A decisão de fazer um intercâmbio no exterior já está tomada. Os familiares e amigos foram avisados, a escola definida, assim como a nova moradia.
No entanto, antes de fechar as malas e embarcar rumo a esse sonho, é preciso fazer algo muito importante: se desligar do emprego no Brasil.
E ai surge a dúvida: existe uma hora certa para pedir demissão? Como esse anúncio deve ser comunicado ao seu encarregado ou patrão?
O ideal é avisar com antecedência ou em uma data mais próxima da viagem? Entrevistamos dois intercambistas que passaram por essa situação e também um estudante que ainda está no Brasil se preparando para viajar, com o intuito de desvendar o que deve ou não ser feito nesse momento tão importante.
Ele trabalhava no local há dois anos e aponta que sempre tinha sido um funcionário exemplar, o que favoreceu o bate-papo. “Sempre fiz pela empresa tudo que podia, mas algo dentro de mim me chamava para o mundo”, explica.
Rocha alega que a conversa com o ex-patrão foi tranquila e que se sentiu à vontade para pedir que lhe mandassem embora ao invés dele pedir demissão, porque com isso receberia todos os direitos trabalhistas e esse dinheiro o ajudaria muito na nova jornada no exterior. “Meu chefe reagiu muito bem. Ficou feliz por eu ter avisado com antecedência e manteve as portas abertas mesmo eu deixando claro que não gostaria de retornar ao Brasil”.
Para o seu lugar, a empresa acabou não contratando ninguém, mas ele ainda ficou três meses no trabalho. Depois teve que sair porque ainda havia muita coisa para ser resolvida antes da viagem.
Em Dublin, Rocha demorou três meses até achar uma colocação, graças a um de seus flatmates (como são chamadas as pessoas com quem dividimos a casa aqui).
O que o levou a deixar o Brasil foi a expectativa de vivenciar uma nova cultura e aprender um novo idioma. “Saí do país com zero de inglês, mas não me arrependo da minha escolha. Trabalho totalmente fora da minha área, como kitchen porter, mas estou muito feliz por ter vindo”.
Rocha diz ainda, que o fato dele ter passaporte europeu foi decisivo. “Eu tinha em mente que, devido ao meu nível básico de inglês, teria de encarar logo de cara os famosos “subempregos” que, me desculpem os resistentes a esse termo, é muito apropriado, já que, no geral, aceitamos empregos muito aquém das nossas qualificações curriculares”.
“Foi um processo bem tranquilo e pudemos fazer tudo com calma. Tive tempo de passar minhas atividades para outra pessoa e delegar outras responsabilidades importantes também”.
Cavalcanti alega que os patrões o apoiaram desde o início, até porque já tinham vivido essa experiência de intercambistas e também porque ele era o funcionário mais antigo- tinha começado como estagiário em Minas Gerais. Depois, se mudou junto com eles para São Paulo, já que a empresa (Eduk) se transferiu para a capital paulista. “Eles sabiam desse meu sonho e me incentivaram muito a conquistá-lo”.
Na Irlanda, o estudante já conseguiu realizar um dos seus maiores sonhos: ver um jogo do Barcelona no Aviva Stadium, em Dublin.
Apesar de ainda estar no Brasil e de não ter comunicado a decisão de sair da empresa em função do intercâmbio, o administrador de empresas Leandro Mattos, de 30 anos, disse que pretende fazer tudo com a máxima transparência possível, pois quer deixar portas abertas para o futuro.
“A Irlanda não é o meu país. Será apenas uma temporada de estudos. Pretendo retornar para o Brasil após o término do meu curso. Então, se quando eu voltar e a vaga ainda estiver aberta, eu vou procurá-los para retomar meu trabalho. Por isso, acho importante fazer tudo certinho”.
Vale lembrar que, ao pedir demissão, várias questões burocráticas precisam ser tomadas após o comunicado.
É preciso ter em mente que muitos empregadores têm o direito de exigir o cumprimento de aviso prévio. Além disso, outros detalhes importantes são a homologação da rescisão e a entrada no seguro-desemprego.
Sempre faça tudo com muita calma, antecedências e com transparência, para sempre deixar as portas abertas, já que nunca sabemos como será o futuro.
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