Por Gislanne do Nascimento Silva
Quando falamos de estilistas internacionais, muitos nomes vêm à nossa mente: Coco Chanel, Yves Saint Laurent, Calvin Klein, entre tantos outros. E esses são nomes que sempre fizeram parte do meu cotidiano. Sempre sonhei em conhecer a Europa, suas vitrines, exposições e avenidas da moda.
Sou formada em Moda, atuo na área há mais de 10 anos e trabalhei em grandes empresas no Brasil.
Nunca imaginei que aos 30 anos e casada, iria fazer um intercâmbio – e muito menos que iria ter a oportunidade de criar uma coleção para uma marca internacional.
Em novembro de 2015, eu e meu marido decidimos deixar o país e a rotina que tínhamos para encarar um intercâmbio. Desde que tomamos a decisão e fechamos o pacote para a Irlanda, tivemos que conviver com uma enxurrada de críticas.
Respeitamos cada comentário, apoio, votos de incentivo e tentamos ignoramos as críticas negativas. Assim, em março de 2016, embarcamos para a Ilha Esmeralda, com aquele frio na barriga e um misto de alegria e incertezas.
Ao chegar em Dublin, enfrentemos os receios de todo intercambista, seja ele aos 18 ou acima dos 30 anos, como era o nosso caso. Procurar casa, tirar o visto, se adaptar ao clima, além da tão temida busca por um emprego.
A acomodação surgiu nos primeiros 10 dias no país. Fomos acolhidos por um casal superbacana que, além de flatmates, se tornariam também meus chefes.
O casal de empresários, ele italiano e ela brasileira, escolheram Dublin como endereço há mais de 4 anos. Eles estavam abrindo uma marca de moda infantil, e ali estava eu, no lugar certo e na hora exata.
Ao conhecê-los, nos apresentamos, conversamos sobre vários assuntos, inclusive da saudade que ela, brasileira, tinha do nosso país. Começamos a falar sobre as riquezas culturais que rodeiam o nosso Brasil e outros fatores que geralmente não nos damos conta.
Foi quando eu também comentei sobre a paixão dos europeus pela nossa renda renascença. Pra quem não sabe, a sua origem é do século XVI na Europa – daí o nome “renascença”. Trazida ao Brasil pelos portugueses, a confecção da renda foi ensinada em conventos e colégios internos de Pernambuco.
O que eu não podia imaginar era que desse comentário despretensioso, sairia um convite de trabalho, e o melhor, na minha própria área de atuação.
E foi justamente assim que aconteceu. Dessa forma, surgiu uma ideia de desenvolver a coleção do nordeste brasileiro para o mercado internacional.
É claro que o fato da empresária ser brasileira ajudou muito, sobretudo na comunicação e no marketing pessoal, já que eu tinha chegado à Dublin havia pouco tempo e ainda não dominava a língua.
Dessa forma, em poucas semanas iniciamos o desenvolvimento da coleção. A experiência foi riquíssima. Eu pude visitar a produção de renda na Itália, participar da sessão de fotos, que foi feita em um Pub bastante conhecido em Dublin, além de conhecer profissionais da área, como fotógrafos da Brown Thomas e designers de diversas marcas, podendo, assim, praticar a língua, conhecer a cultura do país e o circuito de moda local.
Não desista dos seus sonhos no primeiro percalço ou ao escutar críticas negativas sobre as suas escolhas. Eu encarei o intercâmbio aos 30 anos e apesar de ter apenas a intenção de aprimorar o idioma, acabei tendo a oportunidade de atuar na minha área ainda no primeiro mês no país.
A verdade é que quando nos abrimos para o mundo, tudo pode acontecer. Esteja aberto e disposto a abraçar o que o universo tem a te oferecer.
Atualmente, de volta ao Brasil, represento a marca irlandesa no nosso país, pois parte da sua fabricação é feita aqui.
Revisado por Tarcísio Junior
Imagens via Shutterstock
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