Desde que comecei a escrever, muitas pessoas começaram a entrar em contato comigo, umas falando o quanto a minha coluna tem ajudado na sua tomada de decisão, outras relatando que a chama do intercâmbio, apagada por anos, reascendeu – e outras mais dividindo suas experiências aqui na terra dos “Leprechauns”. Sendo assim, o artigo de hoje vai contar um pouquinho da participação de algumas pessoas que foram gentis e resolveram dividir suas experiências comigo.
Já que a febre de intercâmbio está invadindo todas as idades, resolvi bater um papo com a Juliana Vital, da Vital Intercâmbios, ela mesmo já relatou aqui no site a sua experiência assim que chegou na Ilha Esmeralda. Nos dias atuais o seu trabalho está voltado à assessoria de quem está querendo encarar um intercâmbio, então nada melhor que ela para nos dizer como é que o povo da “melhor idade” está se preparando para encarar esse desafio.
Segundo ela, nos dias atuais existem várias pessoas com mais de 40 anos interessadas em fazer intercâmbio, ou seja, não é mais nenhuma novidade ou aberração. O que muda um pouco é o perfil, que ao invés de ficar viajando por 1 ano, como é comum entre os mais novos, o pessoal com mais maturidade acaba optando por períodos menores, de 1 a 3 meses! “Este perfil não pode se ausentar por muito tempo do Brasil, devido às responsabilidades e família. Porém são pessoas que precisam aprender o inglês devido às oportunidades de trabalho”, justifica Juliana.
E isso faz bem sentido, pois já tive colegas de classe no meu intercâmbio, na minha faixa etária, que tem esse mesmo pensamento, como é o caso do meu ex-colega de sala, Cosmos Mendonça, consultor técnico em São Paulo, de 43 anos. Ele veio para Irlanda no final de 2014 para um período de 1 mês, nas férias de fim de ano, e juntou a oportunidade de estudar algumas semanas o idioma, com viagens para conhecer mais sobre a Irlanda.
Questionado sobre os motivos de vir nos dias atuais, aos 43, e a escolha da Irlanda, mais precisamente Dublin, ele me relatou: “Eu já havia realizado algumas viagens de curta duração, mas dessa vez resolvi pegar os 30 dias de férias e me dedicar na Irlanda. Escolhi a cidade pelo clima hospitaleiro e povo acolhedor, muito similar ao Brasil, além do custo benefício, já que hoje eu tenho condições de bancar sozinho essa viagem. Como o foco é o inglês e outros países são mais caros, fica um pouco complicado. Outra vantagem é que na Irlanda o estudante pode trabalhar. Quem sabe no futuro eu não resolva vir e ficar mais tempo”.
Outra pessoa carismática com quem troquei algumas palavras foi a Verônica Lemos, bancária aposentada e consultora administrativa, também de São Paulo, com 55 anos. Ela já foi um pouco mais ousada, pois está aqui na Ilha há mais de um ano e meio. O motivo que a trouxe para cá foi a visita ao filho em 2012, que estava fazendo intercâmbio. Ao chegar aqui e se deparar com a possibilidade de também encarar esse desafio, não teve jeito. Retornou em 2013, sozinha, para viver o que sempre teve vontade. “Eu percebo que poucos brasileiros têm informações sobre a possibilidade de realizar um intercâmbio, independente do seu poder aquisitivo e idade. Penso no quanto isso acrescentaria na vida das pessoas que ainda tem vontade, mas lhes falta coragem”. E ela ainda continua: “Já estou aqui há um ano e sete meses. Pretendo ficar todo o tempo usufruindo dos direitos que um estudante intercambista possui na Irlanda – desde as aulas de línguas, passando pela graduação até um Mestrado, quem sabe”.
Estão vendo, eu não fui o único a me aventurar, e também não serei o último. O intercâmbio tem espaço para todos, não importa o tempo e sim o seu momento.
Esse texto faz parte da série Dublin para Maiores, assinado pelo nosso colunista Fabiano de Araújo e conta a perspectiva daqueles que decidem fazer intercâmbio na maturidade.
Sobre o autor:
Revisado por Tarcisio Junior
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