Estudar no exterior faz bem ao cérebro e aumenta a criatividade
5 anos atrás
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Fazer um intercâmbio é sempre emocionante. Passados os perrengues financeiros e o tempo com o planejamento, é hora de absorver as possibilidades — entre elas, a vivência com pessoas de hábitos diferentes e os relacionamentos interculturais… Mas calma, não estamos falando da vida amorosa.
Adaptar-se a novas situações é um dos maiores estimulantes do cérebro durante o intercâmbio, já que entender uma nova cultura significa não só mudança de hábitos, mas revisão de valores. Essa mudança de mindset coloca o expatriado em novas situações que, muitas vezes, podem ser extremamente desafiadoras, o que o força a pensar novas atitudes, tornando-o mais criativo.
Um estudo publicado no Journal of Personality and Social Psychology, por William W. Maddux e Adam D. Galinsky, propôs diversos testes com estudantes para medir a criatividade e a relação dela com pessoas que viveram fora de seus país natal. Basicamente, foram dois tipos de exercícios.
O primeiro envolvia graduandos na solução de uma atividade de lógica. Nela, 60% dos estudantes que viveram fora conseguiram o resultado, enquanto 40% que não viveram a experiência finalizaram a proposta sem sucesso. Em outro teste, estudantes de MBA tiveram que propor uma solução para um grande business. Foram criados grupos com pessoas que viveram no exterior — os quais 70% obtiveram o resultado esperado — e grupos com pessoas que nunca viveram — destes, nenhum conquistou o objetivo.
Em tese, segundo os pesquisadores, não foram os resultados que comprovaram a ligação entre a criatividade e o fato de morar no exterior, mas sim que, em ambos os testes, estes viajantes utilizaram a criatividade e a flexibilidade para chegar ao objetivo.
Flexibilidade é a chave para o sucesso do intercâmbio
Além da criatividade, uma pessoa que se expõe a um novo contexto cultural se torna ainda mais flexível durante a experiência. “A noção de certo ou errado muda de cultura para cultura”, lembra a psicóloga e coach especializada em intercâmbio Lilian Sousa. Segundo ela, diante das novas possibilidades, o indivíduo amplia sua visão de mundo, tornando-se open minded, ou sejam, mais aberto para o novo, pois se vê na necessidade de experimentar a todo o tempo, além de quebrar os próprios paradigmas e criar competências antes desconhecidas, exercitando o cérebro, pois é preciso focar em soluções.
Não é incomum, por exemplo, observar expatriados se descobrindo e se reinventando durante a estadia em outros países, inclusive apostando em trabalhos mais simples, como o caso de muitos intercambistas que enveredam por carreiras completamente diferentes das que atuavam em seu país de origem. Tana Storani, por exemplo, antes de se tornar uma Coach de Carreira e LinkedIn Expert, assim como muitos outros estudantes, também atuou como garçonete na Irlanda e ressalta que foi um período de grande aprendizado.
O empreendedorismo é outra vertente que muitos tendem a desenvolver durante uma temporada no exterior. Aqui na Irlanda, por exemplo, nos últimos anos, tem sido cada vez mais comum encontrar brasileiros empreendedores, já que a questão da empregabilidade é um dos grandes desafios dos expatriados.
O brasileiro Vilar Cunningham, após alguns anos na Irlanda, percebeu que existia uma carência nos sites de relacionamento para lésbicas no país e decidiu criar um aplicativo exclusivo para esse público, o Les Girls App. “Criei o app principalmente para permitir que mulheres paquerassem entre si, sem terem que se preocupar com possíveis perfis fakes de homens, algo muito comum”, conta.
Criatividade e originalidade
Fluência Ideacional é o termo utilizado pelos estudiosos sobre as pessoas criativas que apresentam um grande número de ideias para um único problema. Isso porque elas são testadas o tempo todo, o que a leva à originalidade, ou seja, quanto mais você se torna flexível e original, mais qualidade terá na solução dos seus problemas!
Todos esses fatores que tiram a pessoa da zona de conforto resultam na habilidade de adaptar-se às adversidades. De acordo com a psicóloga Lilian Sousa, encarar isso com flexibilidade será menos traumático e ajuda a aumentar as possibilidades, até mesmo, na vida profissional. “Essa experiência amplia o senso de equipe, seja no mercado de trabalho, seja com a família ou o parceiro”, explica. Eis porque os recrutadores apreciam a experiência no exterior dos candidatos.
É esse exercício da convivência e de vencer os obstáculos que também vai estimular o seu processo de amadurecimento, pois a busca pelo conhecimento é uma constante. “Durante o intercâmbio, a pessoa aprende a focar na solução. De um jeito ou de outro (com a mente aberta, criatividade e flexibilidade aguçadas), vai ter que dar certo!”, finaliza Lilian.
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