Cidades do mundo todo caíram nas graças do scooter, um patinete motorizado que pode ser guiado por qualquer pessoa em ruas, calçadas, praças etc. Se, por um lado, ele é útil, barato, econômico e não poluente, por outro, pode ser perigoso se usado de forma insegura.
Por conta de todos esses motivos, a Irlanda ainda não decidiu se vai permitir os scooters em seu território, abrindo a possibilidade da entrada de empresas que fazem o aluguel desses equipamentos, já tão difundido pela Europa afora e, até, no Brasil. Por hora, ainda é ilegal percorrer com um scooter pelas ruas da ilha.
O scooter é um patinete motorizado ou um PPT (Powered Personal Transporter — transportadores pessoais motorizados). Se você teve sua infância nos anos 1990 ou 2000, vai lembrar que era comum entre adolescentes os patinetes motorizados que funcionavam à gasolina. Os novos scooters são elétricos, o que facilita e barateia seu uso e, ainda por cima, o torna mais ecológico.
O número de usuários desses scooters eletrônicos disparou nos últimos anos, oferecendo uma forma de transporte barata e confiável para evitar o tráfego. Variando de € 400 a € 600, eles pesam cerca de 12 kg e, dependendo do modelo, podem atingir velocidades máximas de 30 a 50 km/h.
Por ter um motor conectado, na Irlanda, os scooters elétricos são considerados um veículo de propulsão mecânica — MPV (Multi-Purpose Vehicle) —, segundo a legislação vigente. E, se é um veículo, deve seguir as leis, como a necessidade de carta de motorista para dirigir e ter o seguro pago, além de ser taxado com os impostos regulares em MPVs.
De acordo como Ministério dos Transportes da Irlanda, não é possível que qualquer pessoa trafegue com um scooter pelas ruas da Irlanda sem ter todos os documentos necessários. Ou seja, não é como uma bicicleta.
Mas mesmo que você queira legalizar seu scooter, ou seja, ter carta de motorista, pagar seguro e taxas, isso também não é possível, pois não há uma lei específica para esse tipo de meio de transporte. E é aí que está o entrave de toda a situação irlandesa a respeito dos scooters.
Um relatório do governo fez um estudo a respeito de toda a situação envolvendo os scooters e decidiu: a proibição seria contraproducente e difícil de aplicar. E aprovar o uso seria um ponto para o governo a respeito das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, que está nos planos e metas da Irlanda 2040 e que também inclui o apoio ao uso de carros elétricos.
O relatório encomendado pela Road Safety Authority (Autoridade de Segurança Rodoviária) foi enviado ao Ministério dos Transportes e afirma que a segurança dos usuários também é importante, recomendando “padrões de segurança”, treinamento e campanhas de conscientização, além da proibição em estradas de alta velocidade.
Outro ponto é a interação com os pedestres, já que o relatório sugere a permissão em calçadas, mas com um máximo de velocidade a 6 km/hora. Em suma, o relatório diz que a Irlanda deve, sim, autorizar o uso de scooters para, além de tudo, reduzir o congestionamento do tráfego, melhorar a qualidade do ar e promover viagens ativas.
O ministro dos Transportes Shane Ross lançou agora uma consulta pública curta e focada em scooters. É um tipo de referendo, no qual se pergunta: Should Ireland legalise electric scooters? (Deveria a Irlanda legalizar os scooters elétricos?). Ele termina em 1º de novembro.
O governo acredita que o período de consulta permitirá ouvir uma ampla variedade de opiniões interessadas de grupos, organizações de segurança e do público para saber como lidar com esse cenário.
Se você já tem um scooter e não sabe o que fazer com ele, a dica é esperar. Muitas pessoas têm ignorado as leis e dirigido seus scooters pelas ruas da Irlanda. O que pode levá-las a multa e outras atitudes mais severas, como apreensão de equipamento em caso de fiscalização da Garda.
O recifense Tiago mora em Dublin há poucos meses e já possui um scooter. Ele já tinha usado no Brasil e comprou logo após ter chego, pois gosta da praticidade. Ele começou a usar nas ruas de Dublin até que, voltando da escola de inglês, foi parado pela Garda.
“Eles perguntaram se eu tinha seguro para minha scooter e uma licença para pilotá-la. Eu disse que não. Então, disseram que eu não deveria estar pilotando na rua. E, ainda, que poderiam tomar minha scooter, mas que não o fariam. Eles pegaram meus documentos e eu precisei pagar uma multa de 80 euros. Eles também recomendaram que eu não mais pilotasse a scooter e tive que voltar para casa carregando-a”, contou.
Tiago disse que a multa veio como se ele não estivesse usando capacete, mas ele estava com todo o equipamento de segurança. “Eu acho que eles ainda não têm no sistema uma multa específica para scooters, mas, na descrição da multa, falava sobre o que tinha acontecido, apesar de ela ser sobre falta de equipamento de segurança”, disse.
Até o momento, 9 países europeus já permitem as scooters: Áustria, Bélgica, República Tcheca, Dinamarca, França, Polônia, Portugal, Espanha e Suíça. Outros, como Itália, estão prestes a fazer parte dessa lista.
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