A Irlanda, cada vez mais, tem sido reconhecida como um destino LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais, Queer, Intersexuais, Assexuados e outros). Isso porque, antes um país católico conservador até os anos 1990, hoje a República celebra a comunidade com projetos diversos, programas governamentais e tem uma gama de multinacionais operando no país que prima pela multiplicidade.
Podemos dizer que a comunidade LGBTQIA+ que vem para intercâmbio pode se sentir em casa. Mas, é claro, nem tudo são flores. Existe preconceito e violência, sim! Não podemos fechar os olhos para isso.
Neste artigo, mostramos tudo sobre a relação entre Irlanda e a comunidade LGBTQIA+, além de dicas para viver e curtir a liberdade no país.
A história da Irlanda é marcada pela repressão contra homossexuais. Na era Vitoriana, em 1861, o Offences Against the Persons Act tornava a “sodomia” um crime punível com servidão penal. Isso era estendido para qualquer ação homossexual.
“Todo aquele que for condenado pelo abominável crime de sodomia, cometido seja com a humanidade ou com qualquer animal, estará sujeito a ser mantido em servidão penal pelo resto da vida”.
A lei de 1861 perdurou por mais de 100 anos e só foi extinta pela luta de ativistas sociais que, desde os anos 1970, tentaram mudar as regras do país, sem sucesso imediato. Um deles foi David Norris, professor da Trinity College Dublin. Ele iniciou a Campaign for Homosexual Law Reform para que a homossexualidade deixasse de ser crime na Irlanda e na Irlanda do Norte.
Foi Norris quem começou a tentativa legal de descriminalizar a homossexualidade, em 1977, provando à corte que isso infringia a Constituição sobre privacidade. Norris perdeu sua ação em 1980 no Tribunal Superior e na Suprema Corte.
Em 1988, Norris já era Senador na Irlanda e ainda era crime ser homossexual no país. Ele levou o caso para o European Court of Human Rights, ganhando o processo, que abriu caminho para a Irlanda descriminalizar a prática homossexual.
Isso foi acontecer cinco anos mais tarde. Em 24 de junho de 1993, o Criminal Law (Sexual Offences) 1993 Bill foi proposto pelo partido Fianna Fáil TD e pela Ministra da Justiça Máire Geoghegan-Quinn, removendo da Constituição irlandesa a lei que criminalizava os atos sexuais entre homens.
A tardia descriminalização da homossexualidade na Irlanda parece ter impulsionado um rápido avanço nos direitos LGBTQIA+ no país. Quer dizer, impulsionou a luta para que eles acontecessem.
Nos anos 2000, a nova luta era para o casamento igualitário. Ela começou a avançar oficialmente em 2010, quando foi aprovado o Civil Partnership Act, que dava mais direitos aos casais homossexuais — como em uma união estável, por exemplo —, mas não garantia todos os direitos de um casamento.
Isso foi ocorrer em 2015, quando a nação irlandesa foi às urnas, em 22 de maio, para votar sobre a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo em um referendo histórico. Foram 62% dos eleitores apoiando a emenda constitucional, tornando a Irlanda o primeiro país do mundo a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo pelo voto popular.
Na Irlanda do Norte, o casamento igualitário passou a valer apenas em 2020.
Muitos outros direitos foram conquistados ao longo dos anos, como o reconhecimento das pessoas trans pelo seu gênero preferido, a suspensão da proibição da doação de sangue por homens gays, entre outros.
Uma das conquistas que marcou muito a história da Irlanda foi a eleição de um deputado abertamente gay como o ex-primeiro-ministro da Irlanda. Leo Varadkar assumiu sua homossexualidade em um programa de rádio quando ainda era Ministro da Saúde, tornando-se primeiro-ministro em 2017, cargo que voltou a ocupar em 2022 e deixou em 2024.
Diversos pubs e clubes voltados para o público LGBTQIA+ abriram as portas no país, principalmente na capital Dublin, onde a vida cosmopolita possibilita uma sensação maior de liberdade. Ou seja, há uma vida noturna ativa para a comunidade.
Praticamente todos os pubs de Dublin são conhecidos como “gay friendly”, mas alguns atraem especificamente o público LGBTQIA+.
Entre eles, destaca-se o Panti Bar, um dos mais famosos e bem localizados da capital. Criado pela drag queen Panti Bliss — considerada a mais famosa da Irlanda —, em 2007, o local tem um ar mais tranquilo durante a semana, perfeito para dates, enquanto, no fim de semana, torna-se um pub-balada, com DJs tocando o melhor do pop e eletrônico.
Outro ponto para encontros românticos ou para paquerar é o Street 66. O local serve café da manhã e almoço durante o dia e à noite abre sua minipista de dança para dançar ao som de músicas antigas — de Glória Gaynor, George Michael e Tina Turner, passando por ABBA e Madonna.
Dublin também é uma ótima opção quando o assunto são festas e baladas com muita luz, shows, música e “ferveção”.
