Especial de 6 Meses! Desafios e Conquistas!

Não tinha tema melhor para o último post do Especial de 6 meses: Desafios e Conquistas.

Fiquei encarregado de escrever sobre isso, e ao invés de escrever da maneira que sempre fazemos, resolvi começar com uma pergunta: O que mudou?

O que mudou desde que vim pra cá?

Bom, o Homero e eu tínhamos um padrão de vida parecido, apesar dos diferentes contextos: morávamos em um bairro tranquilo na zona sul de São Paulo, tínhamos um cachorro (o dele era o Pingo, o meu era o Bill e depois a Lisa), ambos tinham um carro, pegavam trânsito todo dia ouvindo mp3 (ele Sister Hazel e eu Pearl Jam) no som do carro.

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A gente saia depois do trabalho pra tomar umas “geladas” em algum boteco, ia pra bares na Vila Madalena com os amigos e tomávamos açaí de sábado a tarde.

Essas são coisas básicas e nostálgicas, que todo mundo levanta quando está em um bate-papo por aqui. Mas além disso, tem o fator psicológico (dependência, emocional) e físico (saúde, corpo).

Fisicamente, perdemos peso, mas estamos comendo muito bem. Eu não comia fruta, não tomava leite de manhã e muito menos fazia exercícios extra-academia. O corpo muda um pouco, a pele fica menos oleosa por conta do clima, os machucados (não me perguntem porque) parecem demorar mais pra cicatrizar, as roupas mudam um pouco e o corte de cabelo fica mais padronizado (pra Homens: ou raspa ou fica grandinho bagunçado).

Psicológico (emocional) acredito que seja a maior mudança. Já passamos por momentos de reflexão, e claro que muita coisa vai te remeter as lembranças do Brasil, porque foi lá que você estabeleceu seu padrão. Por exemplo: Meu novo padrão é ir trabalhar de bicicleta. Acho estranho pegar ônibus ou voltar pra casa de taxi depois de um happy hour.

Quer ver um padrão daqui? Ligar de graça pra quem tem Vodafone. Virou padrão para Brasileiros aqui. Será que quando você voltar pro Brasil vai conseguir se segurar e ficar sem enviar centenas de torpedos ou fazer ligações para os amigos? E pior, quando deixar recado, você vai virar pro seu amigo em São Paulo e dizer “deixei um voice pra você” – Ele(a) com certeza vai achar estranho ouvir isso, porque não é um padrão no Brasil ;-)

Mas vou falar por outro aspecto: o fator dependência e instinto de sobrevivência. Não somos cachorros, mas também estranhamos um ambiente novo. O cérebro precisa se adaptar a novos padrões, novos cotidianos e saber “se virar com o que tem”.

A primeira coisa que acontece é o medo. Medo de vir, medo do que pode acontecer com você, uma doença, um acidente, ficar sozinho, etc. Depois que isso passa, você começa a estabelecer novos padrões pra sua vida. E aí vem a questao da independência: aprender a fazer coisas não por prazer, mas pela necessidade.

A necessidade te dá habilidades que você jamais imaginaria ter. Habilidade de falar, de ouvir, de fazer, de conduzir e de criar. Vocês estão acompanhando através do blog, tudo que está mudando, o que estamos aprendendo e o que está evoluindo.

Pra não virar um monólogo, perguntei a veteranos aqui da Irlanda, o que mudou pra eles, o que eles aprenderam, e o que evoluiu. Vejam algumas respostas:

Viajei pra Alemanha, Inglaterra, Escocia, Holanda, Italia, Franca, Portugal e Espanha. Aprendi inglês e melhorei o espanhol graças aos amigos espanhóis.

Trabalho na maior empresa de tecnologia da Europa, mesmo sem ter experiência e tendo feito faculdade de um assunto que não tem nada a ver com emprego. Na filial do Brasil da mesma empresa eles jamais teriam me considerado. (Fiz curso de Information Tecnology a distância)Aprendi a dirigir, cozinhar, pintar paredes, prender prateleiras, colocar persianas e cortinas, montar moveis e colocar piso.”
Ivna

Edu, sendo sincera, aprendi que as coisas mudam muito pouco. E que a Europa tem leis severas, mas nada impede o ser humano de agir e pensar como quer. Ou seja o fato das leis serem severas contra o preconceito, isto não impede o preconceito disfarcado, aquele que gera descaso, mas não agressão.

