Não adianta, passa ano, chega ano e a dificuldade de conseguir uma moradia por aqui parece ficar cada vez mais evidente. Os preços aumentaram, a burocracia também, se transformando em uma verdadeira competição conseguir um local para morar. Além, é claro, da lei da oferta e procura que não falha. Os problemas de moradia na Irlanda tem afetado até mesmo os próprios irlandeses e estar ciente dessa problemática é importante.
Mas, se você está se perguntando que tipo de problemas você poderá enfrentar na busca pela moradia, veja alguns exemplos mais comuns e o depoimento de quem já passou por esse processo.
É incrível como não acreditamos até vermos com os próprios olhos, mas existem, sim, casas com dois quartos e um banheiro sendo divididas por mais de 10 pessoas! O que faz as pessoas aceitarem? O valor bem menor do aluguel e o desespero de ter que sair do hostel e arranjar uma moradia fixa com urgência são dois dos principais motivos. Não precisa nem dizer que as consequências dessa superlotação costumam ser bem desastrosas. Economizar é importante, principalmente nos primeiros meses sem emprego, mas nesse caso o barato pode sair caro. Falta de privacidade, a dificuldade de organizar uma casa com tanta gente, os transtornos e filas na hora de sair de casa para coisas simples, como tomar um simples banho quente, etc.
Parece brincadeira, mas não é. A procura anda tão grande que tem gente se aproveitando da situação para alugar qualquer canto da casa, e o pior, muitas pessoas conseguem estudantes desesperados dispostos a pagar para viver em tais condições. E muitas vezes, apesar das condições inapropriadas, o valor do aluguel pode ser muito similar a dos demais moradores da casa. Cuidado! Lembre-se que os desafios dos primeiros meses de intercâmbio são muitos e ter um lugar e condições decentes para morar conta muito. Não se desespere aceitando dormir em sofás, por exemplo, pois o que pode ser a solução para seus problemas, após alguns dias pode se tornar um grande pesadelo.
Parece que não, mas é crime! Eu mesma já tive que passar por isso. Geralmente são brasileiros que assinam o contrato direto com o landlord e com ele em mãos, se sentem no direito de cobrar o que achar mais conveniente para as pessoas que entrarem na casa. Muitos superlotam o local e o dinheiro é tanto que vivem disso. É ficar esperto, pedir o contrato e, dependendo do caso, até falar com o landlord pessoalmente.
Mesmo assim, achou uma boa oportunidade e quer correr o risco? Fique esperto, pois você pode acabar sendo despejado de um dia para o outro, pois em muitos casos o landlord não sabe dessa negociação e, ao descobrir, simplesmente manda todo mundo embora.
Uma coisa que as pessoas não se dão conta é que, ao contrário do que ocorre no Brasil, onde sempre se dá um jeitinho aqui e ali para resolver os problemas, na Irlanda a coisa é bem diferente e os irlandeses não permitem tais práticas. Então é importante, principalmente na chegada ao país, se preservar para evitar problemas do tipo.
“Cheguei à Dublin em outubro de 2014. Fechei com a agência 2 semanas de acomodação estudantil e comecei a procurar vagas através do classificados no Facebook e indicações de amigos que já estavam aqui. Enfim, surgiu uma vaga em um studio para 2 pessoas, o aluguel era €300 e o depósito €800. A pessoa que estava passando a vaga era brasileira e quando fui conhecer o local com minha amiga foi assustador. Sem condições de moradia, sujo e cheio de restos de drogas espalhadas pelo chão. Perguntei a respeito do valor do depósito, ele não soube explicar, pedi o contato do landlord e o contrato do aluguel, ele não disponibilizou e ainda exigiu que fosse pago todos os meses diretamente a ele e não ao landlord. Ou seja, não teríamos nenhuma segurança e a qualquer momento poderíamos ser despejados por ele, e não teríamos como comprovar os pagamentos dos aluguéis. Obviamente não aceitamos a proposta devido à falta de condições de moradia, higiene e também pela sublocação e falta de confiabilidade por não disponibilizar os devidos documentos para a locação do imóvel. Infelizmente aqui esse tipo de negócio tem se tornado corriqueiro.”
“Depois de um mês na Irlanda, finalmente consegui uma entrevista para tentar arrumar uma vaga definitiva em um apartamento perto do centro. Porém, ao chegar ao local, tive a triste decepção de ver que estava disputando a vaga com mais 8 pessoas. Fui prejulgado pela minha aparência e nacionalidade, além de terem exigido referência de trabalho e um alto nível de inglês, que estar somente há um mês no país ainda não tinha.
No final saí triste pela péssima experiência e aprendi algumas lições como, por exemplo, que a procura é muito maior que a oferta e que é complicado encontrar flatmates que estejam dispostos a ajudar o próximo sem que pensem somente em dinheiro e no quanto o outro trará de benefício. Felizmente, após essa experiência fiz grandes amizades, o que facilitou, e muito, encontrar uma moradia e formar uma família por aqui.”
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“Começando Meu Intercâmbio” é uma série que surgiu para ajudar os recém-chegados à Irlanda nos seus primeiros passos na Ilha Verde. Além do próprio relato da nossa colunista Carol Braziel, os textos serão sempre recheados de links úteis, com dicas e o passo a passo para cada uma das etapas (abertura de conta bancária, procura por acomodação, Irish Residence Permit – IRP, procura por emprego diversos detalhes do dia a dia na Irlanda).
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