O clube gay mais antigo da cidade é o The George, localizado na George Street. Ele existe desde os anos 1980, quando era a única opção LGBTQIA+ na cidade. Hoje, uma “trupe” de drag queens faz apresentações diárias em noites temáticas.
Aos sábados tem karaokê e aos domingos acontece o divertido bingo, que oferece sempre um prêmio em dinheiro ao vencedor. Drags famosas, como as participantes do reality show RuPaul’s Drag Race, frequentemente fazem shows por lá.
Balada certeira para o público gay, principalmente masculino, é a Mother, no Temple Bar. O local recebe ótimos DJs internacionais e funciona aos sábados.
A Dublin Pride Parade é realizada desde 1983, quando aconteceu a primeira edição. Ela foi uma resposta ao que aconteceu com Declan Flynn, homossexual atacado no Fairview Park, em Dublin, e que morreu devido aos ferimentos. O evento durou um dia e teve como objetivo destacar os níveis de violência contra LGBTQIA+ na Irlanda.
Considerada uma das maiores paradas gays da Europa, a Dublin Parade hoje reúne cerca de 30 mil pessoas anualmente, tornando-se o segundo maior evento da capital, perdendo apenas para o St. Patrick’s Festival.
A polícia, que sempre foi tida como inimiga da comunidade LGBTQIA+ no passado, celebrou a Parada em 2019 em Dublin. A Garda coloriu seus carros para trafegar durante o mês de junho.
Além disso, durante todo o mês é possível ver a cidade inteira colorida em apoio à comunidade.
Dublin não é a única cidade da Irlanda a ter uma parada. Em Cork, Galway e outras cidades também realizam o evento, que tem crescido bastante nos últimos anos.
Compare aqui os valores de diversas operadoras de seguro-viagem para viajar com tranquilidade.
A cena cultural gay também tem se expandido na capital. São várias as manifestações de arte com a temática LGBTQIA+. A cidade abriga o Dublin Theatre Gay Festival, um festival internacional de teatro Gay de Dublin, em maio, que celebra escritores irlandeses gays, como Oscar Wilde, entre outros.
O GAZE: Festival Internacional de Cinema LGBT de Dublin acontece em agosto e é um dos mais respeitados do mundo.
A saúde dos LGBTQIA+ na Irlanda é levada a sério. Existem clínicas especializadas e programas que promovem testes laboratoriais gratuitos.
O Gay Men’s Health Service, serviço de saúde voltado ao público gay masculino, é um desses casos. Ele realiza testes de HIV para a comunidade e tem apoio do Programa de Saúde Sexual do HSE, serviço de saúde pública da Irlanda.
Também há testes para doenças sexualmente transmissíveis como clamídia, gonorreia, hepatite B, hepatite C e sífilis feitos pelo SH: 24.
Existem várias associações que auxiliam a comunidade LGBTQIA+ na Irlanda. A principal delas é o LGBT Ireland, que oferece inúmeros serviços de suporte, desde aqueles voltados a jovens como também para os idosos.
O BeLonG To Youth Services é a organização nacional que apoia jovens lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais (LGBTQI+) na Irlanda. Ela trabalha desde 2003 com jovens LGBTQI+, entre 14 e 23 anos. Também oferece um serviço especializado para jovens LGBTQI+, com foco na saúde mental e sexual, juntamente ao apoio a drogas e álcool.
Mesmo com o apoio aos direitos LGBTQIA+ e sendo uma sociedade que prima pelos direitos de todos, a Irlanda parece não conseguir impedir que a homofobia circule por seus limites. Casos de crime de ódio, incluindo a homofobia, vêm crescendo na Irlanda. Isso é o que mostra a CSO (Central Statiscs Office).
Segundo os dados, de 2014 a 2016 esse tipo de agressão mais que dobrou no país. Recentemente, um casal homossexual — um brasileiro e um irlandês — foi agredido a pauladas por um grupo na cidade de Portlaoise, interior da Irlanda.
Existem associações e organizações que auxiliam no caso de violência na Irlanda, principalmente contra a comunidade LGBTQ e estrangeiros.
Agora que você já sabe mais sobre a história LGBTQIA+ na Irlanda, vem com a gente entender como fazer intercâmbio no país. Temos um guia especial sobre intercâmbio na Irlanda aqui no nosso site.
E se você precisa de ajuda para encontrar uma agência de intercâmbios, temos o Orçamento Fácil, que auxilia na comparação de preços em serviços de qualidade.
Agendou as suas tão esperadas férias para novembro e não vê a hora de escolher…
As plataformas de investimento online nada mais são do que um recurso por meio do…
Você já ouviu falar do movimento Movember? Quem convive com irlandeses ou cidadãos da Austrália…
Uma pesquisa recente do LinkedIn, divulgada pela BBC Brasil, revelou os destinos mais procurados por…
O primeiro-ministro irlandês (Taoiseach) Simon Harris anunciou, no último domingo, a criação de uma força-tarefa…
O IRP é a sigla para "Irish Residence Permit", que em português significa "Permissão de…