Estudar em um outro país, num idioma que não é o seu, é desafiador. Não importa se mora a 1, 3, 5 anos. Cada dia é uma saga diferente, desde o novo vocabulário, a pronúncia e uma dor de cabeça ao escrever textos que parecem tão simples, mas tem toda uma estrutura gramatical por trás que precisa ser respeitada. A falta de referência e domínio do idioma são grandes obstáculos.
Quem disse que seria fácil? O aprendizado é diário. Seja pra falar ou escrever. E nesse processo é muito comum a gente duvidar da nossa capacidade, do nosso potencial e achar que nunca vamos dominar o idioma. A insegurança toma conta.
O processo de autossabotagem é muito forte. E nessa queda de braço, nem sempre conseguimos vencer sozinhos.
Acredito que é essencial ter amigos e a ajuda de profissionais das mais diversas áreas, que podem ser um empurrão e tanto no momento que mais precisamos.
Lembro que neste semestre cheguei a pensar em desistir da faculdade devido à alta quantidade de trabalho para fazer. Estava esgotada e quase surtando. Fui pra minha sessão de terapia (essencial para organizar as ideias) e comecei a falar que não aguentava mais essa vida… E para minha surpresa, recebi um soco no estômago em forma de pergunta que ficou ecoando na minha mente. “O que você ganha sendo vítima”?
Oi? Relutei ao ouvir isso, mas depois vi que era verdade. Desistir não dá trabalho. Ser coitadinha é mais fácil. Quantas pessoas já vi reclamando do professor, da escola, dos colegas brasileiros na classe e ninguém assume a culpa de que não estuda. Estava fazendo igual!
Sei que nessa hora me deu uma raiva tão grande e, acredite, essa energia da raiva é poderosíssima – abala toda a estrutura, você fica até cega na hora. Foi a partir daí que decidi mudar o rumo da minha história.
Decidi parar de reclamar e comecei a abraçar todas as oportunidades que apareceram na minha frente.
Mesmo achando meu inglês fraco comecei a mergulhar no desconhecido. Fiz curso na área de T.I e Marketing, participei de duas entrevistas de estágio e fui aprovada. Parei com o mimimi e fui para a ação.
Aprendi que para tudo na vida é preciso estratégia. A gente precisa ter metas claras. Diria que vim pra Irlanda com o objetivo de falar inglês fluente e me perdi diante de trabalhos e outras coisas que coloquei como prioridade. Falava em português a maior parte do meu tempo.
Para participar da entrevista de estágio, por exemplo, contei com a ajuda de um professor particular para me dar mais segurança. Ele foi fundamental para me ajudar a sintetizar as respostas e ser mais objetiva.
Nesta quarentena, aprendi na marra a ter disciplina e comecei de fato a estudar. Todos os cursos online interessantes que vi, me inscrevi e comecei a fazer. Mesmo com medo, me joguei!
Me surpreendi por me sentir mais segura pra falar e escrever. Vi que tudo é prática. Parei de falar que meu inglês é ruim porque as palavras têm poder. Passei a dizer que meu inglês está em progresso e de fato está.
Escrevi esse artigo não para falar de mim, mas de inúmeros brasileiros que, assim como eu, passam por isso e muitas vezes não sabem o que fazer, estão perdido.
Não tenha medo de buscar ajuda e não pense que é caro, esse tipo de gasto é investimento na sua saúde mental.
E quanto à metáfora que é preciso matar um leão por dia, entendi o real significado dessa frase.
Esse leão é a gente que alimenta dentro da gente e cabe a nós decidir quem vai viver. A briga interna é diária e cabe a nós: ser vítima ou protagonista da nossa própria história.
Foto de capa: Kristina Flour/Unsplash
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