A saída do Reino Unido da União Europeia aconteceu oficialmente no dia 31 de janeiro de 2020. Mesmo assim, o Brexit ainda está rodeado de dúvidas sobre o que deve ou não mudar efetivamente até o dia 31 de dezembro, quando termina o período de transição.
Nesse cenário de incertezas, muitos estudantes estrangeiros que pretendem realizar intercâmbio no Reino Unido continuam apreensivos.
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Para entender melhor como teve início o processo de saída do Reino Unido da União Europeia é necessário voltar alguns anos atrás.
Em 2015 o então Primeiro-Ministro Britânico, David Cameron, propôs um referendo sobre a saída do Reino Unido da UE caso saísse vencedor das eleições gerais realizadas naquele ano.
Após a vitória de Cameron, o referendo foi votado em 23 de junho de 2016, no qual 51,9% dos eleitores optaram pela saída do bloco econômico. O surpreendente resultado acabou custando, inclusive, a demissão do primeiro-ministro inglês, que advogava a favor da permanência na União Europeia.
A palavra Brexit, inclusive, surgiu da abreviação das palavras Britain (Bretanha) e Exit (saída). O termo se popularizou em 2016 durante campanhas pró e contra a saída da Grã Bretanha da União Europeia.
A boa notícia é que um conjunto de novas regras elaboradas pelo Reino Unido entrará em vigor a partir de 2021 e deve favorecer estudantes estrangeiros de fora da União Europeia.
De acordo com as novas regras, os estudantes internacionais poderão permanecer no Reino Unido por 2 anos para procurar emprego após concluir seus estudos de graduação e pós-graduação.
Durante os primeiros 2 anos após a graduação, os estudantes poderão trabalhar em qualquer emprego que encontrarem, e o objetivo é que eles façam a transição para um visto de trabalho posteriormente.
Enquanto isso, para estudantes matriculados em programas de doutorado, o período de trabalho pós-estudo será estendido para um ano. Esta iniciativa abrirá várias oportunidades para estudantes estrangeiros, que poderão mudar facilmente para um visto de trabalho quando encontrarem um emprego após a conclusão de seus estudos.
Anteriormente, a então secretária do Interior Theresa May havia eliminado o visto de trabalho pós-estudo como parte da repressão à imigração do país em 2012, o que desencorajava os estudantes a se inscreverem nas universidades do Reino Unido.
Apesar de Londres ser um dos principais destinos mundiais de intercâmbio e possuir universidades no topo dos rankings de qualidade mundiais, o Reino Unido estava testemunhando um baixo fluxo de estudantes estrangeiros.
A iniciativa do governo atual faz parte de um pacote de medidas para aumentar o número de estudantes estrangeiros no Reino Unido após o Brexit. Atualmente, são poucos os países da Europa que oferecem condições tão boas para seus estudantes estrangeiros.
A mudança também significa uma ruptura com a política atual, na qual os alunos podem permanecer no país apenas quatro meses após a formatura.
Infelizmente a flexibilização do período que estudantes internacionais podem permanecer no Reino Unido não abrange estudantes de cursos de inglês. Ou seja, a regra é válida apenas para estudantes de cursos superiores como graduação, mestrado e doutorado.
Desta forma, até o momento nada muda para os estudantes de ingês presentes ou que pretendem embarcar para um intercâmbio no Reino Unido.
De acordo com o British Council, o custo da educação no Reino Unido não deve ficar mais elevado com o Brexit para estudantes já matriculados nas instituições de ensino da Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.
Entretanto, a situação pode ser diferente para estudantes europeus que pretendem estudar nesses países a partir de 2021. Isso porque o governo britânico pode determinar que esses estudantes paguem anuidades mais caras do que os cidadãos britânicos.
Apesar do elevado custo de vida, Londres continua sendo um dos principais destinos do Reino Unido para estudar. A cidade respira cultura, sendo sede de alguns dos principais museus e galerias de arte do país. Além disso, é extremamente vibrante e cosmopolita, possuindo uma rede de transportes público ultra eficiente e instituições de ensino de primeira.
Já quem quer escapar dos destinos comuns, Edimburgo é uma excelente opção. A capital da Escócia possui duas universidades entre as melhores do Reino Unido, além de possuir um custo de vida mais barato que Londres.
Para quem pretende investir em cursos universitários, Oxford é sem dúvida um dos destinos mais recomendados. Famosa por ser casa de uma das universidades mais prestigiadas do mundo, Oxford tem cerca de 130 mil habitantes e conta com diversas opções de entretenimento. Incluindo vida noturna agitada. Outro ponto positivo é a cidade estar localizada a apenas 1 hora de Londres, além de possuir um custo de vida muito mais em conta do que na capital.
Liverpool é outra cidade bem atrativa para os intercambistas. Com custo de vida muito mais em conta do que Londres, Liverpool é muito requisitada por estudantes brasileiros. A cerca de 340 km da capital, a cidade reúne vida social agitada, com muitos bares, clube, pubs, museus, restaurantes e muita gente jovem.
Considerada a terceira maior economia do Reino Unido, Manchester é a opção perfeita para intercambistas que querem morar numa cidade grande, mas sem gastar muito, já que o custo de vida na cidade é cerca de 20% menor que Londres. A maior vantagem para quem vai estudar em Manchester é a rede de transporte. Eles tem um um serviço de ônibus com tarifa zero chamado Metroshuttle, que transporta os habitantes e trabalhadores entre os distritos dentro de Manchester.
