Eu me chamo Camila Carvalho, tenho 30 anos, sou de Salvador, Bahia, e formada em Direito no Brasil. Fui para a Irlanda aprimorar meu inglês e lá passei a ter uma nova profissão, a de camareira (housekeeper).
Em minha nova profissão, descobri que o intercâmbio, de fato, provoca em cada um que o realiza uma nova perspectiva de ver o mundo.
E na minha experiência, aprendi que qualquer emprego é emprego, desde que seja honesto e permita viver.
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Ter um “subemprego” nunca foi um problema para mim. Viver longe de casa era o grande ponto, e eu sabia que um trabalho poderia me ajudar financeira e emocionalmente.
Ao chegar a Dublin, achar um emprego fixo era uma tarefa difícil. Por quê? Porque sempre havia um porém.
Às vezes, por não quererem dar a carta para o PPS; outras, porque a carga horária não era compatível com minhas aulas ou porque não queriam uma advogada fazendo trabalhos que não exigiam maiores capacitações — e, claro, o nível do inglês.
Foi assim, com tantos “poréns”, que começou o meu grande aprendizado sobre como é ser uma intercambista.
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Eu penei, penei muito, tentando encontrar qualquer trabalho que pudesse pagar minhas contas e me dar mais tranquilidade durante os meus estudos. E nessa hora, já no desespero, a gente aprende muita coisa.
Aprende que todo aquele papo de lavar privada no exterior, tão depreciativo, como muitos costumam pontuar, é apenas uma forma engendrada de lidar com as circunstâncias da vida.
Eu confesso que, naqueles momentos de quase jogar a toalha e voltar ao Brasil, eu adoraria estar lavando privada para manter o sonho de aprender o inglês e conhecer outra cultura.
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Por ironia do destino — ou não — quando estava preparando meu retorno ao Brasil, um amigo me indicou para uma vaga de housekeeper em um hotel do centro da cidade.
Nesse momento, além de todo o medo de encarar a entrevista e de pensar se daria conta do trabalho, também lembrei que toda aquela conversa de fugir de brasileiros pode ser uma bela bobagem, porque, no final, as pessoas que vivem as mesmas dificuldades se ajudam.
São os conterrâneos os mais propensos a abrir uma porta para você.
Tive a sorte de encontrar trabalho em um hotel com horários excelentes e compatíveis com os das minhas aulas. Além disso, o hotel disponibilizava almoço para todo o staff. Então, economizei um pouco com alimentação no dia a dia.
Por sorte, tinha duas supervisoras que estão sempre preocupadas em saber se teria tempo de me alimentar antes de sair para a escola. Quanto a isso, tenho que agradecer. Tinha amigos trabalhando em outros hotéis que estavam sempre reclamando do tratamento dado a eles.
Como housekeeper e correndo contra o tempo para entregar o quarto em 15 ou 25 minutos, dependendo da arrumação solicitada, aprendi a gerenciar o tempo com muito mais eficiência.
No início, era muito cansativo. Havia muita pressão e eu tinha muito medo de ser taxada como lenta. Depois, tirei de letra.
OMG! Eu nunca utilizei tanto o aspirador de pó na minha vida. É tanto carpete, é tanto abaixa e levanta, que hoje, quando entro em um quarto de hotel como hóspede, não deixo de agradecer pela organização e pelo trabalho das camareiras.
Se eu não realizasse esse intercâmbio, talvez nunca entenderia o quão dura e estressante pode ser essa função.
A melhor parte de trabalhar em um hotel é a variedade de nacionalidades que se encontra. Tinha colegas croatas, poloneses, irlandeses, franceses, brasileiros, espanhóis, mongoleses, coreanos, mexicanos, etc.
Sem sombra de dúvida, após o trabalho, meu inglês melhorou significativamente — em especial, a capacidade de compreensão.
O trabalho como camareira também pode ser muito gratificante. Certa vez, uma senhorinha japonesa estava tão agradecida por tê-la ajudado, que gastava cerca de 15 minutos todo dia perguntando sobre os meus planos para a vida.
No último dia, ela deixou um bilhete fofo e um origami de pássaro dizendo “thank you”. Houve também uma família de brasileiros que se ofereceu para levar uma lembrancinha para minha família.
A coisa mais importante sobre ter um “subemprego”, do meu ponto de vista, foi ter um tipo de trabalho que eu jamais teria a oportunidade de vivenciar no Brasil. Sendo advogada, é interessante estar do outro lado e sentir na pele como as coisas funcionam para algumas pessoas que costumam vir até nós em busca de seus direitos.
E a melhor parte é que, quando saio do hotel, o trabalho fica lá. Não preciso levá-lo comigo pra casa e pensar nele todo o tempo. Como advogada, isso é bem difícil.
No final, o que quero deixar aqui de aprendizado sobre a minha experiência é que não importa quantas qualificações você tenha ou deixe de ter.
Como intercambista, você possivelmente terá que abraçar o chamado “subemprego” — e como qualquer emprego, ele ensinará muito sobre você, seus limites e sobre como a vida nos dá lições a cada dia.
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