brasil, na Irlanda, fazer uma carta de apresentação é essencial na procura por emprego no país. Entre suas funcionalidades, além de complementar o currículo, a carta ajuda o recrutador a conhecer um pouco o candidato à vaga.
Uma boa carta de apresentação vai ajudá-lo a vender os seus pontos fortes, de forma a agarrar a atenção do potencial recrutador, aumentando de forma drástica as suas hipóteses de ser selecionado.
Aproveite também para demonstrar interesse na organização à qual está se candidatando. Procure demonstrar ao recrutador o que o motiva a candidatar-se à vaga em questão e quais as suas motivações. Um candidato motivado e entusiasmado vai, certamente, captar a atenção.
Outro fator importante é deixá-la básica e sem muitas especificações, pois, às vezes, empresas têm diferentes vagas para as quais você poderia aplicar e, só pelo fato de você ter colocado o nome daquela vaga específica, as suas chances são diminuídas. O ideal é sempre inserir o interesse na área e não na posição.
Primeiramente, é necessário tomar muito cuidado com os erros em inglês. Uma falha grosseira pode deixar claro, por exemplo, que você utilizou instrumentos de tradução online. Fica nítido quando a tradução foi realizada no Google e o candidato fez uso do copiar e colar sem, ao menos, ter o cuidado de se certificar se o resultado é coerente com o que se pretendia expor.
Também devemos tomar muito cuidado quando colocamos o título da posição em que trabalhávamos lá no Brasil, pois ele poderá mudar muito quando comparamos ao mercado daqui. Os significados são, muitas vezes, totalmente diferentes.
Tem gente que confunde e não coloca a nacionalidade, limitando-se apenas a citar o “Portuguese speaker” na parte das línguas. Esse é outro erro, pois há recrutamentos que priorizam a nacionalidade do profissional, já que existem muitas empresas na Irlanda que prestam serviços exclusivamente para alguns países, inclusive o Brasil, o que significa dizer que ser um nativo do país aumenta as chances de ser contratado. Portanto, nunca se esqueça de incluir sua nacionalidade logo no início do CV, na parte superior.
O LinkedIn é uma ferramenta essencial para ser visto por recrutadores. Para se ter uma ideia, atualmente, algumas empresas usam mais o LinkedIn do que sites de empregos. Isso ocorre por diversas razões, por exemplo, o fato de essa rede apresentar os melhores perfis de trabalhadores.
Na hora de montar o seu perfil, use o título de sua página para difundir seu trabalho ideal, não precisa ser um cargo. Você pode dizer que está à procura de novas oportunidades: “Looking for opportunities in Dublin”. Estudantes também podem promover como uma manchete do que querem fazer após a graduação: “XYZ Univeristy student & aspiring public relations associate”.
Tenha em mente que o LinkedIn é mais do que um CV. Portanto, você pode contar sua história e ser criativo. Não se esqueça de colocar por que você está na Irlanda e quais são suas expectativas e conquistas aqui. Exemplo:
“I relocated to Ireland in 2018 to improve my Business English and I am actively looking for opportunities within the Customer Service field”.
Use keywords e frases que recrutadores podem usar para achar seu perfil. Aquela parte lá em baixo no seu perfil chamada “Skills & Endorsements” (Competências e recomendações) pode ajudar a ter uma melhor ideia de keywords.
Também peça para que seu ex-gerente ou um professor escrevam uma recomendação sua pelo LinkedIn. Solicite que eles coloquem qualidades e skills específicos para seus goals.
Dê uma olhada no perfil de irlandeses que fazem o mesmo trabalho que você. Com certeza, poderá usar algumas frases em inglês que estão perfeitamente escritas. Também peça conselhos para algum amigo ou chefe. Pergunte para outros se eles entendem quais são seus objetivos vendo seu perfil. No final das contas, tudo é uma questão de percepção e, muitas vezes, não conseguimos expressar perfeitamente nossas próprias conquistas e vontades.
Depois de finalizar o seu currículo vem a dúvida: qual o melhor método para procurar emprego na Irlanda?
Vale entregar currículos pessoalmente em estabelecimentos com ou sem anúncios de vagas, candidatar-se às vagas pela internet, criar o próprio Networking, disponibilizar-se para um trabalho voluntário ou se candidatar a estágios não remunerados, uma vez que estes dois últimos agregam bastante valor ao currículo do candidato. Outra possibilidade é buscar as ofertas no próprio site das empresas.
