Para falar sobre Irlanda e Irlanda do Norte é preciso, literalmente, viajar no tempo! Na verdade, é necessário voltar em 1921, quando os dois territórios foram oficialmente separados, a Irlanda do Norte deixou de pertencer à Irlanda e passou a fazer parte do Reino Unido.
Essa divisão foi resultado de anos de conflitos religiosos, políticos e econômicos entre irlandeses e britânicos, além de momentos de violência entre os dois países.
No entanto, após anos de rivalidade, ambos os territórios assinaram um Tratado de Paz e, atualmente, mantêm uma relação estável: nada de guerras, porém sem grandes amizades.
Quer saber qual é a diferença entre a Irlanda e Irlanda do Norte?
Então, continue lendo…
Não, não são o mesmo país! A República na Irlanda tem 84 421 km² de extensão, 4,904 milhões habitantes e vive em uma democracia parlamentar, com primeiro-ministro e presidente.
A Irlanda do Norte, por outro lado, não é um país independente. Ela pertence ao Reino Unido, como a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales. O seu território é de 14,130 km² de extensão e, por lá, vivem 1,8 milhão de habitantes. O país é governado por um sistema parlamentar e uma monarquia constitucional, tendo como chefe de Estado a rainha Elizabeth II.
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As disputas religiosas sempre foram os principais motivos de boa parte dos desentendimentos entre irlandeses e britânicos. Os imigrantes, que partiam de outros lugares do Reino Unido para viver na Irlanda, eram majoritariamente protestantes, enquanto os irlandeses seguiam o catolicismo. E foi assim que se formaram dois grupos de interesses completamente opostos e também em regiões opostas, sul e norte.
O clima de rivalidade durou até o século passado, quando o parlamento inglês criou duas regiões com autogoverno limitado na Ilha: a da Irlanda do Norte, com predomínio britânico e de protestantes, e a dos condados restantes.
A Irlanda, com maioria católica, com o tempo foi se tornando ainda mais independente da Inglaterra. Toda a história da Irlanda e Irlanda do Norte pode ser entendida com ainda mais detalhes no site History Ireland.
Você sabia que, em 1845, uma praga biológica se alastrou pelas plantações de batata da Irlanda, principal alimento da época? Esse acontecimento prejudicou inúmeros comerciantes e, consequentemente, milhares de famílias irlandesas ficarem sem ter o que comer.
A situação marcou a história da Irlanda e o relacionamento conflitante com o Reino Unido, ficando conhecida como “ A Grande Fome”.
Afinal, mesmo com algumas medidas emergenciais tomadas pelo governo britânico para socorro, a fome se espalhou pelo país e as condições se agravaram, até que não foi mais possível arcar com os preços dos aluguéis.
O resultado? Muitas pessoas, em sua maioria católicos, foram proibidos de adquirir terras pelo governo britânico e foram despejados e obrigados a abandonarem suas terras.
Durante o século XIX, o descontentamento estendeu-se para todos os setores da sociedade irlandesa, dando vida a um importante movimento nacionalista de independência da Irlanda.
Depois de prolongados esforços para conseguir a autonomia do país, em 6 de dezembro de 1921, foi assinado um tratado pelo qual a Irlanda tornou-se estado livre, mas ainda sob domínio inglês.
A independência oficial da Irlanda ocorreu somente em 1937, por meio da promulgação da Constituição Irlandesa.
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Apesar da independência da Irlanda ser relativamente jovem e ter ocorrido oficialmente em 1937, há menos de 100 anos, esse importante acontecimento também desencadeou novos conflitos, dessa vez entre os sindicalistas, que são aqueles que defendem a permanência da Irlanda do Norte no Reino Unido, e os nacionalistas (republicamos), que reivindicam para que o país deixe de pertencer ao Reino Unido e torne-se independente à República da Irlanda.
A tensão entre os dois lados se tornou violenta a partir dos anos 1960, seguindo até os anos 1990, com muitos combates entre grupos armados de ambos os lados e resultando em diversas mortes, infelizmente.
Um dos episódios mais conhecidos da violência entre republicanos e sindicalistas foi em 1972, quando 14 pessoas foram mortas por tropas britânicas durante uma marcha pacífica pelos direitos civis, liderada por católicos e republicanos em Londonderry. Esse dia foi conhecido como “Domingo Sangrento” e inspirou a canção Sunday Bloody Sunday, da banda irlandesa U2.
Os embates continuaram até os anos 1990, quando o Exército Republicano Irlandês anunciou uma trégua. Nesse período, ambos os grupos começaram a discutir como resolver os problemas na Irlanda do Norte. Após décadas de conflitos e dois anos de negociação, o Acordo da Sexta-feira Santa foi assinado, em 1998.
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O Acordo da Sexta-feira Santa foi um importante laço de paz construído há 22 anos entre a Irlanda e Irlanda do Norte, após décadas de conflitos. O acordo foi assinado na Sexta-feira Santa de 1998 e promoveu uma trégua entre os governos britânico e irlandês e os partidos políticos da Ilha Esmeralda e garante direitos e deveres das duas Irlandas em relação a diversos patamares sociais e políticos.
O Acordo da Sexta-feira Santa foi justamente a ideia de estabelecer um governo novo e descentralizado para a Irlanda do Norte, no qual sindicalistas e nacionalistas dividissem o poder.
Além disso, também constituiu que só a população poderia decidir se a Irlanda do Norte seguiria parte do Reino Unido ou se juntaria à República. Com isso, foi acordado que não haveria mudança sem o consentimento da maioria.
Ou seja, uma possível mudança poderá ocorrer no futuro, apenas por meio de referendo a curto, médio ou longo prazo. Porém, o futuro ainda é incerto. A torcida, nesse momento, é de que a paz continue reinando em toda a Ilha.
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Sim, é possível! Na verdade, pesquisas realizadas no início de 2020 pelo The Times apontaram que os irlandeses têm esse desejo, e um referendo poderá acontecer nos próximos anos.
Segundo o The Times, mais de 40% das pessoas que participaram da pesquisa afirmaram ver uma Irlanda unida já na próxima década, enquanto outros 19% querem que a unificação aconteça dentro de 20 anos.
Outros 12% querem a união nos próximos 30 anos e mais 8% se contentariam que isso ocorresse daqui três décadas. Foram apenas 20% dos irlandeses se opondo à ideia das duas Irlandas reunidas novamente.
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No entanto, a única certeza é que, por meio de um referendo realizado tanto na República da Irlanda quanto na Irlanda do Norte, autorizado pelo governo britânico, poderá ser decidida a questão da reunião dos dois territórios.
Mas enquanto essa união não acontece, habitantes da Irlanda do Norte, mesmo parte do Reino Unido, podem se identificar como “british” ou “irish”.
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