Passado todo o burburinho e o caos relacionado às mudanças nas regras para o visto de estudantes não europeus, parece que o governo irlandês continua querendo mostrar força contra a imigração ilegal no país.
E não vale aquele discurso que escutamos, de que a Irlanda “mamou e mamou” e agora quer banir os imigrantes. O que as novas menções refletem é, sim, a postura de um país sério, tentando coagir as maracutaias que surgem pelo caminho, e a bola da vez agora é a dos casamentos para facilitação de visto!
Nos últimos dois anos diversas medidas estão sendo tomadas para segurar a chegada de novos moradores no país que possam estar em desacordo com a lei. No trimestre final de 2015, as ações do Serviço de Naturalização e Imigração Irlandês, junto com a Garda, foram focadas nos falsos casamentos ou casamentos arranjados entre cidadãos irlandeses ou da União Europeia com não europeus.
Uma investigação em curso evidenciou que a grande maioria dos casamentos arranjados acontecem entre homens de países como Paquistão, Índia, Bangladesh e cidadãs europeias, principalmente Portugal e de países do Leste.
As gangues especializadas nesse tipo de casamento já não são nenhuma novidade no Reino Unido e parece que a coisa vem crescendo aqui na Irlanda. O valor, em média, cobrado para esses matrimônios fakes chega aos 20 mil euros, através de um registro civil realizado de forma ilegal. Em novembro, uma operação chamada de “Operation Vantage” foi realizada, resultando na investigação de 200 pessoas, vistorias em 42 residências e 11 prisões.
Para este ano, a intenção do Ministério de Justiça e Igualdade, segundo a ministra Frances Fitzgerald, é fechar o cerco contra os casamentos ilegais como forma de extensão da permanência no país através do visto Stamp 4.
Para isso, os Cartórios de Registro Civil foram liberados para investigar os casamentos suspeitos. Segundo a legislação, deverá ser realizada, com ambas as partes, uma série de perguntas com o objetivo de confirmar que a união é legítima. Caso identificada a fraude, o cartório poderá denunciar as partes envolvidas, que serão investigadas. Até agora 55 acusações foram feitas e 22 pessoas foram presas, desde agosto de 2015.
A operação também está interferindo nas datas dos casamentos já agendados, que podem estar sob investigação. De acordo com a Garda, o processo continuará este ano e deve se expandir a todas as uniões entre cidadãos da UE com cidadãos não europeus.
A Garda ainda reforça que a operação é voltada para os abusos do sistema de imigração através de casamentos de conveniência e não está relacionado com os pedidos de asilo de refugiados.
Além de apertar o cerco evitando novos casamentos de mentirinha, o governo irlandês está se cercado de medidas para averiguar a legitimidade de casamentos realizados nos últimos anos, mesmo os que estão dentro da lei. Um bom exemplo disso foi o caso da brasileira Margaret Smith (nome substituído para preservar a leitora), que se deparou com uma série de empecilhos ao tentar alterar, recentemente, o endereço de sua conta bancária. Segundo o Bank of Ireland, onde ela possui a conta, o sistema foi alterado recentemente, de acordo com uma nova regulamentação imposta pelo governo irlandês. O endereço só poderia ser alterado com a apresentação de um comprovante de endereço em seu nome, ou em nome do casal – nadinha de correspondência só no nome de seu esposo irlandês. A brasileira, que também está prestes a dar entrada na cidadania irlandesa, disse estar enfrentando a mesma dificuldade para juntar todos os documentos exigidos pelo INIS, mesmo sendo casada legitimamente há mais de três anos.
Casamentos arranjados podem ser desarmados e a probabilidade que a partir deste ano o processo comece a se tornar mais complexo é latente!
Revisado por Tarcisio Junior
Imagens via Shutterstock
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