Quando o período de dois anos de extensão de visto expirar, o estudante que pretender ficar mais tempo no Reino Unido deverá solicitar a transferência para um visto de trabalho qualificado.
Para isso, o estudante precisará obter uma oferta de trabalho cujo salário anual seja de no mínimo 30 mil libras.
Entre os demais requisitos para aplicar para o visto de trabalho britânico, chamado de Tier 2, é necessário ter pelo menos £945 na conta bancária 90 dias antes de aplicar para o visto. Este valor é considerado como prova de que você pode se sustentar no país.
Também é necessário obter do seu empregador um um certificado de patrocínio. Esse documento digital contem informações detalhadas sobre a vaga de trabalho que lhe foi oferecida.
A aplicação para o visto é realizada online. Consequentemente, você deverá agendar um horário com a imigração para fornecer impressão digital e fotos. Outro detalhe importante é que durante a espera pela aprovação do visto o candidato não pode viajar para fora do Reino Unido ou para territórios como Isle of Man e Channel Islands.
O prazo para a conclusão do processo de visto pode levar entre 2 dias úteis a 8 semanas. O preço do visto também varia de acordo com a categoria da oferta de trabalho recebida pelo profissional, podendo variar entre £464 a £1220.
De uma maneira geral, ao que tudo indica, o Brexit não deve afetar drasticamente os estudantes brasileiros no Reino Unido. Atualmente, estudantes internacionais que querem estudar no Reino Unido devem aplicar para o visto Tier 4, este é válido para graduação, mestrado, doutorado e também para cursos de inglês cuja duração é superior a 11 meses.
Os estudantes que já estão no Reino Unido com esse visto podem continuar os estudos sem se preocupar com nova documentação.
Entretanto, os brasileiros com cidadania europeia terão até o dia 31 de dezembro para estudar ou trabalhar livremente no Reino Unido. Após o período de transição ainda não estão claras quais serão as regras.
Atualmente não se espera que o Brexit tenha algum efeito sob os direitos trabalhistas dos estudantes internacionais no Reino Unido.
Assim, dependendo dos futuros acordos pós-Brexit entre o Reino Unido e a UE, é provável que os estudantes da UE se qualifiquem para os mesmos planos de trabalho pós-estudo que qualquer outra pessoa.
Entretanto, como até o momento não há um acordo definido entre Reino Unido e União Europeia para o Brexit, as regras ainda podem mudar.
O Reino Unido não possui nenhuma política específica para facilitar a imigração de brasileiros, mas podem haver medidas mais abrangentes que podem acabar, pelo menos, reduzindo as vantagens que os europeus tiveram sobre outras nacionalidades ao procurar emprego.
O Reino Unido tem uma grande dependência de mão de obra estrangeira. Para se ter uma ideia, atualmente, a taxa de desemprego é de apenas 3,6%, o que torna ainda mais difícil recrutar britânicos para áreas com alta demanda.
O setor de saúde é um exemplo. De acordo com o Serviço Nacional de Saúde (NHS), o Reino Unido já tinha um problema de falta de mão de obra antes do plebiscito. Isso foi agravado pela saída de mais de 10 mil funcionários europeus após a votação de 2016.
Outro setor que será afetado é o de restaurantes e hotéis, que, segundo as estimativas dos empregadores, precisarão contratar cerca de 60 mil britânicos a cada ano para cobrir a lacuna deixada pelos europeus quando o período de transição terminar.
Diante desse cenário, o primeiro-ministro Boris Johnson diz que isso não será um problema, já que ele pretende implementar um sistema de imigração baseado em pontos, semelhante ao em vigor na Austrália. Segundo Johnson, a medida vai atrair talentos do mundo todo, não apenas europeus.
A extensão do período de tempo que os estudantes estrangeiros podem permanecer no país após a graduação não se restringe apenas ao Reino Unido.
Na Irlanda por exemplo, após concluírem os estudos de nível superior, os estudantes podem aplicar para o visto stamp 1G. Neste caso, graduandos de cursos de bacharelado ou pós-graduação podem permanecer no país por até 1 ano, enquanto formandos de mestrado e doutorado podem estender o visto por até 2 anos.
O objetivo do governo irlandês é dar a esses profissionais recém-graduados a oportunidade de encontrar um trabalho que lhes conceda o work permit ou o green card.
Já a Alemanha oferece até 18 meses de extensão do visto de estudante após a graduação. Ao conseguir oferta de trabalho na área os estudantes podem aplicar para o visto de residência no país.
Na França formandos em cursos de mestrado podem permanecer no país por até 12 meses para procurar trabalho ou iniciar um negócio próprio. A regra é semelhante na Finlândia.
Nesse contexto, a Polônia, por exemplo, tem aberto o seu mercado de trabalho a profissionais estrangeiros para manter o ritmo de crescimento da economia nacional. Atualmente o país precisa de mão de obra qualificada nas áreas de tecnologia, saúde e construção. Mais da metade das empresas polonesas alegam que não conseguem preencher seus postos de trabalho por falta de candidatos.
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