A Austrália vem sofrendo com incêndios frequentes em todo seu território desde outubro. São mais de 10,3 milhões de hectares atingidos pelo fogo, território maior que a ilha da Irlanda, que tem pouco mais de 7 milhões de hectares. Vinte e seis pessoas morreram e mais de 1 bilhão de animais foram mortos até agora. Ainda não há previsão para que os focos possam ser contidos. Brasileiros que vivem na Austrália relataram ao E-Dublin o sentimento de estar em um país tomado pelas chamas.
A paulistana Caró Vilares é videomaker, tem 34 anos e mora em Sydney, na Austrália, há um ano. Ela disse que vem ouvindo as notícias das queimadas no país desde novembro. “As queimadas são algo que acontece todo ano, porém, devido às mudanças climáticas, neste ano já começou de uma forma diferente e mais intensa”, relatou. Caró tem acompanhado diversas manifestações no país sobre o aquecimento global e as mudanças climáticas. “As pessoas cobram bastante o governo, que infelizmente ignora o fato de urgência, mesmo sabendo dessas previsões desde 2013.”
O jornalista Rafael Pezzo, 25, da capital paulista, está desde março de 2019 em Gold Coast, na Austrália. Ele afirmou que muitos lugares do país estão com campanhas de doação para o combate aos incêndios. “O restaurante onde trabalho, por exemplo, tem como se fosse um pote de tips escrito que é doação contra os incêndios”, afirmou.
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Gaúcho de Porto Alegre, Vinicius Velho, 31, também jornalista, mora há mais de um ano e meio na Austrália, e vive hoje em Sydney. Com esse tempo de vivência, ele disse já ter se acostumado com o assunto incêndio. “Não foi algo inesperado porque os incêndios são um assunto comum dentro da cultura local e é normal em alguma estradas ver placas indicando o nível de risco de Incêndios naquela época. Quando começaram os incêndios deste ano foi algo ‘normal’, mas jamais imaginei a proporção do que ia se tornar.”
Rafael tem sentido de perto o resultado das queimadas, mesmo que sua cidade não tenha focos de incêndio. “O céu chegou a ficar meio cinza, como se fosse uma neblina baixa na cidade. Eu fiquei meio preocupado com o que isso poderia causar na região. Foi inesperado, mas pelas condições do clima, fez sentido”, disse.
Caró afirmou que Sydney também está sendo afetada pela fumaça das queimadas ao redor. “Dependendo do dia, em decorrência da intensidade e direção dos ventos, conseguimos sentir a péssima qualidade do ar. Muitas pessoas usam máscara nos dias mais críticos. A fumaça é visualmente nítida, em níveis diferentes, dependendo do dia. Também tivemos dias em que o céu e a Lua ficaram alaranjados”, relatou.
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Vinícius também disse que desde setembro convive com a fumaça diariamente no céu. “Muitas vezes nem conseguimos enxergar nitidamente o sol. O odor da fumaça varia a cada dia e nos piores dias há cinzas que caem do céu”, disse.
Caró disse que a comunidade brasileira tem se movimentando bastante para ajudar, seja com doação de dinheiro, roupas, kit higiene e alimentos, seja também botando a mão na massa.
Segundo Vinícius, a comunidade brasileira ajuda bastante indo aos locais onde ocorrem os incêndios, ajudando moradores a refazerem seus lares que foram destruídos. “Existe um grupo de brasileiros no WhatsApp de 200 pessoas que se deslocam aos fins de semana para essas regiões e ajudam como podem.”
Caró lembra que as famílias dos brasileiros que moram na Austrália estão muito preocupadas, e isso é nítido. “As famílias demonstram preocupação com o que está acontecendo aqui e fazem contato para entender um pouco mais da situação de seus familiares e amigos. Realmente, essa é a melhor forma de estar bem informado sem criar nenhum tipo de pânico com relação ao bem-estar de cada um, pois também temos visto muitas notícias fake.”
Caró afirmou que intercambistas que estão de malas prontas para viajar para a Austrália precisam se informar sobre a situação no país. “As cidades que mais recebem intercambistas (Sydney, Melbourne, Brisbane, Gold Coast, Adelaide e Perth) não chegam a ser afetadas pelo fogo em si, o que afeta é a qualidade do ar com a fumaça que chega ao centro urbano. Então, com relação a vir para a Austrália fazer intercâmbio, não há motivos para se preocupar ou adiar. Estamos todos seguindo a rotina de estudos, trabalho e lazer.”
Vinícius concorda que é preciso informação. “Sydney, que é um dos lugares mais procurados pelos intercambistas, não corre risco com os incêndios, mas a qualidade do ar caiu muito e faz mal a saúde. É preciso ter isso em mente.”
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