Em oito meses na Irlanda trabalhei em 5 empregos diferentes
6 anos atrás
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Hoje, vamos fugir um pouco da regra e contar não apenas sobre um subemprego, mas vários. Aliás, o post de hoje também serve para ilustrar que nem sempre as coisas saem como o planejado, e ter num plano B na manga, durante o seu intercâmbio na Irlanda, além de muita disposição para o aprendizado são fatores que, com certeza, ajudarão a segurar as pontas.
E a nossa vítima é paulistana, tem 30 e se chama Bianca Lisboa.
A Bia passou oito meses em Dublin e, nesse período, descobriu que, para encarar um intercâmbio, você precisa, antes de mais nada, senso de aventura, coragem e muita predisposição para mudanças.
Cheguei achando que encontraria uma vaga de lanchonete. Foi o primeiro engano. O mais perto que cheguei de uma cozinha foi como a cortadora de legumes fraquinha (como o cretino do cozinheiro me chamava), mas garçonete que é bom, nadinha.
Eu também cheguei repleta de planos. Achei que ia dar aquele mega plus no meu currículo, fazer curso disso e daquilo, embarcar num mestrado e sair daqui com três páginas extras no currículo com um monte de siglas de instituições irlandesas estampadas. Hahahahha. Engano número dois.
Com dois meses, percebi que era melhor engavetar esses projetos e me jogar numa experiência incrível e muito mais maluca que eu poderia um dia imaginar. Mas que não tinha nada a ver com meu projeto INTERCÂMBIO PERFEITO.
Foi aí que eu entendi que, antes de mais nada, eu tinha mesmo era que trabalhar para pagar minhas contas, fosse no que fosse. Fiz meu currículo FAKE.
Faça: você vai precisar de um! E, de preferência, cheio de experiências (se é que você me entende).
Meu primeiro emprego foi por indicação. Foram apenas três dias como housekeeper — quase morri.
Emprego número dois. Indicação novamente. Só que esse era um pouquinho pior. Íamos em duas faxinar casas que tinham acabado de ser construídas ou reformadas. Aff. Quase morri parte 2.
Emprego número três. Que me desculpem as meninas que amam ser nanny. Ou foi muita falta de sorte, ou essa foi a pior das piores famílias.
Fui parar numa casa com duas crianças psicopatas e agressivas, uma mãe louca que separava até a quantidade de uvas que cada criança comeria no lanche e que tinha uma relação de amor com pimentão. Já que o cardápio era pimentão dia e noite.
Como veem. Isso tudo não foi lá um bom começo. Mas conversa daqui e dali, embarquei numa de trabalhar por agência.
Lembram do CV Fake? Foi com ele debaixo do braço que lá fui eu tentar ser a mais nova agenciada de Dublin.
Você deve estar se perguntando por que tanta falta de sorte. Pode ter sido, mas eu confesso que, hoje, olhando de fora a situação, vejo que essa experiência foi muito bacana. Serviu, por exemplo, para eu descobrir que sou uma menina muito mais forte que eu imaginava.
Foi na Irlanda que eu tive contato com gente de lugares que nem conseguia localizar no mapa, pessoas essas que me mostraram um novo sentido para a vida. Gente que passa dois anos em cada país se virando nos 30 e que carrega uma bagagem muito mais rica que qualquer CV que você produz em apenas duas folhas de papel sulfite.
Aprendi, também, que, muitas vezes, é necessário engavetar alguns dos seus projetos e se deixar levar por um mundo imprevisível. Então, você aí, que está fazendo as malas, venha ciente de que o intercâmbio perfeito muitas vezes só existe nos folders das agências.
Mas, mesmo com todas as surpresas que você possa encontrar em outro país, ter mente aberta e disposição para o novo fará da sua experiência memorável!
Imagens via Dreamstime
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