Aprendi que apesar de estar no primeiro mundo, qualidade de vida eh no Brasil. Se alguns brasileiros se comportassem no Brasil como se comportam quando estao fora, tambem teriam dinheiro.

E só alugar o quarto para um amigo, não comprar roupa de marca, não fazer ou ir a churrasco todo fim de semana, andar de bicicleta ou a pé para economizar, etc.

Aprendi que as pessoas que me são especiais, se comportam da mesma maneira, não importa a língua. Se preocupam com o outro, com a saude, e em ajudar. São educadas, pedem, licença e desculpas sempre que erram. O básico dos relacionamentos humanos. A parte cultural é só uma desculpa.

O egoísta brasileiro, diz que é da cultura se dar bem nas custas dos outros, o egoísta inglês diz que é da cultura não ajudar ninguem e viver sozinho.”
Edra

Aprendi a não reclamar (tanto) do clima da Irlanda, depois de ouvir tanta gente no meu estado (MT) sofrendo com o calor e com a seca…

Aprendi que não importa onde eu esteja, vou continuar acompanhando tudo que acontece no Brasil e não vou parar de me preocupar com a evolução do país e de me indignar com os políticos de lá…

Aprendi que nenhum lugar do mundo é perfeito…

Decidi que é no Brasil que quero morar. Porque eu amo o Brasil?!
Não…porque eu amo as pessoas que deixei lá.”
Poliana

Aprendi e aprendo muitas coisas todos os dias.

E a coisa mais importante que aprendi nesses anos todos é perseverar e sempre.
E que os seus sonhos podem tornar realidade e que a maior coisa que voce pode alcancar eh a paz de espirito.

Não são viagens ou dinheiro ou isso ou aquilo. As maiores conquistas não são as materiais e sim as conquistas espirituais.

Eu andei por quatro continentes procurando por muitas coisas e muitas respostas para a vida e fui descobrir a paz de espirito dentro do meu coração no meu quarto.

Hoje tenho problemas e muitos, como todo mundo tem. Mas eu tenho uma coisa que encontrei ha muito tempo nessas minhas viagens que da forças para perseverar todo o dia. E na vida nossa vida nada como um dia apos o outro. Nada como ter a oportunidade de poder recomeçar e tentar aprender o novo ou o inesperado.

Todos os dias pessoas morrem no mundo inteiro. As vezes essas pessoas não tiveram a chance de recomeçar. Mas muitas que ainda aqui estao entre nós as vezes não tentam recomeçar e aprender algo de novo. Entao a vida vai passando pelos dedos das mãos todos os como o vento passa entre as árvores. Essas pessoas um dia olham ao redor e só vêem folhas caidas.”
Paulo

Para finalizar, além de todos os aprendizados que vão ficar para sempre marcados em nossas vidas, podemos fazer uma lista de tudo que conquistamos desde que chegamos aqui!

Aprendemos
a cozinhar (mais ou menos);
Descobrimos que a lixeira do banheiro não esvazia sozinha;
Aprendemos que é difícil mas vale a pena!
Nunca diga nunca;
Fomos a 4 Shows
Viajamos para 3 Países
9 Cidades

Conseguimos 1 Emprego na área
Fomos a Muitas festas
Fizemos amigos de muitos lugares diferentes (Mato Grosso, Minas Gerais, Santa Catarina, Itália, Alemanha, Croácia, Espanha, Colômbia, Suécia, Bahia, França e até São Paulo)
Temos uma lista de discussão
E um blog sensacional que já saiu no BlueBus e na Folha de São Paulo

Além do carinho de muitas pessoas que acompanham nosso dia-a-dia, seja no blog, seja na lista!

Cada dia que passa, nos orgulhamos mais e mais da decisão de termos vindo para a Irlanda, foi uma das melhores coisas que podiam nos acontecer!

Obrigado a todos!

Edu Giansante

Fundador e CEO do edublin, Edu chegou na Irlanda em 2008, no ano pré-crise, pegou a nevasca de 2010 e comeu cérebro de cabra em Marrakesh. O Edu também é baterista da banda Irlandesa Medz.

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