Um médico, advogado ou publicitário que decidiu fazer intercâmbio para melhorar o inglês, certamente, não poderá exercer as suas qualificações no país de acolhida, por motivos óbvios, e também precisará recorrer a um trabalho inferior ao que está qualificado a exercer, se quiser ter um dindim extra para pagar as contas que, diga-se de passagem, não são nada baixas na Europa.
Vale ressaltar, ainda, que as próprias condições do visto de estudante (Stamp 2) já pré-seleciona o intercambista para o subemprego. Com a autorização de trabalho de apenas 20h semanais, as possibilidades de esse profissional conseguir um trabalho na área são mais limitadas, já que os empregadores procuram profissionais que possam trabalhar full-time.
Devemos lembrar que empregos como ajudante de cozinha, babá, faxineiro, entregador de jornal, plaqueiro etc. são funções que existem em grande quantidade no Brasil como em qualquer lugar do mundo. Por serem funções tão comuns e necessárias, você não deve se sentir inferiorizado por aceitar uma dessas posições.
Afinal, trabalhar nesses “subempregos” para se manter no exterior é uma realidade muito mais comum do que se pensa quando falamos de programas de intercâmbio, não só aqui na Irlanda, mas em qualquer outro país.
O trabalho de cleaner é super popular entre os estudantes de línguas na Irlanda. Querendo ou não, é com ele que grande parte dos intercambistas se vira até conseguir um trabalho mais estável.
A atividade é uma excelente oportunidade para quem chega ao país e ainda não consegue se comunicar bem em inglês. É informal, não requer qualquer tipo de recolhimento de taxas por parte do governo e, em alguns casos, enquanto o salário mínimo é de 9,80 euros por hora, quem trabalha como cleaner cobra, em média, entre 11 e 13 euros por hora.
Os brasileiros que chegam à Irlanda para o intercâmbio logo descobrem a função de Kitchen Porter, uma atividade que envolve prioritariamente a lavagem de louças em restaurantes — um trabalho pesado e que, geralmente, envolve a utilização de uma máquina industrial de grande porte.
A boa notícia é que, depois dessa experiência trabalhando na cozinha, muitos brasileiros desenvolvem interesse em cozinhar e, inclusive, acabam se tornando chefs de cozinha.
AuPair não é uma profissão reconhecida aqui. Portanto, não é possível se inscrever em algum programa e contar com o apoio de uma agência caso algo dê errado, como as meninas que querem ir para os EUA fazem. Por esse motivo, não existem regras.
As famílias, no entanto, parecem preferir meninas que tenham entre 20 e 30 anos. A maioria não exige experiência anterior, a não ser no caso de recém-nascidos, e nem algum tipo de documentação/certificação especial (enfermagem, por exemplo). A carteira de habilitação também não é obrigatória, mas pode ser diferencial, pois alguns deles pedem pra você buscar as crianças na escola, por exemplo.
Muita gente trabalha como aupair durante o intercâmbio para ajudar nos custos do mês. No entanto, é necessário ter em mente algumas coisas para não se frustrar na hora de trabalhar como babá na Irlanda. Afinal, por não ser uma profissão regulamentada, a babá pode ser “obrigada” a realizar outras atividades na casa da família, como faxina. Outros problemas envolvem os baixos salários, falta de privacidade para as meninas que moram na casa da família e, até, assédio.
Dublin tem se tornado uma capital gastronômica, com uma enorme variedade de cafés e restaurantes, que vêm atraindo cada vez mais a atenção do público. Como o movimento desses estabelecimentos também cresce muito durante o verão, esse é o momento para se buscar uma vaga nesse setor.
Outro ponto positivo é que, para alguns dos cargos disponíveis, como kitchen porter, nem sempre ter experiência é um requisito essencial. Além de auxiliares de cozinha, chefs, baristas e garçons são muito requisitados nesse período.
Esse setor se prepara para um aumento no fluxo de clientes em períodos como verão e Natal. Assim, para atender a demanda, muitas possuem vagas abertas para a contratação de funcionários temporários para trabalhar meio período ou, até, integral. Portanto, se essa é a sua área de interesse, vale ficar atento aos sites de grandes marcas, já que essas geralmente realizam o recrutamento online. Também não deixe de visitar as ruas de comércio e shopping centers para entregar o seu currículo em mãos.
Com o aumento do fluxo de turistas em hotéis e hospedarias nas principais cidades do país, consequentemente esses locais precisam de mais funcionários para as áreas de atendimento ao cliente, como recepcionista, camareiro, garçons, entre outras atividades.
