O Big Brother Brasil está de volta e muitos brasileiros estão de olho na telinha para acompanhar, por três meses, os acontecimentos na casa mais vigiada do país.
Aqui do outro lado do mundo, na Irlanda, muitas vezes a experiência do intercâmbio tem a ver com o confinamento. Dividir casa, conviver com desconhecidos e viver desafios diários podem ser pautas similares com o BBB. Será? Bom, quem melhor para contar essa experiência se não alguém que já fez parte dos dois mundos?
A ex-BBB Talita Araújo participou da edição de 2015 do programa e mora há três anos na Irlanda. Nascida e criada em Goiânia, morou em Manaus, Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, chegou a ir para o Canadá até entender que a Ilha Esmeralda era seu destino.
Antes do BBB, trabalhou como comissária de voo e, depois do BBB, passou alguns anos trabalhando em eventos e pelas redes sociais da internet. Em Dublin, onde vive atualmente, foi garçonete e agora faz parte da equipe de gerência de um restaurante na área central da cidade.
Aos 29 anos, Talita contou ao edublin sobre sua experiência fazendo intercâmbio e como sair do Brasil foi uma forma de se reerguer após uma depressão causada depois de sua participação no BBB 15.
Talita contou que teve uma depressão muito forte depois de sair do BBB, mas ela foi falar pela primeira vez sobre o assunto na grande imprensa no ano passado. “Para mim, foi muito difícil sair da realidade da vida que tinha como pessoa anônima, depois como pessoa pública. Eu não imaginava como era, eu não sabia”, disse.
Esse processo, segundo ela conta, foi doloroso e muito complicado.
“Entrei em uma depressão profunda e fiquei dois anos sem fazer nada da minha vida. Até que um dia eu levantei e falei para minha mãe: ‘eu quero ir para outro país’.”
A primeira opção de Talita foi o Canadá, mas ela confessa que seguiu viagem sem saber direito o que iria encontrar e sem se preparar. “Chegando lá eu percebi que o buraco era um pouco mais embaixo”, conta.
A burocracia sendo maior, com estudantes de idiomas não podendo trabalhar e ela sem saber inglês, acabou frustrada.
“Quando percebi a inviabilidade de ficar no Canadá eu pensei: ‘não posso voltar para o Brasil’. Foi muito difícil fazer o movimento de sair de um estado de vegetação, de depressão, e de repente ter que desistir”, lembra. Foi quando ela ligou para uma prima que já vivia na Irlanda como intercambista.
Com a facilidade em estudar e trabalhar na Irlanda, Talita viu uma nova possibilidade.
“Sempre tive vontade de fazer intercâmbio, mas sempre me pareceu algo super distante, por envolver muito dinheiro, vindo de família pobre. Era um sonho inalcançável.”
As dicas da prima, porém, foram essenciais para que ela se animasse e visse uma grande possibilidade de partir para a Irlanda. E partiu!
Talita seguiu com os estudos de inglês enquanto trabalhava como garçonete em um restaurante próximo ao Stephen’s Green Park. Hoje, após três anos de sua chegada, ela finalizou o curso de idiomas e conseguiu visto para permanecer no país trabalhando, na área de gerência do mesmo restaurante.
“Não tenho planos de ir embora, quero continuar aqui. Percebi, morando na Europa, um mundo completamente diferente do qual eu cresci”, disse, ressaltando que, muitas vezes, no Brasil, as pessoas crescem sem chance de crescer.
“Acho que foi o que aconteceu comigo. Morando aqui, eu vejo oportunidades muito mais fáceis, para estudar, enriquecer culturalmente viajando, ter lazer, qualidade de vida, poder fazer suas economias, comprar algo que tem vontade que talvez no Brasil seja inacessível.”
Leia também: Big Brother Irlanda: quando o intercâmbio parece um reality show
Lembra da pergunta que fizemos ali em cima, na abertura do texto? Então! Será que existe alguma relação entre o BBB e o intercâmbio na Irlanda?
“Acho que morar na Irlanda é um grande Big Brother. A diferença é que aqui não estamos concorrendo a um milhão e meio de reais. Aqui é só pela sobrevivência mesmo”, disse.
Para ela, a comparação é bem válida. “Várias pessoas diferentes, de lugares diferentes, convivendo no mesmo ambiente. A gente tem que fazer funcionar. Basicamente é o que a gente fazia no Big Brother. Na verdade, o Big Brother foi um treinamento trabalhando meu emocional, meu físico, meu psicológico para isso aqui.”
Talita afirma ainda que o intercâmbio é, assim como o BBB foi, uma forma de explorar todas as suas possibilidades. “Eu me limitei por muitos anos e hoje eu quero abranger, testar meus conhecimentos, ver onde eu posso ir. Nunca é tarde para a gente se explorar.”
Talita concorda que, há seis anos, o BBB era diferente do que foi a última edição, em 2021, e agora. “O tamanho que o BBB está hoje é assustador para mim. Quando saí e vi a repercussão, me assustou muito. Imagino que se fosse agora eu ia pirar”, conta.
Para ela, o programa reflete muito o que a sociedade vive e é importante para que as pessoas possam analisar qual mensagem elas estão passando para o mundo e se reavaliar.
“Minha experiência no programa de certa me deu oportunidade de vivenciar coisas que eu nunca vivenciaria se não estivesse lá. Entrei em um processo de introspecção profundo de autoconhecimento de tudo o que eu fiz na minha vida. O BBB me fez reavaliar absolutamente tudo em mim, sobre mim.”
O aprendizado que Talita teve no BBB e levou para a Irlanda é único e, segundo ela, fez com que tivesse uma visão melhor sobre si mesma, que “é inabalável”.
“Tudo serviu de aprendizado em como lidar com pessoas, pensar mais antes de falar, analisar o que falar pois não se sabe como a pessoa vai receber. No fim das contas, o que a gente pode levar é isso. Minha experiência foi única. Foi muito difícil administrar tudo, mas faz parte da minha vida e não vou conseguir mudar. Agradeço a Deus pelas oportunidades que eu tive!”
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