A UE (União Europeia) anunciou, em abril, que proibiria a importação de produtos agropecuários de empresas brasileiras, incluindo 20 frigoríficos. A proibição começou a valer há pouco tempo e atingiu principalmente a compra de frango (cerca de 30% da importação) e do pescado.
Segundo o bloco europeu, “a medida proposta pela Comissão Europeia refere-se a deficiências detectadas no sistema de controle oficial brasileiro” e, ainda, cita questões ambientais e trabalhistas. O Itamaraty, porém, afirma que o embargo é comercial.
A embaixada do Brasil na Irlanda publicou nota com explicações do governo sobre a situação por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Com a demanda, a Irlanda pode se beneficiar, aumentando a exportação do frango produzido na ilha para outros países europeus.
A nota da comissão da UE não cita nomes das empresas proibidas de vender carne para países do bloco. “Confirmamos que os Estados membros votaram (por unanimidade) a favor do fechamento de 20 estabelecimentos brasileiros dos quais as importações de carne e produtos cárneos (principalmente aves) estão atualmente autorizados”.
A imprensa brasileira, no entanto, publicou que a restrição na compra de produtos agropecuários e de pesca atingiu 12 empresas do grupo BRF e outras oito fábricas diferentes. A maioria é do Paraná, mas também aparecem nomes de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.
Segundo o Ministério da Agricultura, por meio de nota da Embaixada do Brasil na Irlanda, os veículos de comunicação europeus e organizações internacionais com atuação em países da UE “têm publicado notícias e relatórios com informações incorretas ou imprecisas sobre aspectos sanitários e fitossanitários, ambientais e trabalhistas da produção agropecuária brasileira”.
Eles ressaltam o “compromisso com a saúde do consumidor”, assegurando todos os requisitos sanitários recomendados pelas organizações internacionais. “O Brasil cumpre com as normas sanitárias europeias, havendo rigorosa observação da legislação vigente”, diz a nota.
Outro ponto destacado pela embaixada seriam os aspectos ambientais. Segundo o governo, por meio de dados da agência espacial norte-americana (NASA) em conjunto como Serviço Geológico (USGS) dos Estados Unidos, o Brasil utiliza 7,6% de seu território com lavouras e preserva a vegetação nativa em mais de 66% de seu território. Ele ainda faz uma comparação com países europeus como a Irlanda, onde se cultiva em 74,7% de seu território.
A embaixada rebateu as alegações de descumprimento de legislação trabalhista por parte dos produtores agrícolas brasileiros. “A grande maioria das empresas do agronegócio brasileiro está atenta em cumprir a legislação trabalhista e incorporou a responsabilidade social em suas práticas e políticas”, diz a nota.
A nota na íntegra pode ser lida no site da Embaixada do Brasil na Irlanda.
Quando ocorreu o escândalo da operação Carne Fraca no ano passado, o jornal Agriland.ie, especializado em agricultura na Irlanda, publicou uma matéria afirmando que a situação no Brasil beneficiaria a ilha, que é produtora de frango e exporta para países como França e Espanha.
Segundo o comitê de aves domésticas do IFA’s (associação de agricultures da Irlanda), fast-foods e lojas irlandesas vendem frango importado e o Brasil é uma das fontes-chave. “O único que vende apenas frango irlandês é o Supermac’s”, disse o presidente do comitê, Nigel Renaghan, ao Agriland.
Apesar de a Irlanda ser produtora de frango, seu produto ainda é caro no mercado por ser considerado de alta qualidade. Por isso, não consegue competir com grandes mercados, como o brasileiro, a nível mundial ou europeu.
“Existe um custo de produção mais alto se você estiver atendendo a esses padrões de classe mundial e os produtores de aves precisarem ser recompensados por isso”, ressaltou Renaghan.
Imagens via Dreamstime
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