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Crise irlandesa, como os brasileiros estão se virando?

Vamos a pergunta que não quer calar, a Irlanda entrou em falência, tem um monte de notícia negativa pipocando na mídia, mas e os brasileiros, como estão se virando, estão perdendo emprego, encontrando um ou voltando para casa?

Essa pauta surgiu depois de um encontro com uma turma de brasileiros na escola onde estudo. Éramos uns dez, entre outros que chegaram e saíram da conversa. A pauta, claro, emprego, dúvidas, dificuldades, incertezas, aventuras e a tal da falência irlandesa.

Dos dez brasileiros que estavam na roda, seis estavam trabalhando, dois estavam só com algumas horas da semana preenchidas e dois ainda não haviam encontrado nada. A maioria esta na Irlanda há mais de seis meses, com exceção de duas garotas que chegaram a pouco menos de dois.

Maurício Ribeiro chegou com a esposa, há pouco mais de um mês, comentou que tem batido muita perna para encontrar um trabalho. “Minha esposa teve mais sorte e conseguiu alguns clenears”. No caso dele a situação não esta sendo fácil e ele confessou que parte da dificuldade é pelo pouco inglês. Ele até arrumou um trabalho de planfeteiro, mas tem sido esporádico e ele continua procurando por algo mais fixo.

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Recado: Apesar do meu inglês básico tenho tido uma evolução rápida e vejo que com um pouco mais de fluência consigo algo melhor.

Mauricio, economista, em Dublin há pouco mais de um mês, maior problema tem sido a falta de fluência

Outro relato foi a do Roberto Xavier. Ele chegou em Dublin há seis meses começou a mandar curriculos e foi chamado para uma entrevista com um fornecedor da rede Insomnia. Fiquei surpresa quando ele contou que havia feito a entrevista junto com outro brasileiro (que foi como interprete). Pensei comigo, nossa, já era, sem inglês. E não é que ele foi contratado. Para ele, uma das coisas mais importantes para quem esta vindo para a Irlanda, é primeiro, se despir de pudores, e entender que no início a condição de não europeu e estudante certamente o direcionará para os trabalhos inferiores, mas que “podem garantir o acesso a outros patamares. “Mudei completamente de área e estou muito bem aqui”, disse ele, que acabou de trazer a sua esposa que também conseguiu um trabalho de nanny.

Recado do Roberto. Não venha contando com os cursos e diplomas do Brasil. Aqui a realidade é outra! Capriche no curriculo e boa sorte!

Bom, a Anne não teve a mesma sorte do Roberto, na Irlanda há apenas dois meses, ela já esta disposta a jogar a toalha. A situação dela é a seguinte. Veio para a Irlanda para espairecer a cabeça de alguns contratempos no Brasil. Não fazia nem ideia que a Irlanda existia até pouco mais de três meses. Chegou com pouquíssimo dinheiro e que já esta acabando. Com o inglês ela disse que consegue se virar, mas não tem sido suficiente e ela não conseguiu nada ate agora.

Recado da Anne: Com um mês aqui pensei em desistir, mas se eu tivesse feito isso estaria muito chateada agora. Se você quer mesmo vir, venha pronto para a luta, eu continuo tentando.

No meio da discussão sobre a falta de empregos e dicas de onde procurá-los eis que chega a menina da coxinha, eu que nem posso, não resisti. A Mônica esta aqui na Irlanda há pouco mais de quatro meses. Tentou, tentou, tentou e cansou de procurar serviço. Com as habilidades culinárias e com a ajuda de outro brasileiro passou a fazer coxinha, pão de queijo, bolo e o que mais a galera pedir. Vende para brasileiros e esta conseguindo pagar as contas e manter acessa a chama do intercâmbio.

O que a Mônica nos deixa de exemplo: É preciso se virar nos 30, com a venda dos salgadinhos deixei de usar meu cartão de crédito para comprar comida. Estou pensando em arrumar outro emprego, para ficar mais tranquila e  e não penso em voltar tão cedo para o Brasil.

