Os irlandeses são ávidos consumidores de bebidas alcoólicas, e quem afirma isso é o Alcohol Action Ireland, uma instituição independente que estuda as questões relacionadas ao tema na Irlanda, assim como os problemas ocasionados pelo consumo de bebidas. Mas você sabia que em plena terra das pints, até meados dos anos 1970 as mulheres desacompanhadas de um homem não podiam beber nos pubs irlandeses? E alguns deles sequer aceitavam a presença delas!
Ainda segundo o Alcohol Action Ireland, e baseados em dados da Organização Mundial de Saúde, atualmente, a Irlanda está entre os 10 países que mais consomem cerveja no mundo. Somente em 2016, foram 14,3 litros de álcool puro (mais de 580 pints) ao ano por pessoa acima de 15 anos e esse consumo tem impacto em diversos aspectos do indivíduo, nas relações pessoais e profissionais, saúde pública, economia, entre outros.
Já a proibição das mulheres de beberem publicamente não se tratava de uma lei, mas de uma convenção social. Somente no ano 2000 que a prática sexista foi proibida por lei, livrando as irlandesas de qualquer discriminações remanescente do tipo – como não serem aceitas em bares.
Por outro lado, conforme o consumo foi começando a ser aceito, a prática ainda discriminava a presença de mulheres bebendo e alguns bares até mesmo tinham ‘lounges exclusivos’ ou áreas reservadas, conhecidas como ‘snugs’, para as mulheres beberem, como no antigo pub Ryan’s (que ficava situado onde hoje funciona o F.X. Buckley, em Dublin) ou no Crown Bar (em Belfast, desde 1885), nos quais havia um compartimento para a passagem das bebidas, já que elas não podiam ser vistas pelo público – masculino – do pub (dizia-se assim, para manter a privacidade de ambos).
Na década de 1970, em meio a efervescência do movimento feminista pelo mundo, que clamava em manifestações nas grandes cidades, Nell McCafferty, uma das líderes do movimento feminista local e responsável por uma série de ‘eventos ilegais’ à favor das mulheres na capital irlandesa, reuniu um grupo de 30 delas, que combinaram de cada uma pedir uma dose de brandy, perfiladas no balcão. Uma vez alinhadas às bebidas, solicitaram uma única cerveja, que foi negada. Elas tomaram suas doses e saíram sem pagar. “Ele se recusou a servir, nós nos recusamos a pagar”, foi a célebre frase de McCafferty.
No geral, a década de 1970 foi marcada pelo combate e mudança das leis relacionadas às possibilidades e direitos femininos, dando início a uma série delas, como a questão do divórcio ou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. E essa desigualdade social e jurídica também precisa ser quebrada no âmbito cultural, a fim de unir as pessoas. “Quebrar o sistema, unir as pessoas”, dizia McCafferty, que deixou uma herança e tanto para as mulheres pelo mundo que, ainda nos dias de hoje, esperam por dias de mais igualdade.
Imagens via Dreamstime
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