Corrente do Bem na Irlanda favorece a troca de doações entre brasileiros

A ideia surgiu a partir do post da gaúcha Renata Lessa, que doava alguns objetos que geralmente costumam ser vendidos, a saber: edredon, violão e até um video-game. A única condição que a doadora impunha àqueles que gostariam de pegar algum dos objetos doados era que doassem algo em troca.

A partir daí, a carioca Camilla Trajano, em contato com a Renata, resolveu criar um grupo específico para esse fim. Afinal, o ponto de partida já estava ali: eram aquelas doações.

“Vimos a necessidade de criá-lo, especialmente pelo que vinha sendo vendido num famoso grupo que também faz muito sucesso entre os brasileiros que residem em Dublin. Entendemos bem que podemos passar por momentos de pouca grana e tudo mais, mas daí a querer vender panelas — que certamente você não levará para o Brasil — a um ou dois euros?!”, ressalta Camilla.

A Corrente do Bem possui mais de 6mil seguidores. Reprodução: Facebook

Desde que o grupo foi criado, entram, em média, 100 pessoas por dia. Atualmente, são mais de 6 mil membros. O controle do grupo tem ficado mais complicado, mas a maioria dos membros demonstra ter entendido a filosofia da corrente. Logo, eles mesmos “tomam conta” uns dos outros.

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Isso fica nítido com o depoimento de Renata ao falar dos membros do grupo: “São pessoas engajadas, que entenderam a nossa ideia e estão nos ajudando a ajudar. E o legal é que, além disso, as doações são muito boas. Livros, aparelhos de som, televisão, roupas, enfim, coisas úteis!

Estamos mostrando que é possível fazer o bem sem esperar algo em troca e sem a necessidade de estar ligado a religiões ou partidos políticos. Apenas para ficar feliz!” Aponta Renata Lessa, que faz parte da moderação do grupo.

Corrente do Bem da Irlanda é realidade na comunidade brasileira. Photo by Evan Kirby on Unspla

Confira, abaixo, alguns registros de doações já realizadas e alguns comentários de membros do grupo.

“Conheci o grupo ‘Corrente do Bem’ há um tempinho e, logo de cara, achei uma ideia genial e uma alternativa para passar adiante o que não nos é mais útil por qualquer motivo que seja. Sempre tem alguém que precisa de algo que, às vezes, está sem uso para nós.

Com o meu retorno para o Brasil, resolvi doar umas coisas que não usaria lá e acho bacana, pois quem vai continuar aqui e passar mais um inverno vai precisar de um par de luvas, um edredon, um casaco que seja… E nem sempre tem grana para comprar. Ajuda ambos os lados: o de quem doa e o de quem recebe. Além disso, o que recebe também doa e, assim, cria-se uma corrente que ajuda o próximo.

Apoio mais ainda o fato de ser moderado, uma vez que o grupo se torna mais organizado, já que regras, mesmo sendo ditadas, nem sempre são seguidas. A moderação está aí para trabalhar nisso, fazendo a coisa toda funcionar como deve, deixando a harmonia do grupo mais bacana ainda.” Maria Carolina Cunha.

“Moro em Dublin há quase 10 meses e conheci o grupo através da minha flatmate. Ela disse que tinha uma nova página onde as pessoas poderiam doar e receber coisas. E funcionava como uma corrente. Não entendi bem do que se tratava, mas ela estava bem empolgada, pois bem nessa época o computador dela estava ruim e a grana curta para arrumá-lo, e na página havia um rapaz “doando” serviços de reparos.

Quando o rapaz veio para o conserto, entendi o porquê de “corrente” no nome e lembrei que havia trazido do Brasil um ferro de viagem, que nunca havia usado. Primeiro, porque não passo minhas roupas. E, segundo, no apê onde moro há um ferro grande. Já tinha pensado algumas vezes em vendê-lo, mas, depois da página, achei que seria mais interessante doá-lo.

Então, em poucos dias, uma garota (Dayane da Silva) veio me dizer que estava precisando do ferro e eu, poucos dias depois, vi que outra garota (Paula Nunes) estava doando um secador. Achei o máximo! Passei para frente o ferro e, de quebra, peguei algo de que estava precisando.

Depois disso, recomendei para muitos amigos a página e espero que ela só cresça. Todos temos coisas que não utilizamos, e elas podem ser úteis para outras pessoas.” Mariana Gasparetti.

FAQ — CORRENTE DO BEM

Como se tornar membro da Corrente do Bem no Facebook? Photo by Tim Marshall on Unsplash

1 – Como funciona o grupo?

O grupo é moderado. Logo, os posts passam por uma análise antes de serem autorizados. Isso acontece justamente para o grupo não perder o propósito. Assim como os posts, novos membros também precisam ser autorizados pela moderação. Isso ocorre porque não são aceitos perfis “jurídicos”, apenas físicos, uma vez que o intuito é ajudar pessoas e não empresas.

2 – Como funcionam as doações?

As doações são disponibilizadas pelos membros através de um post com foto e descrição. Só são aceitas doações com objetos em bom ou perfeito estado, além das doações de conhecimentos específicos, como língua estrangeira, informática, economia, etc. O que conta é a benevolência!

3 – Me interessei por uma doação. Como devo proceder?

O interesse deve ser manifestado pelos comentários, para que todos os membros possam acompanhar e ver que o grupo realmente funciona. A moderação aconselha que apenas os detalhes da entrega devam ser trocados por mensagens privadas, a fim de manter a privacidade e a segurança do doador e do beneficiado.

4 – Qualquer um pode receber uma doação?

Sim, desde que disponibilize uma doação também para que a corrente não se quebre.

5 – Posso receber mais de uma doação?

Sim, desde que você esteja precisando e de que doe um item para cada doação recebida. Pedimos sempre que os membros se perguntem se estão realmente precisando daquela doação.

Identificou-se com o propósito do grupo? Está curioso para saber quantas doações já ocorreram?

Então venha fazer parte!

Clique aqui e seja um membro. :)

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