Assistir a um jogo de futebol no Brasil, se você realmente gosta do esporte, pode resultar num dia seguinte sem voz! A gritaria, a animação e a energia geradas pela torcida em um estádio brasileiro são dignas de nota. Mesmo para quem não é tão torcedor, como eu, a visita pode render uma boa diversão.
Aqui na Irlanda, o passeio também é um programa divertido e leva famílias inteiras ao estádio, seja para o rugby ou para o futebol, e sem violência entre torcidas. Agora, se você espera encontrar aquela energia e aquela emoção desesperada que vemos nos estádios brasileiros, pode esquecer! Os irlandeses são muito mais contidos na hora de torcer. Na televisão ou no rádio, por exemplo, nem o narrador grita gol!
Não pense, porém, que o acanhamento é falta de paixão! Os irlandeses gostam, sim, de um bom match (palavra em inglês que significa jogo, partida). Prova disso são os palcos que recebem as melhores disputas em Dublin, seja de futebol gaélico, seja de rugby ou do futebol tradicional. O Aviva Stadium e o Croke Park são estádios para brasileiro nenhum botar defeito!
É o maior estádio da Irlanda e o quarto maior da Europa. Tem capacidade para 82.300 pessoas. Para comparar, o Morumbi, em São Paulo, está entre os três maiores do Brasil e comporta cerca de 72 mil pessoas, segundo o site oficial. O Croke Park é centenário, mas passou por uma grande reforma nos anos 90, que durou cerca de 12 anos. Hoje, é palco não apenas de eventos esportivos, mas também de grandes shows.
O Croke pertence à Associação Atlética Gaélica, GAA na sigla em inglês. A GAA é uma instituição antiga, responsável por promover os esportes tradicionais irlandeses, principalmente o futebol gaélico e o hurling.
Durante quase toda a existência do Croke, o futebol que nós, brasileiros, conhecemos, foi proibido no estádio. Isso mesmo, proibido! O esporte criado pelos rivais e inimigos ingleses era considerado uma ameaça à popularidade dos esportes gaélicos e mais uma tentativa de a Inglaterra acabar com a cultura irlandesa.
A atitude parece autoritária, mas encontra justificativa nos longos anos de repressão à cultura local sofrida pelos irlandeses (durante o domínio do Reino do Unido, quem fosse pego jogando algum esporte gaélico podia ser fortemente punido).
Foi só a partir de 2000, quando o futebol era um esporte já consolidado no mundo e a Irlanda ganhava destaque na Europa, que a proibição no Croke começou a ser questionada com mais intensidade. O assunto tornou-se uma grande polêmica com o anúncio da reforma do estádio que, até então, sediava os jogos de futebol e rugby, o Lansdowe Road.
Uma grande votação entre os associados da GAA decidiu pelo fim da proibição, e o Croke passou, finalmente, a receber jogos de futebol tradicional. Durante a reconstrução do Lansdowe Road, quando as seleções de rugby e futebol ficaram sem casa, a permissão foi consolidada.
Outro elo que reforça a ligação do Croke Park com o nacionalismo irlandês foi o massacre que aconteceu no estádio durante a Guera da Independência da Irlanda, conhecido como Bloody Sunday (anterior ao Bloody Sunday que aconteceu na Irlanda do Norte).
Em 21 de novembro de 1920, durante uma partida de futebol gaélico entre Dublin e Tipperary, soldados ingleses invadiram o gramado e abriram fogo contra a arquibancada, matando 14 pessoas, inclusive crianças e, também, um jogador. A barbárie foi uma represália do exército aos assassinatos de agentes secretos britânicos na noite anterior.
Você pode conhecer todas as curiosidades do Croke Park e da história dos esportes gaélicos no museu da GAA, que fica anexo ao estádio. O museu é interativo, cheio de imagens e vídeos antigos. Lembra muito o Museu do Futebol, no Pacaembu, em São Paulo. Vale a visita!
O Aviva é outro estádio tradicional na Irlanda, menor que o Croke Park, só que mais novo, pois foi inaugurado em 2010. Tem capacidade para 50 mil torcedores e é palco, também, de eventos musicais.
A construção começou em 2007, com a demolição de outro estádio, o Lansdowe Road. Construído em 1872, o Lansdowe era um estádio poliesportivo, mas tornou-se a casa das seleções irlandesas de rugby e futebol.
Esse vídeo mostra como o antigo estádio deu lugar ao novo e imponente Aviva.
O grupo Aviva, uma grande seguradora britânica, detém os direitos sobre o nome do estádio. Um dos destaques da mega estrutura é a sustentabilidade. A cobertura, por exemplo, foi desenhada para aproveitar melhor a luz do sol (quando ele aparece por aqui!) e economizar energia. O estádio também tem um sistema para o uso da água da chuva (essa não falta!) e foi construído com reaproveitamento da estrutura metálica do Lansdowe.
Não é só em dia de jogo que você pode conhecer os estádios. Tanto o Croke quando o Aviva oferecem passeios guiados. Encontre mais detalhes nos sites: Croke Park e Aviva Stadium.
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