Para quem já tem permissão de residência na Irlanda, é possível, sim, viajar do Brasil de volta para a Ilha da Esmeralda. Mas isso pode ser um desafio, e eu me dei muito mal nele.
Sou estudante de inglês na Irlanda há quase um ano, vivendo toda a pandemia em Dublin, e decidi passar o fim de ano em São Paulo, na casa dos meus pais. Meu plano era voltar no dia 9 de janeiro, a tempo de fazer o teste de COVID e, dando negativo, eu voltaria a trabalhar no dia 11 de janeiro.
Spoiler alert: o plano deu todo errado.
No dia 8 de janeiro, fui superpreparada para o Aeroporto de Guarulhos, mas impedida de embarcar ainda no check-in. Eu tinha duas reservas separadas, uma para Lisboa e outra de Lisboa para Dublin.
Segundo a companhia aérea, a viagem toda teria que ser em uma única reserva, pois eu não poderia sair da área de conexão do aeroporto português sem o teste negativo para coronavírus.
Não consegui reagendar a passagem para fazer o teste, porque os voos estavam lotados até dia 17 de janeiro. Perdi a passagem comprada e não tive reembolso, porque o tipo de passagem que comprei não me dava esse privilégio. Resumo da história: mais de €500 jogados fora.
Digo que foi quase tudo errado porque consegui comprar uma nova passagem por outra companhia e fazer o bendito teste. Se não tivesse uma reserva de dinheiro, estaria presa no Brasil. Cheguei a Dublin no dia 12 de janeiro e perdi uma semana inteira de trabalho.
Leia também: Quais são as restrições de viagem para viajar do Brasil para a Irlanda?
Para que esse perrengue não aconteça com você, seguem algumas dicas para quem precisa viajar para fora do país durante a pandemia.
Não vou entrar no mérito de poder ou não poder viajar, independentemente dos seus motivos. Já está todo mundo cansado de saber quais são as medidas de segurança para evitar o contágio da COVID-19. Se não sabe, a Organização Mundial da Saúde explica.
Então, se você realmente precisa viajar para fora do seu país de residência, vou dar algumas dicas do que fiz e não fiz. Elas servem para quem quer sair de ou entrar em qualquer país.
Além disso, algumas dessas ações você deveria fazer mesmo sem uma pandemia. Assim, você evita o ódio de outros viajantes que aguardam na fila do check-in enquanto você briga com a atendente da companhia aérea por um erro seu. Pense no coletivo.
Todo esse textão que segue aqui pode ser resumido em: use o Google. Essa ferramenta sensacional tão pouco aproveitada pelos seres humanos deveria ser o aplicativo mais utilizado no seu celular, principalmente se você é um viajante e, ainda mais, se você for um intercambista como eu.
Use meia hora do tempo que você estaria “scrollando” o feed do Instagram para pesquisar sobre seu país de destino e de conexão. Como expliquei acima, a Irlanda, que era meu destino e é onde tenho permissão de residência, não foi meu problema. Fui impedida de embarcar por causa das restrições em Portugal, onde faria conexão.
Mas tudo isso poderia ser evitado. Quer saber como? Faça ao Google as seguintes perguntas: Preciso de visto ou permissão de residência para entrar no meu país de destino e no país de conexão?
Você sabia que nos EUA você precisa de visto mesmo se for apenas para fazer uma conexão para outro país? Pois é, essa informação provavelmente não é dada pela companhia aérea na hora de vender a passagem.
Agora, com a pandemia, fica ainda “melhor”: desde setembro de 2020, apenas pessoas com residência no país podem passar pelos aeroportos de lá. A companhia aérea também não informa isso. E ainda: continua vendendo as passagens normalmente.
Descobri essa informação porque uma colega de fila para fazer o teste de COVID-19 (falo mais sobre ele no próximo tópico) perdeu a passagem porque ela não pode nem sequer embarcar para ser barrada nos EUA, foi barrada no check-in em São Paulo mesmo. Detalhe que isso foi em janeiro de 2021, quatro meses depois que o país impôs essa regra.
Ela já vinha de um voo de Belo Horizonte para São Paulo, depois iria para os EUA, de lá para Madrid, para por fim desembarcar em Lisboa, onde reside como cidadã europeia. O nervosismo e desapontamento não foram algo fácil de assistir, meus amigos.
#ficaadica
A maioria dos países (agora, até mesmo o Brasil, olha só) exige o teste negativo de coronavírus, geralmente feito em, no máximo, 72 horas antes do voo, para quem vem do exterior. E não pode ser aquele teste rápido de farmácia, tem que ser o do tipo RT-PCR. Para saber mais, vide Google.
Eu tive que apresentar esse resultado do teste para embarcar de São Paulo para Amsterdã e também no desembarque na capital holandesa. Se estivesse vindo uma semana depois, teria que apresentar também no desembarque em Dublin, pois as regras mudaram no mesmo dia em que cheguei.