Mônica se virando com a venda de salgadinhos

Zandra Marina Monteiro é mais um caso. Com pouco mais de dois meses por aqui, esta instalada num hostel com amigos brasileiros. Trabalha apenas dois dias na semana. Mas dá para sobreviver? “Bom, como são poucas horas, estou tendo que segurar os gastos e continuo procurando um emprego fixo, que eu consiga conciliar com o meu horário de nanny”.

No caso da Zandra, ela começou a enviar currículos desde o Brasil, mas após chegar aqui, percebeu que precisava direcionar melhor o foco da procura por emprego. Zandra acrescenta que apesar da crise, as oportunidades para os estudantes brasileiros continuam acontecendo, já que, os sub-empregos não deixaram de existir, mas acredita que o “quem indica”, pesa na hora de encontrar uma oportunidade de emprego.

Qual o recado da Zandra? Foco e network são pontos importantes. Pense nisso!

O Rogério, um jovem de 25 anos que eu havia conhecido nas aulas de Business e que há algumas semanas havia desistido do trabalho de vendas porta a porta, esta agora trabalhando em outra empresa, na verdade uma lavanderia. Não pareceu muito animado com o novo job e até reclamou das dores no braço, causadas pelo esforço diário, “mas é isso que tem”, disse.

O que o Rogério nos deixa de exemplo: Não está dando para escolher, pegue o que aparecer e continue procurando coisa melhor, pague suas contas e realize seu sonho!

Outro dia cruzei com o Emerson, uma prova de que sorte é um elemento importante na busca por emprego. Emerson me relatou o seguinte, com duas semanas em Dublin, preencheu o cadastro no site da Next, respondeu a uma série de perguntas sobre moda, que segundo ele, sabia pouco e para sua surpresa foi chamado para a entrevista. Ele foi, explicou que tinha inglês bom, mais ainda cometia alguns erros, foi sincero, falou das suas perspectivas em solo verde, e conseguiu a vaga. Esta trabalhando de Sale Assistent, no setor feminino e de calçados.

Qual o recado do Emerson? De que crise vocês estão falando?

Daniel Caetano da Conceição Filho, o Dani, já é quase um veterano na Irlanda, são quase 2 anos e meio pedalando pelas ruas de Dublin. Com 24 anos, ele se diz feliz e pretende ficar mais um ano. “Como a maioria vim em busca da realização do sonho de morar fora do pais e conhecer outras culturas”.

Nesses dois anos, o Dani teve que dar seus pulos, teve fases que só conseguiu 10h semanais de trabalho. Quando a crise estava bombando em 2008, os trabalhos que lhe apareciam não eram dos melhores, principalmente os que exigiam trabalhar de madrugada suportando a friaca de inverno.

Disse que não tem o que reclamar, continua na história do subemprego, mas com horários mais normais e entre apuros e momentos de muita alegria voltará para o Brasil com muita história para contar. Entre elas, a oportunidade de jogar pela Liga de Futsal irlandesa, de ter conquistado um título pelo time de futebol English in Dublin e ainda ter conhecido o Rei Pelé, justamente aqui, na Irlanda.

“Nos dias atuais vejo que a situação não é a mesma de quando eu cheguei. Antes as placas de empregos estavam em todos os lugares, hoje a realidade é bem diferente. Mas ainda é possível encontrar emprego, porém, só para quem esta disposto a correr atrás. Meu lema é: “Somos brasileiros e não desistimos nunca”.

O que o Dani deixa para a galera que está vindo! Galera, isso aqui não é a Disneylândia

Daniel no seu momento de glória em Dublin. Ele e o rei Pelé!

Ávany França

Jornalista por profissão, já passou por editorias de moda, gastronomia, história e turismo. Uma vida sem desafios não foi desenhada para essa baiana de Salvador. Amante das viagens, coleciona mais de 80 destinos no passaporte. Quer saber mais? Corre porque até você terminar de ler esse perfil já terei alguma novidade.

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