Quando decidimos embarcar em um intercâmbio já estamos cientes que uma série de desafios nos aguarda. Afinal, além de lidar com uma língua estrangeira e buscar uma colocação no mercado de trabalho, precisamos nos adaptar com a comida e costumes locais.
Ao mesmo tempo, além da convivência com os locais, estudar em um país estrangeiro significa conhecer também pessoas de vários cantos do mundo. Lidar com pessoas de culturas diferentes é uma experiência muito boa e, sem dúvida, de grande aprendizado.
Ser flexível e curioso são características essenciais para nos adaptarmos a diferentes culturas. Entretanto, mesmo com a mente bem aberta, em alguns casos o convívio com estrangeiros pode gerar atritos e situações estressantes.
Confira algumas situações que intercambistas brasileiros já vivenciaram aqui na Irlanda.
A estudante Ana Joslin conta o que estranhou assim que desembarcou na Ilha da Esmeralda. “No meu primeiro dia em Dublin fui a um pub com um amigo. Ao entrar, me deparei com muitos senhores acima de 60 anos, bebendo, conversando e todos com uma bela pint de cerveja na mão. Aqui em Dublin é muito comum as pessoas da 3ª idade serem ativas, muito diferente do Brasil. Também observei que às vezes é possível se deparar com alguma criança nos pubs e que raramente os irlandeses bebem menos de 5 pints em uma noite.
Porém, confesso que fiquei um tanto quanto confusa quando vi diversas pessoas pegando um papelzinho, colocando algo dentro e enrolando para fumar. Minha confusão se deu pela Irlanda ser um país católico onde é proibida a venda e o uso de maconha. Mas não, não era maconha e sim tabaco. Como uma carteira de cigarros custa cerca de 10 euros, a alternativa mais econômica por aqui é comprar o papel, o filtro e o tabaco separadamente e montar seu próprio cigarro”.
O estudante Carlos Souza mora em Dublin há 1 ano e 5 meses e conta que conviver com pessoas de culturas tão diferentes na capital irlandesa já lhe causou momentos um tanto quanto cômicos. “Trabalhei em um restaurante onde grande parte dos funcionários não era irlandesa. Como a maioria do staff era composta por muçulmanos, todos eles reagiram com estranheza quando falei que tenho 34 anos e sou solteiro. Isso porque, dentro da cultura deles, espera-se que na minha idade o homem já tenha esposa e filhos. Outro caso no mesmo restaurante, este sim muito bizarro, foi quando um deles, já sabendo que eu sou gay, perguntou se eu tinha nascido “normal” como ele. Se referindo ao fato de ter nascido com órgão sexual masculino como todos os meninos”.
A estudante Ana Carolina de Freitas relata o desafio de compartilhar a casa com pessoas de culturas completamente diferentes.
“Assim que cheguei a Dublin, em junho de 2014, morava apenas com brasileiras. Desde janeiro deste ano mudei de acomodação e passei a morar com um alemão, um belga e uma chinesa. É notável a diferença de culturas entre todos nós, mas devo dizer que são aceitáveis as diferenças entre o belga e o alemão. Entretanto, pelo fato de pertencer a uma cultura totalmente diferente da oridental, a convivência com chineses é um tanto quanto diferente. A perspectiva e a frequência de limpeza para eles e para mim difere bastante. A ideia de ‘sujou, limpou’ não é tanto aplicada, principalmente na cozinha, onde a frequência de uso é maior. No banheiro, encontrar cabelo e água por todo o lado é bastante estressante. Mas tirando o que tá ruim, tá tudo maravilhoso.”
Para Paula Gonçalves, sua rotina mudou quando ela se mudou para a acomodação do campus da universidade onde estuda. “Meus primeiros seis meses em Dublin foram maravilhosos, dividia uma casa grande com seis outras meninas, todas brasileiras. O saldo dessa experiência contou com seis meses de organização, comunicação clara e grandes amizades. Essa realidade de viver numa casa sempre limpa e organizada acabou quando precisei compartilhar um apartamento com três europeus.
Todos são simpáticos e sempre tentam criar um ambiente amigável, mas nessas horas não podemos esquecer que o convívio com pessoas que nasceram e cresceram em países diferentes pode ter algumas novidades. Acrescento um detalhe: sua experiência pode ser ainda mais intensa quando essas pessoas são muito jovens. Sim, também sou muito jovem: com meus 22 anos de idade, meu intercâmbio me proporciona a chance de morar longe dos pais (leia-se “buscar maturidade”). Mesmo possuindo essas simbólicas 22 primaveras, às vezes sinto que tenho três filhos: filhos que deixam farelo na pia, não se incomodam com a acumulação de lixo e quando realizam qualquer atividade de limpeza, espere por algo bem superficial. É óbvio que nunca podemos generalizar, afinal, problemas como esse podem ocorrer em qualquer lugar do mundo, mas brasileiros normalmente se importam demais com higiene e assim, algumas dificuldades aparecem.”
Não podemos impôr a nossa cultura e achar que nossa maneira de ser a agir é melhor que a do outro.
Para evitar que o choque cultural tome proporções maiores, vale refletir e tentar entender a cultura do outro. Porém, quando a situação atinge níveis elevados de estresse e frustração, uma boa conversa, de forma amigável, pode ser o melhor caminho para tornar a convivência pacífica.
Revisado por Tarcisio Junior
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