#ficaadica
No aeroporto de Guarulhos, o laboratório CR oferece o teste PCR, que custa R$350 (paguei R$315 apresentando a minha reserva, não sei se todas as companhias oferecem o mesmo) e o resultado fica pronto em quatro horas. Você pode checar o resultado e imprimir on-line ou no próprio stand do laboratório.
#ficaadica
Tanto Portugal quanto Amsterdã e Irlanda pedem para você preencher um formulário antes de embarcar. Acredito que outros países façam o mesmo. Para Portugal, vi gente preenchendo esse formulário no check-in (eu não tive nem essa oportunidade, fui barrada de cara). Para Amsterdã, preenchi no próprio site da companhia aérea, na hora de fazer o check-in online.
Para a Irlanda, temos o Passenger Locator Form, disponível no site do governo. Você dará seus dados de contato e de viagem para que o governo possa localizá-lo, tanto para garantir que você cumpra a quarentena quanto para avisar caso alguém do seu voo tenha testado positivo para Covid.
Ele deve ser feito por todos que passarem pelo país, seja como destino final, seja como transferência para outro país. Se você esquecer de fazê-lo, poderá preencher no aeroporto, antes de passar pela imigração. Mas faça isso antes de embarcar, é bem melhor. O formulário é curto e simples.
Aqui na Irlanda, e na maioria dos países que levam a pandemia a sério, você precisa fazer quarentena por 14 dias após seu desembarque. Isso significa evitar sair de casa, evitar contato com outros seres humanos, não receber ou fazer visitas etc.
Não significa isolamento total, a não ser que você apresente sintomas da doença. O formulário que eu citei acima serve para que o governo possa localizá-lo e enviar mensagens de lembrete para você sobre essas medidas.
Porém, se você fizer um teste após o desembarque e esse teste der negativo, você está livre disso. Mas só depois de ter o resultado em mãos, nada de profetizar que está curado e sair turistando por aí. Observação: isso pode mudar a qualquer momento, então fique atento às notícias.
Quando eu cheguei, esse teste não era obrigatório, mas eu o fiz mesmo assim para poder voltar aos trabalhos. Paguei €99 para o laboratório Randox, que tem uma tenda de coleta no Terminal 2 do Aeroporto de Dublin, e fiz o teste no dia 14 de janeiro.
Há outras opções, mas esse é o mais em conta. Lembrando que precisa ser agendado on-line previamente, independentemente do laboratório. Mais informações no site do Dublin Airport.
Como eu sou uma piada pro universo, na mesma tarde em que fiz o teste, recebi um SMS do governo da Irlanda falando que poderia fazer o teste de graça. Fui informada que, com a nova cepa do coronavírus que apareceu no Brasil (a mesma que está na moda no Reino Unido, só que turbinada), o teste pós-chegada agora é obrigatório para quem vem das terras tupiniquins, e eu poderia fazê-lo de graça cinco dias após a minha chegada.
Para isso, você deve entrar em contato com um GP (não o que você está pensando, mas um General Practice, um clínico geral), e ele vai encaminhar para fazer o teste. Não tem um GP? Sem problemas, na mesma mensagem eles já enviam um link com uma lista de médicos para você consultar. Uma mãe, né?
Um dos meus medos desde o princípio era ser barrada na imigração. Não porque estava ilegal nem nada, mas porque não era exatamente uma viagem essencial. Na verdade, a União Europeia define reunião familiar como viagem essencial, mas não ficou claro para mim se apenas em circunstâncias específicas (funeral, por exemplo). Eu fui por motivos de minha própria saúde mental, mas não tinha uma declaração médica que comprovasse.
E não era só eu que estava com medo, vi brasileiro tremendo e esquecendo o inglês na hora de se apresentar na imigração. Algo que acontece em qualquer situação, mesmo sem uma pandemia.
O que eu fiz foi já entregar meu passaporte com meu IRP (antigo GNIB, nossa permissão de residência). Como estava dentro do prazo, tudo certinho, não me fizeram nenhuma pergunta. Em Amsterdã, só me perguntaram o que eu vinha fazer aqui, falei com toda tranquilidade: “I live there as a student” (“Eu moro lá como estudante”).
Eu usei a mesma tática quando vim a primeira vez, quando ainda não tinha o IRP. No momento, a Irlanda não está recebendo novos estudantes, mas fica a dica para quando as coisas voltarem ao normal.
Entreguei todos os documentos (carta da escola, comprovantes de pagamentos, agendamento na imigração etc.) quando ele só me pediu o passaporte.
Se você não está com o inglês muito bom ainda, isso não elimina, mas diminui a chance de te fazerem perguntas e você se enrolar para responder. Acredito que o nosso nervosismo para falar transmita para a imigração que estamos tentando esconder algo de errado.
Resultado: minha parada na imigração levou menos de 30 segundos, enquanto o meu colega de voo que estava no guichê do lado só apareceu de novo quando eu já tinha coletado as minhas malas.
Espero que meus infortúnios de viagem sirvam para ajudar quem ainda vai passar por isso. Então não esqueça: não seja preguiçoso e use o Google.
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