Fazer intercâmbio é ganhar o mundo… Perder-se para se achar

Foto: Divulgação

Já quis ser professora, atriz e escrever uma novela. Sempre gostei de papéis, desenhar, escrever e viajar no meu mundo colorido.

Desde criança, alimentava o sonho de ganhar o mundo, embora muitos me dissessem que aquilo era só pra rico.

Eu não ligava. Na minha imaginação, era permitido sonhar grande, sem barreiras ou limites. Afinal, era criança e, na maioria das vezes, ninguém leva a sério — acha que é tudo brincadeira e que vai passar.

Fui crescendo, e a vontade não passou. O desejo estava lá escondido, quietinho. Coloquei outras “prioridades” no lugar e fui seguindo minha vida no piloto automático. O lema era trabalhar, pagar as contas e adquirir coisas materiais.

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Existiam algumas regras para ser aceita, como: ter cabelo liso, ser magra, colocar silicone. Estava seguindo tudo à risca. Tentei me encaixar no modelo imposto pela sociedade, mas não estava feliz. Sentia um vazio enorme dentro de mim. Essa não era eu!

Precisava silenciar minha mente, porque tinha muito ruído do que era certo e errado. Precisava fazer backup, zerar tudo e redescobrir quem eu era. Perder-me para me achar.

Foi então que me veio à mente o sonho de criança. Aquilo me impulsionou a olhar pra dentro de mim, me conectar comigo mesma e soltar aquela criança que estava aprisionada pelos meus medos e desculpas, que eram muitos, acredite!

Soltar essa criança não foi um processo fácil porque eu tinha comprado os padrões que a sociedade impunha. Por exemplo, para ser feliz, você precisa namorar, casar, ter filhos… Comprar carro, ter casa…

Até tentei seguir o modelo que me falaram ser o correto, mas aquilo não fazia sentido, e eu não conseguia encaixar no modelo imposto.

Pra mim, a vida é mais que isso. O tempo é curto, e precisamos viver nossos sonhos, independentemente se isso faz sentido para outras pessoas ou não.

Fazer intercâmbio com 34 anos: para uns, eu era velha pra largar tudo e começar do zero. A aventureira, a ovelha negra. Ouvi vários nomes, mas, pra mim, eu estava na idade certa. Nunca me achei velha, pelo contrário.

Soltar minha criança interior tem me feito um bem enorme. Aprender um novo idioma errando e acertando. Como tenho me permitido, divertido, perdoado, aproveitado mais a vida sem acreditar nos “nãos” que ouço por aí. Quebrando a cara, tropeçando e seguindo em frente, segundo minha intuição.

Sempre com um sorriso no rosto que vem da alma, com a certeza de que estou na direção certa porque sigo meu coração.

Aonde esse caminho vai dar, eu, sinceramente, não sei. Só sei que vou indo na direção das batidas do meu coração e com a certeza de que a minha criança me salvou de mim.

Se tiver que recomeçar, ok! Não tem problema. Quantas vezes for necessário. E assim vou indo como em uma dança: nem sempre sei os passos, mas o importante é estar em movimento, sempre!

Ah, como é bom ser criança…
Como é bom ser eu, sem máscaras e sorrindo com alma!

Sobre a autora:

Sandra Rocha é uma ariana arretada que luta pelos sonhos. Filha de baianos e apaixonada por pimenta. Ovelha negra da família, não gosta do meio termo: é quente ou frio, morno não seduz. Intensa em tudo o que faz. Ama café, cerveja e vinho. Apaixonada por gatos, pela lua e o sagrado feminino.

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