Enquadrando a História: o Michael Collins de Neil Jordan
14 anos atrás
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Quando Peadar O’Donnell perguntou em uma ocasião porque ele não legava seus papéis a posteridade para a pesquisa histórica, ele me respondeu, meio em brincadeira, que ele não tinha o desejo de começar a Guerra Civil tudo de novo.
Se a intensidade dos debates provocados pelo filme Michael Collins de Neil Jordan é algo aproximado, parece que filmes históricos são também capazes de acordar antigas animosidades políticas, para não falar sobre pressentimentos obscuros a respeito do presente conflito na Irlanda do Norte.
Políticas e o arquivo
A observação de O’Donnel é de interesse por desafiar a ideia que o conhecimento histórico é seguro uma vez que a poeira assenta nos arquivos, e historiadores ao invés de agentes são deixados para se debruçarem sobre os detalhes.
Alguns papeis estatais e documentos oficiais datando das primeiras décadas do século são ainda consideradas muito perigosas para o público, como se a descontaminação – sua meia-vida histórica – tivesse sido mal feita pela passagem do tempo. É a relação entre políticas e o arquivo que o filme Michael Collins atesta, ambos na interna narrativa e na recepção concedida a ele pelos críticos mais hostis.
Isto tem implicações importantes para quiçá a principal crítica direcionada ao filme – de que sua alegada parcialidade política afastada dos “fatos” da história, o registro “objetivo” histórico.
Como o papel-chave da coleta de informações e trabalho de inteligência em atividades próprias de Collins indica, os fatos, até mesmo do tipo de oficialmente documentados, nunca são inocentes, e tem tanto a ver com o poder, e uma configuração de agenda política, como que verdadeira. Definindo um bom exemplo para historiadores subsequentes, Collins queima o óleo da meia-noite no Escritório de Papéis do Estado no Castelo de Dublin, mas está consciente que os fatos não falam por si mesmos, e são apenas tão confiáveis quanto se inclinar por eles, o ponto de vista particular que os dota com significado.”Eu tive alguma informação em determinado ponto – um certo bousy, o mais lento dos lentos, um garoto de rua chamado Collins”, diz ele a fim de seduzir a si mesmo no castelo, como se esta fosse a única descrição que cumpre com a informação agregada nos arquivos.
Essencialemente – e amargamente – a natureza controvertida desta informação é evidente a partir da altercação tardia no filme quando De Valera protesta que “sua tática permite que a imprensa britânica pinte-nos como assassinos” – uma interpretação tão convincente que o próprio De Valera parece aceitar isso como defende uma mudança estrategicamente mais “ilustre” em compromissos militares de larga escala. No entanto, embora De Valera tenha dúvidas, alguns oficiais de estado ainda não estão convencidos por sua própria inteligência, como um “o caçado virou caçador”, personagem no qual Ned Broy atua.
O poder do filme não é só que as cenas com Collins em seu ponto de vista particular, saneando sua luta implacável na rua, mas que mostra as complexidades envolvidas na mesma descrição que toma lugar, deixando passar sozinho o julgamento dos eventos. São os assassinatos, retratados com tais efeitos gráficos, assassinatos ou não? Mesmo aqueles do mesmo lado não podem aceitar, particularmente porque eles estão cientes que o veredito final mente com a própria história, ou sim nas mão daqueles que determinam o processo histórico.
A questão aqui é uma cujo drama histórico – se no fime, literatura ou teatro – é particularemente bem localizado para expressar, mas que é raramente abordado em debates irlandeses no método histórico. Isso concerne a importância crucial do ponto de vista ou “estrutura narrativa” que organiza o conhecimento, ou dá coerência ao dado. John Regan (History Ireland 3.3, Looking at Mick again [Olhando Mick de novo]) faz questão que os mitos sob a figura de Michael Collins têm sido muito facilitados pela tendência de biógrafos adotarem uma narrativa ao invés de uma abordagem analítica de sua vida, mas seu argumento é menor que convincente se implica que duas abordagens são mutuamente exclusivas.
À medida que qualquer seleção tem lugar, relatos históricos pressupõem narrativas ou horizontes interpretativos que determinam a relevância do que é incluso ou excluído. Imparcial, modos analíticos de escrita da história transmitem uma impressão de “objetividade” não porque estas perspectivas estruturais são ausentes, mas porque estão enterradas, ou obscurecidas pela profusão de detalhes.
Pelo contraste a economia dramática de reconstruções “ficcionais” é concebida precisamente para acentuar estas formas narrativas, trazendo à tona os latentes pontos de vista que ordenam – e orquestram – o dado empírico.
Texto adaptado por Sakura Katana
Sakura Katana é estudante de História na Universidade de São Paulo (=]) e amante da Irlanda desde criança
Fonte: http://historyireland.com//volumes/volume5/issue1/features/?id=113259
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