A violência voltou às ruas da Irlanda do Norte no fim de semana. Segundo a PSNI, polícia do país, ataques aconteceram entre sexta-feira e segunda, em Derry, no interior, e em Carrickfergus, próximo à capital, Belfast.
Carros foram incendiados e coquetéis molotov foram arremessados contra a polícia. Uma fogueira também foi acesa no meio de uma estrada e um protesto foi organizado com participantes mascarados.
Cinco policiais ficaram feridos depois de serem atingidos por coquetéis molotov em Derry. Mais nove policiais também se feriram na noite de segunda-feira em Ballymena, Co Antrim, durante uma desordem em torno de um protesto ilegal.
No total, foram 41 policiais feridos em incidentes em Derry e Belfast no fim de semana.
Regras comerciais aplicadas por conta do Brexit — a saída do Reino Unido da União Europeia — além de novos conflitos entre o Partido Unionista Democrático (DUP) e o Sinn Féin, ambos integrantes do governo de coligação da Irlanda do Norte, teriam sido o estopim dos ataques.
O Sinn Féin e o DUP representam republicanos e unionistas, respectivamente. O primeiro luta pela reunificação da Irlanda do Norte com a República da Irlanda, tornando a ilha toda um país só. O segundo defende a permanência da Irlanda do Norte no Reino Unido.
O Acordo da Sexta-feira Santa, assinado em 1998, deu uma trégua na luta armada entre os dois grupos que durou mais de 30 anos, mas com o Brexit as tensões voltaram à tona.
Os ataques e tumultos foram provocados por gangues de jovens unionistas.
A rixa partidária ocorreu por uma decisão controversa do governo que resolveu não processar 24 políticos do Sinn Féin por compareceram ao funeral em grande escala do líder republicano Bobby Storey, mesmo com as medidas restritas por conta da Covid-19.
A questão do Brexit seria por conta do acordo entre Londres e a União Europeia que impôs o controle aduaneiro de mercadorias entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido.
Ele foi criado como forma de evitar que houvessem controles entre as duas Irlandas, já que a República da Irlanda segue na UE e a Irlanda do Norte, não. A questão da fronteira, inclusive, foi decisiva para o Acordo de Sexta-Feira Santa e o novo acordo mantém o que foi decidido há 23 anos.
Os unionistas, porém, defendem o abandono do acordo. A própria primeira-ministra da Irlanda do Norte, Arlene Foster, criou uma petição para acabar com o protocolo da Irlanda do Norte.
Arlene Foster, que é líder do partido unionista, condenou a violência e a perturbação.
“Falei com alguns trabalhadores da juventude em toda a Irlanda do Norte e eles me expressaram que parte da questão, não tudo, mas parte dela é o fato de que não há centros juvenis abertos no momento devido às restrições da Covid. Pedi ao Executivo para olhar para isso com urgência e para obter esses centros juvenis abrir imediatamente … para que esses jovens possam estar fora das ruas e sair de algumas influências malignas que estão em nossa sociedade”, disse ela.
Ela disse entender a raiva por conta do “status especial” dado ao Sinn Féin já que todos estão sofrendo as consequências das restrições por causa da Covid-19, mas ela disse “aos jovens que estão com raiva neste momento” que “não arrumem um registro criminal”.
“Isso vai arruinar sua vida para o resto de sua vida, você não poderá ir de férias para onde deseja ir. Então, por favor, desista da violência.”
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