A procura por bartenders também cresce bastante nessa época do ano. Além disso, muitos pubs têm vagas abertas para a posição de floor staff, que consiste basicamente em recolher copos, lavar a louça e manter o ambiente organizado. A melhor maneira de se candidatar para essas vagas é comparecer pessoalmente aos bares e pubs com seu currículo para verificar se estão contratando.
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Pesquise muito sobre o mercado de trabalho da Irlanda, quais são as vagas de emprego disponíveis versus suas habilidades/experiências, como elaborar um currículo adequado para a vaga à qual você está se candidatando, produzir uma cover letter, quais são as formas de se candidatar para as vagas que você tem interesse (agência de empregos, sites, entregar o currículo pessoalmente), como participar de um uma entrevista em inglês, entre outros.
Procurar um emprego é algo que exigirá organização e planejamento. Há várias pessoas que imprimem currículos e saem andando pelas ruas de porta em porta, sem foco, e outras que ficam em casa, enviando currículos online sem, ao menos, ler a descrição da vaga.
É pouco provável que algum dos perfis sejam bem-sucedidos. Faça um planejamento estratégico do número de horas que você terá para buscar emprego na semana (afinal, estudar o novo idioma deve ser a prioridade), áreas ou regiões onde gostaria de entregar currículos pessoalmente, pessoas que poderiam ajudar e, quem sabe, até mesmo, indicar para uma vaga, além do melhor horário para se cadastrar em vagas online. Lembre-se: agir sem foco e organização exigirá muita energia e poderá causar frustração.
Manter o foco, com um mindset positivo, e praticar a resiliência para lidar com possíveis “nãos” será um grande diferencial. A trama das emoções envolve cinco principais sentimentos: tristeza, raiva, amor, medo e alegria. O excesso ou escassez de qualquer um deles poderá drenar o seu equilíbrio. Mantenha-se otimista, confiante e disposto a aprender com essa experiência. Lembre-se de que morar no exterior é uma excelente oportunidade de se abrir para o novo e encarar novas experiências. Peça ajuda e não se deixe contaminar pelas opiniões negativas. Seja ousado e grato pelo privilégio de já estar morando no exterior e realizando seu sonho.
Quando você pensar em desistir, lembre-se de por que começou toda essa sua mudança de vida. Muitas vezes, não é fácil administrar todos os desafios que aparecem, e você vai levar muitos “nãos” até conseguir a sua primeira oportunidade.
Se você pesquisar ao seu redor, perceberá muitas pessoas que já estão há mais tempo no país e também passaram por essa experiência e, talvez, viveram os mesmos sentimentos. Evite comparar a sua jornada com a do outro. Foque em quem já conseguiu os resultados que você está buscando e se inspire. Mantenha seu foco na ação. Com certeza, não importa se há crise, poucas vagas ou se seu inglês não é perfeito, sempre existirá uma vaga disponível, e você só precisa conquistar seu lugar. Não desista!
A primeira coisa que você deve fazer é ler o “job description” de cabo a rabo para entender sobre a vaga.
Em todas as entrevistas, você vai se deparar com estas três perguntinhas básicas:
1- Tell me about your experience / Go through your CV
2- Tell me what you know about the company
3- Tell me what you know about the position
As entrevistas aqui na Irlanda são, geralmente, do tipo “competency based questions”, isto é, são feitas perguntas que avaliarão o comportamento do candidato, assim como as capacidades e experiências. A intenção é prever futuros comportamentos a partir de ações já tomadas em situações vividas. As questões são planejadas de modo a serem obtidas respostas que contenham “contexto, ação e resultado”.
Dessa maneira, respostas que deixem a desejar nesses “pilares” são consideradas vagas e imprecisas. Essas perguntas começam, geralmente, com “Tell me about a time when you….”, “Have you ever encountered a time when…”, “How would you solve it?” ou ainda “Explain how you….”
Você pode achar exemplos na internet ao pesquisar no Google as seguintes palavras: “example of competency based questions”.
Não prolongue o final das respostas, seja curto e direto. Tentar se estender pode fazer com que você se perca e arruíne o que estava fluindo perfeitamente bem. Se o recrutador sentir necessidade de mais informação, ele não hesitará em fazer mais perguntas.
Sempre treine no espelho ou com um amigo, pois o importante é você repetir as respostas em inglês de modo a memorizá-las e não engasgar na hora “H”.
Entrevistas são sempre estressantes, mas quando se está bem preparado, tudo fica mais fácil.
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