Como eu vim parar na Irlanda
8 anos atrás
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Hoje eu recebi um e-mail de mim mesma, mas de uma Mah mais nova, lá de 2010. Calma, eu explico!
Há alguns anos conheci um site mega querido, chamado FutureMe, através do qual você consegue enviar e-mails para você mesmo (ou outra pessoa, se quiser), que serão entregues em uma data futura, à sua escolha. No meu caso, a mensagem que eu recebi hoje mandei há 6 anos! Super recomendo (#participem).
É engraçado como a gente muda tanto em tão pouco tempo, mas ao mesmo tempo ainda continua a mesma pessoa.
Uma vez li um texto que amei. Ele dizia que toda vez que vamos para algum lugar, nunca voltamos a mesma pessoa – e às vezes nem mesmo voltamos, eu diria. Mas, por mais diferente que a gente fique, tem sempre aquela essência que permanece, aquelas vontades que persistem até que, de alguma forma, sejam extravasadas.
Em 2010 eu queria morar fora
Bem, em 2008 eu queria morar fora… aliás, em 2005 eu também já tinha essa vontade! Pra falar a verdade, desde que eu me entendo por gente eu queria viver essa experiência. Mas lá em 2010 eu escrevi pra mim sobre isso. E, olha que engraçado, eu pensava em Londres e Nova Iorque. Cogitava passar pouco tempo em cada, porque era caro e eu não tinha dinheiro pra ficar mais que 4 semanas.
Mas 4 semanas não era o que eu queria, né? Eu queria mais! Queria poder viver o dia a dia, ter uma rotina, passar perrengue, pagar aluguel, conta de luz, ter um(a) chefe que falasse inglês (ou outra língua qualquer), cozinhar no fogão gringo e comprar shampoo em inglês. Foi aí que eu descobri a Irlanda e percebi que aquele sonho poderia virar realidade. Decidi vir para Dublin!
Fiz as contas e percebi que, se eu adiasse a viagem pra Londres e NY e juntasse dinheiro por mais um tempo, conseguiria comprar um curso de 6 meses por aqui. E, claro, foi nessa época que eu conheci o E-Dublin (o Edu eu já conhecia!) e comecei a me interessar mais e mais por esse país que antes nem passava perto dos meus planos.
Me organizei no Brasil e vim pra cá pensando que ficaria um tempo, conseguiria um trabalho e juntaria dinheiro pra depois, então, ir para os destinos que eu queria antes.
Até o momento do embarque, minha família achava que eu só passaria 6 meses. Foi só na hora da despedida que eu revelei pra eles que o visto era de um ano!
E, em tanto tempo, a gente nunca sabe o que o destino nos reserva.
Criando raízes
Quando a gente chega, é tudo novo, tudo diferente. Queremos aproveitar cada segundo e fazer valer a pena. Por isso, nos meus primeiros meses em Dublin, explorei tudo o que a cidade podia me oferecer. Me perdi nas ruas estreitas, me encontrei sorrindo sozinha, expandi meus horizontes de várias formas diferentes. Cada descoberta era uma aventura!
No vai e vem das aulas, fui criando minha rotina. Fiz novos amigos, comecei a me sentir em casa, fui criando raízes.
Depois de um ano, a renovação já era uma certeza pra mim. Já tinha minhas contas pra pagar, tive mais de um chefe, de vários países diferentes, passei por vários trabalhos e muitos perrengues. Aprendi muito. Aprendi, inclusive, a cozinhar em fogão sem gás, a secar roupa colocando perto do aquecedor, aprendi a usar pantufa no inverno e sair com 4 camadas de roupa, a aproveitar os dias de sol como se não houvesse amanhã, a tomar muito chá e a não ligar pra chuva estragando a chapinha. Aprendi a não me importar tanto com o que os outros vão achar, a caminhar mais, a não ter medo…
Daí eu já não queria mais ir morar em outro lugar. E comecei a querer viajar cada vez mais, explorar o mundo e descobrir o quão diferente eu voltaria.
A verdade é que, não importa pra onde eu for, por mais que eu ainda seja a Mah, há muito tempo eu já não sou mais a mesma.
Revisado por Tarcísio Junior
Imagens: Arquivo pessoal
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